14.12.2017 -
A trajetória do grande místico
São João da Cruz nasceu provavelmente em 1540 e foi batizado como Juan de Yepes y Álvarez.
Natural de Fontiveros, na província espanhola de Ávila, ele ficou órfão de pai e precisou se transferir com a mãe de um lugar para o outro. Com grandes dificuldades, a mãe conseguiu fazer com que ele pudesse estudar.
Em 1563, João vestiu o hábito carmelita. Após a filosofia e a teologia, foi ordenado sacerdote em 1567, ano em que se encontrou com Santa Teresa de Ávila. A grande mística estava prestes a receber a permissão de fundar outros dois conventos de carmelitas contemplativos, que mais tarde seriam chamados de “carmelitas descalços”.
Embora pensasse em entrar na cartuxa, São João da Cruz tornou-se parte do primeiro núcleo de carmelitas reformados, em 1568, a pedido de Santa Teresa.
Qualquer processo de reforma acarreta tensões e, às vezes, desentendimentos. Com São João da Cruz não foi diferente. Na noite de 2 de dezembro de 1577, um mal-entendido fez com que João fosse levado a um mosteiro em Toledo, onde ficaria prisioneiro em condições duríssimas, isolado numa cela minúscula e obrigado a receber penitências públicas uma vez por semana. Sem sequer uma lamparina, rezava o breviário utilizando a pouquíssima luz que vinha da cela contígua por um pequeno buraco na parede e durante um tempo muito limitado. São João da Cruz ficou nesta situação deplorável até escapar da prisão.
O mais extraordinário é que foi nesse período de solidão e sofrimentos na cela escura que João completou uma das suas composições mais conhecidas: o “Cântico Espiritual”, obra de grande lirismo e misticismo.
Sua vida foi devotada a Cristo e ao serviço dos irmãos: ele ama a Deus e isso lhe basta. Foi nesse amor imenso que a morte o acolheu nos braços, sereno, em 14 de dezembro de 1541, na Andaluzia.
21 frases iluminadoras de São João da Cruz, místico e doutor da Igreja
Santa Teresa de Ávila o definiu como “uma das almas mais puras da Igreja”. Maravilhe-se com a sua sabedoria mediante estas 21 pequenas mostras:
Ao entardecer desta vida, serás examinado no amor.
Onde não existe amor, coloca amor e amor encontrarás.
Quanto mais uma alma ama, tanto mais perfeita é naquilo que ama.
A alma que caminha no amor não se cansa.
Com mais abundância e suavidade se comunica Deus nas adversidades.
Sem caridade, nenhuma virtude é graciosa diante de Deus.
Um só pensamento do homem vale mais que o mundo todo; portanto, só Deus é digno dele.
Procurai lendo e encontrareis meditando; chamai orando e abrir-se-vos-á contemplando.
Para se enamorar de uma alma, Deus não põe os olhos na sua grandeza, mas na grandeza da sua humildade.
Deus não obra as virtudes na alma sem a sua cooperação.
Um ato de virtude gera na alma suavidade, paz, consolação, luz, pureza e fortaleza.
Deus humilha muito para elevar muito.
Quem age com tibieza está próximo da queda.
Grande mal é olhar mais aos bens de Deus que ao próprio Deus.
Se queres chegar à posse de Cristo, jamais O procures sem a cruz.
Mais do que quantas obras possas fazer, Deus prefere de ti a pureza de consciência, ainda que no menor grau.
Quem cai estando só, caído a sós fica; e em pouca conta tem a alma, pois unicamente em si mesmo confiou.
A sabedoria entra pelo amor, pelo silêncio e pela mortificação; grande sabedoria é saber calar e não olhar aos ditos, aos feitos e às vidas alheias.
Quem não procura a cruz de Cristo não procura a glória de Cristo.
Agrada mais a Deus uma obra, por pequena que seja, feita às escondidas e sem desejo de que saibam, do que mil feitas com desejo de que os homens as conheçam.
A maior necessidade que temos para progredir é calar o apetite e a língua diante do grande Deus, pois a linguagem que Ele mais ouve é o amor calado.
Fonte: Aleteia
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