10.03.2020 - Nota de www.rainhamaria.com.br
Publicado no site em 14.04.2019
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Somos reacionários? Não, se por reacionários entendemos os espíritos amuados, sempre ocupados em lamentar o passado, o antigo regime, a Idade Média. “Ninguém, bem dizia o bom Nicodemos, pode retornar ao ventre de sua mãe para nascer novamente”; sabemo-lo muito bem, e não desejamos o impossível.
Sim, somos reacionários, se se entende por isso os homens de fé e de coração, católicos antes de tudo, que não transigem nenhum princípio, não abandonam nenhuma verdade, respeitando, em meio às blasfêmias e ruínas revolucionárias, a ordem social estabelecida por Deus, decididos a não recuar um passo sequer diante das exigências de um mundo pervertido, e guardando como um dever de consciência a reação anti-revolucionária.
Dizemo-lo a toda hora, a Revolução é o grande perigo que ameaça a Igreja hoje. Seja o que digam os mistificadores, este perigo está às nossas portas, no ar que respiramos, em nossas ideias íntimas. À véspera de grandes catástrofes, sempre se encontram estes incompreensíveis cegos, surdos e mudos, que querem nada ver, nada compreender. “Está tudo bem, dizem eles; o mundo jamais foi tão esclarecido, a fortuna pública tão próspera, o exército tão bravo, a administração melhor organizada, a indústria mais florescente, as comunicações mais rápidas, a pátria mais unida”. Eles não enxergam, não querem ver que esta ordem material acoberta uma profunda desordem moral, e que a mina prestes a desabar é a base do edifício. Mistificados e mistificadores, eles abandonam a defesa, deixam-na aos demais e oferecem à Revolução a Igreja desarmada.
Todavia, é mais claro que o dia, a Revolução é o anticristianismo que chama a si todas as forças inimigas da Igreja: incredulidade, protestantismo, cesarismo, galicanismo, racionalismo, naturalismo, falsa política, falsa ciência, falsa educação: “Tudo isto é meu, tudo é obra minha, brada a Revolução; marchemos todos contra o inimigo comum! Não mais o papa, nem a Igreja; enfraquecimento do julgo católico, emancipação da humanidade!”.
Eis o terrível adversário contra o qual cada cristão é obrigado a reagir, como nós já dizemos, com toda a energia que dá o amor de Deus, unido ao verdadeiro patriotismo. Eis o inimigo comum; ele vai vencer ou perder.
Como venceremos? Primeiramente, repito, não se acobardando. Um cristão, um católico, um homem honesto não deve temer senão a Deus. Ora, Deus está conosco, e estamos certos de vencer cedo ou tarde. Talvez será necessário o sangue como aos primeiros séculos, o sangue e as humilhações e sacrifícios de todo gênero; seja. Mas nós terminaremos por vencer: “Tenham confiança, eu venci o mundo: Confidite, ego vici mundum!”.
Em segundo lugar, devemos pôr a serviço da grande causa todas as influências, todos os meios dos quais podemos dispor. Se, pela nossa posição social, podemos exercer uma grande ação sobre a sociedade, seja por nossa escrita, seja por outro meio legítimo, não faltemos ao nosso dever católico de homem público. Façamos o bem numa maior escala possível.
Se só podemos exercer uma ação individual e restrita, evitemos crer que esta influência está perdida em meio a um turbilhão. O oceano é formado de gotas reunidas, e foi convertendo os indivíduos que a Igreja teve êxito, após três séculos de uma indubitável paciência, a converter, a transformar o mundo. Façamos o mesmo; frente à Revolução, universal como o paganismo d´outrora, procuremos, mesmo individualmente, “o reino de Deus e sua justiça, e todo o resto nos será dado abundantemente”. Jovens, homens feitos, idosos, crianças. Mulheres, meninas; ricos, pobres; padres, laicos, quem quer que sejamos, trabalhemos com confiança, e façamos a obra de Deus; se o mundo se enche de santos, se a maioria dos membros que compõe a sociedade torna-se profundamente católica, a opinião pública reformará por si e sem abalos esta sociedade que perde-se, e a Revolução desaparecerá.
Tenhamos para o bem a energia que a Revolução emprega para o mal. Nós queremos-lo dizer a toda hora aos filhos das trevas: “O trabalho que nós temos empreendido não é obra de um dia, nem de um mês, nem de um ano; ele pode durar muitos anos, um século talvez; mas em nossas posições, o soldado morre e o combate continua. Não nos acovardaremos nem por um choque nem por um revés; é de derrota em derrota que alcançaremos a vitória”.
Filhos da luz, tomem esta regra para vós, e apliquem-na com o zelo do amor. A Igreja é pobre: vós sois ricos, dai-a vosso ouro; vós sois pobres: parti com ela vosso pão. A Igreja é atacada com armas em punho: um sangue generoso corre pelas vossas veias; oferecei vosso sangue. A Igreja é indignamente caluniada: vós possuís uma voz, faleis; uma pena, escreveis para sua defesa. A Igreja está abandonada, traída por aqueles que se dizem seus filhos. Sua confiança está em Deus somente: implorai por vossas preces o auxílio do alto. Que nossa divisa para todos seja a bela palavra de Tertuliano: “Hoje todo católico deve ser soldado: In his omnis homo miles”.
"Labora sicut bonus miles Christi" (II Timóteo 2, 3).
"Trabalha como um bom soldado de Cristo".
Antes de tudo, é preciso, no século em que vivemos, se moldar com cuidado o espírito e a inteligência; é necessário apoiar sua vida sobre os princípios puramente católicos, a fim de não serem levados, como tantos outros, por todo alento de doutrina. Quase todos os jovens que se assentam nas ideias liberais e revolucionárias carecem de princípios refletidos e sérios cuja fé seja inamovível neste ponto de partida. Uma terrível responsabilidade pesa desta feita nos homens encarregados de instruir a juventude; há muito tempo a educação e o ensino são o berçário secreto da Revolução.
Prestemos atenção às nossas leituras. Há poucos livros bons, livros verdadeiramente puros em matéria de princípios, sobretudo de princípios políticos e sociais. Quase todos desconhecem totalmente a missão social da Igreja; ou repudiam-na, ou não se dignam a comentá-la. Não tendo mais, como ponto de partida, que a autoridade divina, eles são forçados a fazer tudo se basear somente no homem; sobre o soberano, se são monarquistas, e é o absolutismo ou o cesarismo; se forem democratas, sobre a soberania do povo, e é a Revolução propriamente dita. Duma ou d´outra parte, erro fundamental, princípio social anticristão. Os mais perigosos destes livros, pelo menos para os leitores honestos, não são os panfletos explicitamente ímpios; são antes os livros de falsa doutrina moderada, que concordam com a Igreja num certo aspecto. 1789 é mais perigoso que 1793.
Desconfiai sobretudo dos livros de história. Há poucos anos apenas, uma feliz reviravolta valeu-nos algumas obras preciosas que há pouco bastaram para dissipar os preconceitos e os erros. Há três séculos a história foi transformada pelos ódios protestantes, e mais tarde pelo voltairianismo, numa verdadeira máquina de guerra contra o cristianismo. Ela tornou-se, disse o conde de Maistre, “numa conspiração permanente contra a verdade”.
O que é verdadeiro para os livros aplica-se aos jornais, esta peste pública que envenena o mundo inteiro. Quase todos são os campeões juramentados ou secretos da Revolução. Nada é mais perigoso que a leitura de um jornal não-católico; repetido a cada dia, ela insinua-se pronta e profundamente nas cabeças mais sólidas, e termina por falsear seu julgamento. Suplico-vos, não crediteis nenhum destes folhetins, e menos ainda a aqueles que cobrem suas más doutrinas duma máscara de honestidade, e se pretendem conservadoras. “Não há água pior que aquela que estagna”.
Enfim, recomendo aos jovens uma instrução religiosa muito forte e sólida. Não ouso falar-lhes da Suma de Santo Tomás, obra-prima incomparável, resumindo, numa magnífica ordem, toda a doutrina religiosa, toda a tradição católica; as inteligências tanto se degradaram, desde que a fé não sustenta mais a razão, que esta não está em condições de compreender hodiernamente o que este grande Doutor oferecia aos estudantes da Idade Média como “leite para os iniciantes!”.
As luzes do espírito não bastam; é necessário por outro lado a santidade do coração. Todo homem que quer reagir seriamente contra o mal que nos devora deve viver na verdade cristã, levar uma vida pura, inocente, distante do mundo, e animada do espírito do Evangelho; ele deve rezar muito, comungar freqüentemente, e buscar em suas fontes vivas a verdadeira vida cristã e católica. Os homens de fé, de oração e caridade possuem o segredo das grandes vitórias.
Tal deve ser a nossa reação contra a sedução dos falsos princípios e contra o arrebatamento universal. Tal é nosso dever a todos, dever pelo qual prestaremos contas a Deus quando aparecermos diante Dele. Este dever diz respeito antes de tudo àqueles que direta ou indiretamente encarregam-se das almas: os pastores da Igreja, os bispos e os padres, os doutores do povo cristão, incumbidos por Deus do cuidado de instruir os homens de todos os seus deveres, e de proteger-lhes contra as ciladas da mentira; os chefes de Estado, que devem, como já vimos, velar pela salvação dos povos, facilitando à Igreja sua missão redentora; os pais e as mães, cujo ministério consiste antes de tudo fazer de seus filhos cristãos sólidos e homens devotados.
Que Deus bendiga nossos esforços! e que o mundo, uma vez mais, seja salvo pelos cristãos!
Mons. Louis-Gaston de Ségur
Retirado de La Révolution expliquée aux jeunes gens, capítulo 23, 1861.
Tradução: Permanência - via: catolicosribeiraopreto.com
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
"Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever" (Efésios 6, 13).
Prece de São Luís Maria Grignon de Montfort, pedindo a Deus missionários:
"Senhor, Vossa Divina fé é transgredida; Vosso Evangelho desprezado; abandonada Vossa religião; torrentes de iniquidade inundam toda a terra. Quase nenhum soldado se alistará em Vossas fileiras, cheio de zelo pela Vossa glória? Ah! permiti que brade por toda parte: fogo, fogo, fogo! socorro, socorro, socorro! Fogo na casa de Deus! fogo nas almas, fogo até no santuário! Socorro, que assassinam nosso irmão! socorro, que degolam nossos filhos! socorro que apunhalam nosso bom Pai! Si quis est Domini, iungatur mihi: venham todos os bons sacerdotes que estão espalhados pelo mundo cristão, os que estão atualmente na peleja, e os que se retiraram do combate para se embrenharem pelos desertos e ermos, venham todos esses bons sacerdotes e se unam a nós. Vis unita fit fortior, para que formemos, sob o estandarte da Cruz, um exército em boa ordem de batalha e bem disciplinado, para de concerto atacar os inimigos de Deus. Erguei-Vos, Senhor: por que pareceis dormir? Erguei-Vos em todo o Vosso Poder, em toda a Vossa Misericórdia e Justiça, para formar-Vos uma companhia seleta de guardas que velem a Vossa Casa, defendam Vossa Glória e salvem tantas almas que custam todo o Vosso Sangue".
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