24.04.2018 - Nota de www.rainhamaria.com.br
Artigo publicado no site em 28.04.2015
In manu eius statera dolosa, calumniam dilexit – “Na sua mão está uma balança enganosa; amou a fraude” (Oséias 12, 7).
É preciso pesar os bens na balança de Deus e não na do mundo enganador. Olhemos não somente os bens que possui tal senhor, mas atentemos também no que leva consigo na morte.
Perguntemos a todos esses ricos, sábios, príncipes e imperadores, que entraram na eternidade e estão queimando no inferno: Que vos restou das pompas, delícias e riquezas desfrutadas na terra?
Todos respondem: “Nada! Os nossos prazeres passaram qual sombra, e nada nos resta senão uma eterna desesperação.” Sirva a desgraça dos outros de exemplo para nós!
I. É preciso pesar os bens na Balança de Deus e não na do mundo, que é enganadora.
Os bens do mundo são desprezíveis, porque não nos satisfazem a alma e acabam depressa. “Os meus dias”, dizia lamentando o santo homem Jó (1), “foram mais velozes do que um cursor; passaram como navios carregados de frutos, como uma águia que se precipita sobre a presa.” Com efeito, os dias de nossa vida passam e fogem, e que nos fica por fim dos gozos da terra? Pertransierunt quase naves – “Passaram como navios”. Os navios não deixam nenhum vestígio da sua passagem; sulcam as ondas agitadas do mar, mas pouco depois já não se vê vestígio algum, nem mesmo o sulco que a sua quilha abriu nas ondas.
Peguntemos a tantos ricos, sábios, príncipes e imperadores, que já entraram na eternidade, o que lhes ficou das pompas, delícias e grandezas gozadas nesta terra. Todos respondem: “Nada! Absolutamente nada!”
Ó homem, exclama Santo Agostinho, quid hic habet attendis; quid secum fert atende. Vós vos limitais a contemplar os bens que no mundo possuiu aquele grande senhor; atentai antes no que leva consigo na hora da morte. O que é senão um cadáver infecto e uma mortalha, ambos sujeitos à mesma podridão?
Quando morre algum dos grandes do mundo, apenas se fala dele algum tempo, para logo depois cair no ouvido: Periit memoria eorum cum sonitu (2) – “A sua memória pereceu como som”. E se porventura estes desgraçados caem no inferno, que fazem ali, que dizem? Choram e dizem: Quid profuit nobis superbia aut divitiarum iactantia? – Que fruto colhemos do fausto e das riquezas? Tudo passou como sombra, e só nos resta a mágoa, o pesar e a desesperação eterna. Transierunt omnia illa tamquam umbra (3).
II. Filii huius saeculi prudentiores filiis lucis sunt (4) – “Os filhos deste século são mais prudentes do que os filhos da luz”. Coisa maravilhosa! Quão grande é a prudência dos mundanos no que diz respeito às coisas da terra! Que passos não dão para adquirirem um emprego, uma fortuna! Quantos cuidados têm para conservarem a saúde do corpo! Escolhem os meios mais apropriados, o mais hábil médico e os melhores remédios, o mais puro ar. Mas que descuido no que diz respeito à alma! E no entanto é certo que a saúde, as dignidades, as riquezas devem acabar um dia, ao passo que a alma e a eternidade não acabarão nunca.
Consideremos além disso, diz Santo Agostinho, no muito que os homens sabem sofrer para coisas amadas pecaminosamente. Que não sofre o vingativo, o ladrão, o licencioso para alcançar o seu pravo intento? E depois para a alma nada querer sofrer!
Meu Jesus, agradeço-Vos por me terdes feito conhecer a vaidade do mundo. Abomino e detesto sobre todos os males as ofensas que Vos fiz, e com o vosso auxílio proponho antes morrer mil vezes do que tornar a ofender-Vos. Ó Pai eterno, tende piedade de mim pelo amor de Jesus Cristo. Olhai para vosso Filho morto sobre a cruz. Sanguis eius super nos (5). – Venha sobre mim esse divino Sangue para lavar a minha alma. Ó Rei de meu coração: adveniat regnum tuum (6) – venha a mim o vosso reino. Estou resolvido a repelir todo afeto que não seja para Vós. Amo-Vos sobre todas as coisas; vinde a reinar só em minha alma; fazei que Vos ame e não ame senão a Vós. Desejo agradar-Vos o mais possível e contentar-Vos plenamente no resto de minha vida.
Ó meu Pai, dignai-Vos abençoar este meu desejo, e dai-me a graça de ficar sempre unido convosco. Consagro-Vos todos os meus afetos, e de hoje por diante quero pertencer só a Vós, meu tesouro, minha paz, minha esperança, meu amor, meu tudo; espero tudo de Vós pelos méritos de vosso Filho. – Minha Rainha e Mãe, Maria, valei-me com a vossa intercessão. Mãe de Deus, rogai por mim. (II 60.)
1. Iob. 9, 25 et 26. Cf. Sap. 5, 10.
2. Ps. 9, 7.
3. Sap. 5, 9.
4. Luc. 16, 18.
5. Matth. 27, 25.
6. Matth. 6, 10.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso
Fonte: catolicosribeiraopreto.com
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Nota de www.rainhamaria.com.br
São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões: "Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna?"
E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma? Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser considerado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: “Três anos já que venho a buscar frutas a esta figueira, e não os achei” (Lucas 13,7).
Tu, que há mais de três anos estás neste mundo, quais os frutos que tens produzido? Considera — disse São Bernardo — Que o Senhor não procura somente flores, mas quer frutos.
Diz na Sagrada Escritura:
"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem" (Apocalipse 14, 13).
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