A Era Glacial está muito próxima, já há risco de voltarmos à Idade do Gelo


17.05.2007 - Vamos à verdade. E a verdade é que estamos caminhando rapidamente para uma catástrofe climática, estamos retornando à Era Glacial.” O diagnóstico é do cientista americano John Holdren. O seu cargo credencia a sua fala: diretor do Programa de Políticas Públicas de Ciência e Tecnologia do Centro Belfer para Ciência e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard. Na semana passada, em um encontro na John F. Kennedy School of Government de Harvard, nos EUA, Holdren decidiu quebrar o silêncio e a cautela que envolvem as discussões sobre as conseqüências do aquecimento global e deu um banho de água fria naqueles que imaginavam uma solução mágica para conter a dramática situação do clima no mundo. A recente divulgação do relatório oficial do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), mais uma vez amenizando a atual situação do planeta, foi o basta para que Holdren expusesse a verdade: “Estamos dirigindo um carro na neblina, com freios ruins, em direção a um abismo. Não sei se conseguiremos detê-lo antes de cair.” Motivo: a concentração na atmosfera de gases do efeito estufa já ultrapassou todos os limites e não há medidas a serem adotadas para impedir que secas, inundações, furacões e outras tormentas assolem os quatro cantos do mundo.

Para comprovar a tese de que estamos em meio a um círculo vicioso, onde, por questões políticas e econômicas, as grandes potências continuarão emitindo gases poluentes para não interromper o crescimento de empresas, a especulação e a crescente demanda de consumo (lógica pura do capitalismo quando não racional), Holdren aponta o degelo ao norte da Rússia, na Groenlândia e na Antártida Ocidental como os grandes obstáculos de contenção do aquecimento global. “Na Rússia, o degelo gerado pelo aumento na temperatura irá produzir o equivalente, em carbono, a 80 anos de emissões por combustíveis fósseis armazenados em seu solo congelado”, diz ele. Já na Groenlândia e na Antártida Ocidental, o derretimento das gigantescas geleiras irá elevar o nível global dos oceanos em até 12 metros: “Não estamos falando de possibilidades. A tragédia já está acontecendo e suas conseqüências são conhecidas pelos cientistas, que não querem passar para a população a sensação de impotência.”

Uma das mais temidas conseqüências do aquecimento do planeta está no retorno à Era Glacial, quando há milhões de anos a Terra se cobria de uma atmosfera composta por uma quantidade muito elevada de água, reduzindo o nível dos oceanos e gerando condições de vida extremamente inóspitas. Especialistas afirmam que a glaciação do planeta inteiro é improvável, mas há estudos comprovando que os efeitos da alta temperatura, derretendo calotas polares, afetam as correntes marítimas e isso causará longos períodos de glaciação no Hemisfério Norte, enquanto o Hemisfério Sul sofrerá um forte aquecimento. Para tentar salvar o mundo desse abismo climático, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas recomenda algumas medidas até 2030. Entre elas está o aumento do uso de energias renováveis, o combate ao desmatamento de florestas e expansão do uso de biocombustíveis. Lutar para amenizar o problema é a única saída. Acreditar que o problema pode deixar de existir é o grande erro.

Aquecimento global

Conseqüências: Estudos prevêem o aumento de 1,8 a 4oC na temperatura até 2100, provocando a extinção de espécies e a redução dos ecossistemas, além de agravar a fome e a sede, que podem atingir um bilhão de pessoas

Alternativas: Diminuir as emissões de metano na agricultura; expandir o uso de biocombustíveis; combater o desmatamento com fiscalização em florestas; aumentar a reciclagem para diminuir a produção de lixo.

Fonte: Revista ISTO É, Maio 2007

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