08.06.2019 -
Na festividade de São João Evangelista de 1673, uma menina de vinte e cinco anos, a Irmã Margarida Maria, recolhida em oração diante do Santíssimo Sacramento, teve o singular privilégio da primeira manifestação visível de Jesus, que se repetiria por outros dois anos, todas as primeiras sextas-feiras do mês.
Em 1675, durante a oitava do Corpus Domini, Jesus manifestou-se-lhe com o peito aberto e, apontando com o dedo seu coração, exclamou:
"Eis o Coração que tanto amou os homens a ponto de nada poupar até se exaurir e se consumir para demonstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles, pelas suas irreverências e seus sacrilégios, e pelas friezas e os desprezos que têm para comigo neste sacramento de amor.
Mas aquilo que ainda é para mim mais doloroso é que são corações que me são consagrados que me tratam assim."
Santa Margarida Maria de Alacoque teve extraordinárias revelações por parte de Jesus Cristo, que a incumbiu pessoalmente de divulgar e propagar no mundo esta piedosa devoção. Jesus deixou doze grandes promessas às pessoas que, aproveitando-se da Sua Divina Misericórdia, participassem das comunhões reparadoras das primeiras sextas-feiras:
1. Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado de vida.
2. Estabelecerei a paz nas suas famílias.
3. Abençoarei os lares onde for exposta e honrada a imagem do Meu Sagrado Coração.
4. Hei-de consolá-los em todas as dificuldades.
5. Serei o seu refúgio durante a vida e em especial na hora da morte.
6. Derramarei bênçãos abundantes sobre todos os seus empreendimentos.
7. Os pecadores encontrarão no Meu Sagrado Coração uma fonte e um oceano sem fim de Misericórdia.
8. As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.
9. As almas fervorosas ascenderão rapidamente a um estado de grande perfeição.
10. Darei aos sacerdotes o poder de tocarem os corações mais empedernidos.
11. Aqueles que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no Meu Sagrado Coração e d’Ele nunca serão apagados.
12. Prometo-vos, no excesso de Misericórdia do Meu Coração, que o Meu Amor Todo-Poderoso concederá, a todos aqueles que comungarem na Primeira Sexta-Feira de nove meses seguidos, a graça da penitência final; não morrerão no Meu desagrado nem sem receberem os Sacramentos: o Meu Divino Coração será o seu refúgio de salvação nesse derradeiro momento.
Depois das revelações em França, foi de Portugal que chegou até ao Vaticano o pedido para a Consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus.
A condessa alemã Maria Droste zu Vischerig, depois Irmã Maria do Divino Coração em Portugal, ofereceu-se como vítima de expiação pelo país e seu clero, que vivia uma grande desordem. Nesse tempo, as promessas de Paray-le-Monial (Santa Margarida Maria Alacoque) estavam quase esquecidas…
Nas Suas revelações à Irmã Maria do Divino Coração Droste zu Vischering, Jesus apresentou-lhe duas grandes e prodigiosas promessas:
Promessa de graças por intercessão da Irmã Maria do Divino Coração
"Fica sabendo, Minha filha, que da caridade do Meu Coração, quero fazer descer torrentes de graças através do teu coração para dentro do coração dos outros. É esta a razão porque hão-de dirigir-se com confiança a ti; não são as tuas qualidades, mas sou Eu mesmo a causa disso. Nunca ninguém que se encontrar contigo se afastará sem que a sua alma seja de qualquer maneira consolada, aliviada ou santificada, ou sem haver recebido alguma graça, nem até o mais endurecido pecador… dele depende aproveitar-se desta graça."
Promessa de graças a conceder na Igreja do Sagrado Coração de Jesus
«Há muito tempo, como sabe, desejo construir no terreno do Bom Pastor uma Igreja. Indecisa sobre a invocação da mesma, rezei e consultei muitas pessoas sem chegar a qualquer conclusão. Na primeira Sexta-feira deste mês, pedi a Nosso Senhor que me iluminasse. Depois da Sagrada Comunhão, Ele disse-me: – "Quero que a Igreja seja consagrada ao Meu Coração. Deves erigir aqui um lugar de reparação; por Minha parte, será um lugar de graças. Distribuirei copiosamente graças a todos os habitantes desta casa [o Convento], os que nela vivem, os que nela viverão, e até às pessoas das suas relações." Depois disse-me que queria esta Igreja, sobretudo, como lugar de reparação pelos sacrilégios e para obter graças para o clero.»
Em Roma, o Grande Papa Leão XIII era já de avançada idade. O seu pontificado tinha sido glorioso, mas faltava-lhe uma última pérola para a sua coroa de glória. Diz-se que ele próprio tinha recebido a inspiração directamente do Céu, mas não se atrevia a levá-la a cabo. Por isso, o Coração de Jesus renovou o pedido, já feito no íntimo de Leão XIII, à Irmã Maria do Divino Coração: a Consagração de todo o género humano ao Sagrado Coração de Jesus.
Maria do Divino Coração, nas cartas que escreveu ao Santo Padre sobre a necessidade da Consagração do mundo ao Coração de Jesus, não deixou de pedir que Sua Santidade reavivasse no espírito dos católicos a prática das Primeiras Sextas-Feiras.
Já no Séc. VI, o Papa São Gregório Magno († 604 AD) disse: "Aprendei do Coração de Deus e nas próprias palavras de Deus, para poderdes aspirar ardentemente às coisas eternas."
Santa Gertrudes, a Grande (1256-1302), compôs esta Oração expressando o seu Amor: "Eu Vos saúdo, ó Sagrado Coração de Jesus, Fonte viva e vivificante de Vida Eterna, Tesouro infinito da Divindade, Fornalha Ardente do Amor de Deus…".
O Papa Leão XIII disse que a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus era "uma forma por excelência de religiosidade (…) Esta devoção, que recomendamos a todos, será para todos proveitosa." – "No Sagrado Coração está o símbolo e a imagem expressa do Amor Infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-Lhe esse Amor."
Ainda, mais tarde, o Papa Pio XII - "A fim de que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus produza frutos mais abundantes na família cristã e ainda em toda a humanidade, procurem os fiéis unir a ela a devoção ao Coração Imaculado da Mãe de Deus."
Leão XIII não só fez a Consagração do mundo em 11 de Junho de 1899, como ordenou antes um Tríduo durante o qual foram cantadas as Ladainhas do Coração de Jesus, doravante em pé de igualdade com as do Santíssimo Nome de Jesus. Escreveu igualmente uma Encíclica, chamada Annum Sacrum, promulgada dias antes da consagração, a 25 de maio, com o anúncio oficial da consagração:
"E uma vez que existe no Sagrado Coração um símbolo e uma imagem sensível do amor infinito de Jesus Cristo, que nos move a pagar amor com amor, é tanto mais conveniente consagrar-se ao Seu Sacratíssimo Coração - um acto que é nada mais do que uma oferta e uma ligação de si mesmo a Jesus Cristo, visto que toda a honra, amor e veneração que é dada a este divino Coração é real e verdadeiramente dada ao próprio Cristo."[1]
"Tal acto de consagração, uma vez que pode estabelecer ou esboçar mais estreitamente os laços que ligam naturalmente as nações com Deus, dá aos Estados a esperança de coisas melhores. Nestes últimos tempos, especialmente, a política tem feito de tudo para levantar uma espécie de parede entre a Igreja e a sociedade civil. Na constituição e administração dos Estados, a autoridade da sagrada e divina lei tem sido absolutamente desconsiderada, com o objectivo de fazer com que a religião não tenha parte constante na vida pública. Esta política quase tende à remoção da fé cristã do nosso meio, e, se isso fosse possível, ao banimento do próprio Deus da terra."[2]
"Daí deriva a violência dos males que, há tempo, estão implantados entre nós, e que reclamam urgentemente que busquemos a ajuda do único que tem poder para os afastar. E quem pode ser este senão Jesus Cristo, o filho unigénito de Deus? Pois "em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (Actos 4,12). Cumpre recorrer a Ele, que é o caminho, a verdade e a vida"[3]:
«Ó Dulcíssimo Jesus, ó Redentor do género humano, lançai um olhar sobre nós, humildemente prostrados diante do vosso Altar! Somos vossos e vossos queremos ser; e para podermos viver mais estreitamente unidos a Vós, eis que cada um de nós se consagra ao vosso Sacratíssimo Coração. Muitos, porém, já não vos conhecem; muitos, ao desprezar os vossos Mandamentos, repudiam-Vos. Ó Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros; e atraí todos ao vosso Coração Santíssimo.
Ó Senhor, sede o Rei não só dos fiéis que não se distanciaram de Vós, mas também destes filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei com que estes retornem à Casa Paterna o quanto antes para não morrerem de miséria e fome. Sede o Rei de todos os que vivem no engano do erro ou que por discordarem de Vós se separaram; chamai-os ao Porto da Verdade e da Unidade da Fé para que assim, em breve, não haja mais que um só rebanho sob um só Pastor.
Sede finalmente o Rei de todos os que estão envoltos nas superstições do paganismo e não recuseis tirá-los das trevas para traze-los à Luz do Reino de Deus.
Obtende, ó Senhor, a integridade e liberdade segura para a vossa Igreja; dai a todo o povo a tranquilidade da ordem; fazei com que de uma extremidade à outra da Terra ressoe esta única voz: “Seja louvado este Coração do qual provém a nossa salvação! A Ele a Honra e a Glória pelos séculos! Ámen!”» (Fórmula da Consagração de toda a humanidade ao Sagrado Coração de Jesus - Leão XIII)
Cor Iesu Sacratissimum, miserere nobis!
Notas:
[1] Leão XIII, Carta enc. Annum Sacrum DE HOMINIBUS SACRATISSIMO CORDI IESU DEVOVENDIS, p. 8
[2] Leão XIII, Carta enc. Annum Sacrum DE HOMINIBUS SACRATISSIMO CORDI IESU DEVOVENDIS, p. 10
[3] Leão XIII, Carta enc. Annum Sacrum DE HOMINIBUS SACRATISSIMO CORDI IESU DEVOVENDIS, p. 11
Fonte: senzapagare.blogspot.com via www.rainhamaria.com.br
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