18.09.2019 -
O que pretende o Sínodo da Amazônia? O seu documento preparatório (Instrumentum laboris) encontra-se disponível e seu conteúdo é alarmante, pois propõe um rompimento com os ensinamentos tradicionais da Igreja Católica em pontos fundamentais e imutáveis, inclusive alterando a doutrina católica para adaptá-la a uma nova realidade.
Os temas incluem desde o modelo de desenvolvimento da região até o celibato sacerdotal, propostas ecológicas e panteístas,a ponto de chamar a atenção do público, mesmo dos não católicos. Os organizadores desse Sínodo pretendem utilizá-lo para lançar uma nova Igreja – mistura de cristianismo e paganismo indígena – dedicada ao culto panteísta da “mãe-terra”, com a preservação da mata virgem e a promoção do tribalismo comunitário, como alternativa à sociedade industrializada, consumista e predatória do meio ambiente.
Pregam uma nova ordem social, fundamentada na organização tribal, pois o índio vive num sistema de comunidade de bens no qual não há patrões, salários etc. Somente a tribo prevalece, observando quase todas as liberdades individuais. Muito diferente do conceito católico tradicional de missões, o objetivo dessa nova missiologia não é a evangelização dos povos e a salvação das almas, mas a criação de uma nova ordem social.
Exemplo disso provém de um missionário italiano responsável pelo Instituto de Missões Consolata em terras dos índios ianomâmis. Em entrevista a um portal espanhol, ele se gabou de dirigir “uma missão na qual há 60 anos ninguém foi batizado”.
O documento preparatório
O documento preparatório contido no Instrumentum laboris do Sínodo apresenta grandes mudanças. Nele, passagens da Bíblia são substituídas por trechos da National Academyof Science. Em vez de textos religiosos, ele se utiliza de referências científicas. Para os seus autores — que fazem um apelo em prol de um novo modelo econômico sustentável, ancorados na falsa tese de que o homem é o responsável pelo aquecimento global —, as mudanças climáticas são consideradas uma realidade, daí a importância da Amazônia para o planeta.
O “mea culpa” do Papa Francisco
Outra observação que flui do texto divulgado é a posição do Vaticano em relação ao passado colonial da Amazônia. Ao fazer referências às atitudes da Igreja ao longo do século XX para superar seu envolvimento com os conquistadores, o documento afirma que o Papa Francisco “pediu humildemente perdão, não só pelas ofensas da própria Igreja, mas também pelos crimes contra os povos nativos durante a chamada conquista da América”.
O texto ainda assevera, numa linguagem para iniciados, que “no passado a Igreja foi cúmplice dos colonizadores, sufocando a voz profética do Evangelho. Muitos dos obstáculos a uma evangelização dialógica e aberta à alteridade cultural têm um cunho histórico e se escondem por detrás de certas doutrinas petrificadas”.
E vai ainda mais longe: “O anúncio de Cristo se realizou em conivência com os poderes que exploravam os recursos e oprimiam as populações. Mas agora a Igreja considera que até tem a oportunidade de se diferenciar das potências colonizadoras, ouvindo os povos amazônicos para poder exercer com transparênciaseu papel profético”.
Aprender com os povos da Amazônia
Os textos apresentam a região como uma reserva de vida e sabedoria para o planeta: “Os povos amazônicos originários têm muito a nos ensinar. Reconhecemos que desde há milhares de anos eles cuidam de sua terra, da água e da floresta, e conseguiram preservá-las até hoje a fim de que a humanidade possa beneficiar-se do usufruto dos dons gratuitos de Deus”.
E completam: “Os novos caminhos da evangelização devem ser construídos em diálogo com estas sabedorias ancestrais em que se manifestam a sementes do verbo. A Igreja quer aprender a dialogar e responder com esperança e alegria aos sinais dos tempos junto aos povos da Amazônia”.
Para os referidos documentos, tal cenário “exige uma Igreja com capacidade de discernimento e audácia face aos atropelos dos povos e à destruição de seus territórios, que responda sem demora ao clamor da terra dos pobres. É o momento de ouvir a voz da Amazônia, de responder como Igreja profética e samaritana”.
Os textos sugerem uma “conversão ecológica” e apresentam sugestões sobre como tratar os povos tradicionais, “para evitar a repetição dos erros do passado, recuperar mitos e atualizar ritos e celebrações comunitárias que contribuam para o processo e conversão ecológica”.
Como sugestões de ação, os documentos apontam a necessidade de que o Sínodo estabeleça normas para incentivar os religiosos na região a “desmascarar as novas formas de colonialismo presentes na Amazônia e que deveriam identificar as novas ideologias que justifiquem o ecocídio amazônico”.
As doutrinas da nova neomissiologia
Contrário à concepção católica tradicional das missões, esta corrente ideológica de missionários, indigenistas, ecologistas, antropólogos e pseudo-historiadores pregam o desmantelamento da sociedade atual e a volta à taba. Com efeito, o objetivo dessa corrente não é a evangelização dos infiéis e a salvação das almas, mas a criação de uma nova ordem para a sociedade. Ela aponta como adversário o egoísmo, que opera uma inversão entre o indivíduo e a sociedade.
Tal inversão dar-se-ia na medida em que o homem, rompendo sua inteira vinculação com a coletividade, toma por meta criar para si uma situação fruitiva, apropriativa e competitiva. O egoísmo geraria assim uma estrutura injusta, com privilégios, desigualdades, alienações e marginalizações que precisaria ser desmantelada.
Para os fautores dessa ideologia, o índio é um sábio, e sua organização tribal o modelo a ser seguido pelos civilizados. — Razão? As analogias entre a vida tribal e a vida utópica da sociedade comunista: comunidade de bens, ausência completa de lucro, de capital, de salários, de patrões, de empregados e de instituições de qualquer espécie. Só a tribo prevalece com as pessoas vivendo satisfeitas e sem problemas, pois são despojadas de seu “eu”, de seu “egoísmo”.
Segundo esses “missionários”, o Evangelho já impregna completamente a vida tribal, não sendo, pois, necessário anunciá-lo aos indígenas. A meta do missionário “atualizado” é livrar o índio do “contágio” da civilização, imposto pelos colonizadores e missionários de outrora.
Quem está por trás das agitações
(O presidente francês Macron recebe índios brasileiros, que são dirigidos por ONGs internacionais)
Nosso mundo ainda se lembra das ruínas econômicas, psicológicas e morais deixadas desmantelamento do império soviético. Agora, no entanto, deparamo-nos aqui na América com uma surpresa: um comunismo tribal a ressurgir de suas cinzas e ameaçar a civilização. Desde as neves do Canadá até o sul do Chile, surgem organizações indígenas que se agitam, formam federações e confederações por cima das fronteiras dos respectivos países.
No Brasil, onde são no máximo 800 mil, a agitação entre eles é praticamente inexistente, mas uma pressão internacional vem criando um caso ciclópico para o problema deles… E não é por coincidência que aparece nessa esteira a corrente de ideólogos a propor nova utopia. São teólogos da libertação migrados da ortodoxia marxista para o ecotribalismo, e antigas organizações comunistas travestidas de verde. São antropólogos e falsos historiadores ligados a ONGs devidamente inscritas na ONU.
Na verdade, apresentando-se como vanguardeiros, eles recuam indefinidamente nos séculos para fazer apologia da tribo primitiva e pagã como modelo supremo da organização humana para o século XXI… Já na década de 70, nas selvas brasileiras, alguns bispos por meio do Conselho Indigenista Missionário e da Comissão Pastoral da Terra davam os primeiros passos nessa direção. Denunciou-os na época, com lúcida antevisão, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra Tribalismo Indígena – Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI.
Com quatro décadas de antecedência, o arguto pensador católico vislumbrou os sintomas nascentes. E com sua costumeira clarividência, lastreado em vasta documentação, traçou a fisionomia ideológica da corrente comuno-tribalista que hoje tenta tomar ares de cidadania.
Visto em: www.abim.inf.br
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