18.06.2018 - Nota de www.rainhamaria.com.br
Artigo publicado no site em 13.06.2016
Vocavit adversum me tempus – “Chamou contra mim o tempo” (Thren. 1, 15).
Grande é a tristeza do viajante ao ver que errou o caminho quando já caiu a noite e não há tempo para reparar o engano. Incomparavelmente maior será, na hora da morte, a tua mágoa, meu irmão, se em via não tiveres aproveitado o tempo, ou, pior ainda, tivesses dele abusado para ofenderes ao Senhor. Como fui insensato! – dirias então chorando. – Ó vida perdida! Em tantos anos, com tão grandes graças podia santificar-me e não o fiz… De que servirão então estas lamentações, quando a cena já estiver no fim e se aproximar o grande momento de que depende a eternidade?
Nada há mais precioso que o tempo; e nada há que seja menos estimado e mais desprezado pelos mundanos. É o que fazia São Bernardo chorar:Nihil pretiosius tempore, sed nihil vilius aestimatur. Depois ele acrescenta:Transeunt dies salutis – Passam os dias oportunos para adquirir a salvação eterna e ninguém reflete que os dias que passam lhe são descontados para nunca mais voltarem. – Vê o jogador que gasta dias e noites no jogo. Se lhe perguntares: “Que estás fazendo?” responderá: “Estou passando o tempo.”
Vê o ocioso que se entretem horas inteiras nas ruas, a ver quem passa, ou as desperdiça em conversas indecentes ou inúteis. Se lhe perguntares: “Que estás fazendo?” responder-te-á igualmente: “Procuro passar o tempo.” Pobres cegos, que desperdiçam tantos dias que não voltam mais!
Desdenhado tempo! Tu serás o que os mundanos desejarão mais na hora da morte. Desejarão então mais um ano, mais um mês, mais um dia, mas não o terão, e ouvirão dizer: Tempus non erit amplius (1) – “Não haverá mais tempo”. Quanto não daria então cada um deles para ter mais uma semana, um dia, afim de melhor ajustar as contas da consciência? Ainda que não fosse senão para obter uma só hora, diz São Lourenço Justiniano, ele daria todos os seus bens: Erogaret opes, honores, delicias pro uma horula. Mas essa hora não lhe será dada.
– Apressa-te, lhe dirá o sacerdote que o estiver assistindo, – apressa-te em partir deste mundo; não há mais tempo para ti: Proficiscere, anima christiana, de hoc mundo.
Ó meu Deus, dou-Vos graças por me concederdes o tempo para chorar os meus pecados e compensar pelo meu amor as ofensas que Vos fiz. Ai de mim! Que seria de minha alma, se me viessem agora anunciar a chegada de minha morte!
Exorta-nos o Sábio a que nos lembremos de Deus e entremos em sua graça, antes que se nos apague a luz:Memento Creatoris tui, antequam tenebrescat sol et lumen(2). Que tristeza para um viajante o ver que errou o caminho quando já está cabida a noite e não há tempo para reparar o engano!
Tal será, na morte, a mágoa de quem tiver vivido muitos anos no mundo sem os empregar no serviço de Deus.
A consciência recordará então àquele homem descuidado o tempo que teve e que empregou em prejuízo da sua alma: todos os convites, todas as graças que recebeu de Deus para se santificar e de que se não quis aproveitar. Depois verá que lhe faltam os meios de fazer qualquer bem. Exclamará gemendo: – Como fui insensato! Ó tempo perdido! Ó vida perdida! Ó anos perdidos, durante os quais me podia santificar e não o fiz! Agora já não é tempo de o fazer… De que servirão, porém, estas lamentações e suspiros, quando a cena já está no fim, quando a lâmpada está próxima a apagar-se e quando o mundo está próximo do momento terrível de que depende a eternidade?
Apressai-Vos, ó meu Jesus, apressai-Vos a me perdoar. Que hei de esperar? Esperarei porventura até chegar ao cárcere eterno, onde com os outros réprobos teria de lamentar eternamente, dizendo: Finita est aestas (3) – “Findou-se o estio?” Passou o tempo, e nós não nos salvámos! Não, meu Senhor, não quero mais resistir a vosso amoroso convite. Quem sabe se a presente meditação não é o último aviso que me dirigis? Ó soberano Bem, pesa-me de Vos haver ofendido e Vos consagro todo o tempo de vida que me resta. Não Vos quero mais causar desgostos; quero Vos amar sempre. Prometo-Vos que, cada vez que disto me lembrar, farei um ato de amor, afim de remir o tempo perdido. Dai-me a santa perseverança. † Doce Coração de Maria, sêde minha salvação. (*II 51.)
Apoc. 10, 6.
2. Eccles. 12, 1 et 2.
3. Jer. 8, 20.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso - http://catolicosribeiraopreto.com
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Por Dilson Kutscher
Então, eles dizem: Este descansou, está com Deus. Será mesmo?
Quando morre uma pessoa, o que mais ouvimos: "Este descansou, está com Deus, rezemos por ele".
Se for alguém famoso ainda dizem: "Foi para o andar de cima, o Céu esta em festa, deve estar revendo fulano..."
Então, vamos lembrar do seguinte...
"Hás de morrer na hora menos pensada. Quer penses, quer não penses nisso, quer acredites, quer não acredites, morrerás e serás julgado, e te salvarás ou condenarás, conforme o bem ou o mal que houveres praticado; disso não escaparás por mais que digas ou faças. E que te aproveitará ganhar todas as riquezas e alcançar todas as honras, e dar ao corpo todos os prazeres, se vier a perder a tua alma?" (Santo Antônio Maria Claret)
São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões: "Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna?"
E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma? Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser considerado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: “Três anos já que venho a buscar frutas a esta figueira, e não os achei” (Lucas 13,7).
Tu, que há mais de três anos estás neste mundo, quais os frutos que tens produzido? Considera — disse São Bernardo — Que o Senhor não procura somente flores, mas quer frutos.
"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem". (Apocalipse 14,13)
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