Lembrando os moradores de rua contam histórias de vida e motivos para estarem nas ruas: Somos todos invisíveis. Nossa presença não faz diferença para ninguém


25.09.2018 - Nota de www.rainhamaria.com.br

Artigo publicado no site em 05.08.2015

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 "Somos todos invisíveis. Nossa presença não faz diferença para ninguém, apenas para aqueles que passam por nós e sentem medo ou raiva. Acham que todos são vagabundos, mas estão enganados. Eu sou um homem de bem, de família, estou aqui de passagem, apenas por acaso".

Essas são as palavras de um homem que vive há dois anos nas ruas da Serra, na Grande Vitória. Por vergonha da situação, ele preferiu não se identificar, mas resolveu contar a um pouco de sua história.

Além dele, outros moradores de rua tiveram coragem para contar ao G1 os motivos que os levaram a viver sob marquises, sem amparo de um amigo, família e até mesmo do poder público.

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Quando a equipe de reportagem se aproximou e disse que faria companhia ao grupo ao longo da noite, até o dia clarear, muitos se espantaram, outros duvidaram e alguns se aproximaram. A final, não é sempre que eles recebem visitas, além daqueles que chegam para ficar.

A equipe precisava de um tempo para ganhar a confiança e saber mais sobre eles. Um, bem exaltado, logo avisou que não queria aparecer em nada. Este foi logo contido e acalmado pela maioria.

A reportagem foi convidada a ver televisão. Um 'gato' de energia elétrica possibilitava o grupo, de mais de 60 pessoas, a ter esta 'mordomia'. "Precisamos saber o que está acontecendo no mundo", brincou um morador ao ser questionado sobre a energia elétrica e o televisor.

O único sofá, surrado e forrado com um lençol, estava disponível. Em frente, colchões e papelões estavam estendidos e muita gente esperava o sono chegar.

Alguns moradores se ofereceram para dividir com a equipe de reportagem o cobertor, a barraca improvisada e até um feijão. Mas o G1 estava ali, naquela noite de segunda-feira (22), para ouvi-los e entender por que durante o dia eles têm abrigo e a noite são colocados para fora.

Sebastião Luiz Ramalho, de 53 anos, e era morador de Campo Grande, em Cariacica. Ele contou que há oito anos mora nas ruas da Grande Vitória. Sebastião disse que o principal motivo para estar nas ruas foi a morte do filho, aos 15 anos.

"Meu filho teve um tumor na cabeça. Os médicos disseram que fizeram tudo para salvar a vida dele, mas não teve jeito. Deus levou o meu filho com apenas 15 anos. Foi um choque para mim. Não consegui me reerguer e estou aqui por causa desses problemas da vida", relembrou.

Sebastião reclamou das dificuldades do dia a dia. "Convive no frio, somos maltratados, pior que cachorro, a gente sofre dia por dia. Não temos condições nenhuma, tudo é precário, o negócio é dureza. As pessoas acham que todos os moradores de rua são vagabundos, mas não são, nem todos, muitos estão na rua não porque querem é porque dependem mesmo. Tenho vontade de melhorar de vida, ter minhas coisas”, disse Sebastião.

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Por causa da idade, o morador disse que precisa de atendimento médico, mas nem sempre consegue. “Eu preciso de médico e quando a gente vai, não somos bem atendidos. Preciso ir ao dentista e tratar as minhas vistas. É difícil para todo mundo aqui”, relatou.

Sebastião Luiz Ramalho disse para reportagem que queria cantar um louvor que fica na mente diariamente. “Vou cantar o louvor porque eu estou na rua, para Deus restituir tudo o que eu perdi. Tudo o que foi embora, tudo o que já morreu, levante do chão erga o clamor. Restitui. Eu quero de volta o que é meu, sara -me e bota o azeite em minha dor, sara me senhor”, cantou.

Marcos Pinheiros da Conceição, de 34 anos, é de Salvador, na Bahia. Ele disse que saiu do estado por causa de conflitos e se permanecesse poderia colocar a vida da família em risco.

“Sai sem destino. Fui de Salvador a Cruz das Almas andando. Até que encontrei um caminhoneiro abençoado por Deus e me trouxe aqui. Foi descarregar um cimento e eu fiquei. Hoje me encontro aqui na rua, nesta situação. Essa aqui é a minha família. A gente briga, discute, mas a família é sempre unidade e a gente não deixa ninguém atrapalhar nossas vidas”, disse Marcos.

O morador de rua participou das reivindicações de abrigo noturno com a prefeitura e espera resposta. “Não só pra gente. Acredito que Deus não vai me deixar muito tempo nesta situação.

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Daqui eu quero sair para minha casinha, quero voltar para Salvador bem. Tem muitos que aceitam essa situação, eu não aceito nem pra mim e nem para ninguém. Creio que um dia eu vou sair daqui. Está mais perto do que nunca. Até lá gente vai levando. Queremos um lugar, à noite, para gente colocar a nossa cabeça. Isso faz muita falta”, reclamou Marcos. Fonte: G1

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Diz na Sagrada Escritura:

"Se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno. O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis". (Isaías 58, 9-11)

"Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam? Se cumprirdes a lei régia da Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18), sem dúvida fazeis bem". (São Tiago 2, 5 e 8)

"Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos... E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos" (São Lucas 14, 13-14).

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"Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?
Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?
Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?
Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes". (São Mateus 25, 34 -40)

 

Veja também...

Disse o Rei Jesus - Em verdade eu vos declaro; todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes (São Mateus 25, 40)

As lições de Santa Madre Teresa de Calcutá: Muitas pessoas encontraram Jesus pelo humilde contato com os pobres

Irmã Dulce dos Pobres, o anjo bom da Bahia: "Se o pobre representa a imagem de Deus, então nunca é demais o que fazemos pelos pobres. O importante é fazer caridade, não falar de caridade. Se Deus viesse à nossa porta, como seria recebido?"

Porque não vemos mais religiosos ou mesmo leigos católicos, nos bairros mais humildes e pobres das cidades, oferecendo alguma ajuda as familias desamparadas e carentes?

 


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