05.09.2017 -
(Aos Religiosos e Religiosas do Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima, Irmãs do Milagre Eucarístico de Lanciano e membros do Movimento Missionário Lanceiros de Lanciano. Cidade Missionária do Santíssimo Crucifixo, Anápolis-GO, em 26 de abril de 1998. Essa palestra foi publicada no Jornal “O Anápolis”, no dia 02 de maio de 1996, página 05)
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“Não tenham medo de evangelizar”
(João Paulo II, Homilia da Missa conclusiva da VIII Jornada Mundial da Juventude, Denver, 15 de maio de 1993)
O Papa João Paulo II nos convida a evangelizar sem medo, e na sociedade em que vivemos, teremos que falar com firmeza – com a segurança de quem tem a verdade do seu lado. Quando um católico é convicto e firme na fé não tem medo de evangelizar, mesmo se encontra dificuldade pela frente não desanima, porque: “As coisas de Deus são sempre acompanhadas da Cruz e do sofrimento, e suas obras regadas com o orvalho das lágrimas” (Dom Servílio Conti).
Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia...” (Mt 10, 27). Jesus Cristo, o Grande Missionário, dirige-se com essas palavras a cada um de nós, pois são muitos os inimigos de Deus e da verdade que pretendem e se empenham em conseguir que os cristãos não sejam nem sal nem luz no meio das tarefas que os ocupam. Existem outros tão furiosos contra a verdade que não suportam a presença do católico autêntico: “Cerquemos o justo, porque nos incomoda…” (Sb 2, 12), e nem querem ouvir a sua pregação: “Eles, porém, dando grandes gritos, taparam os ouvidos…” (At 7, 57).
A verdadeira evangelização só pode ser realizada dentro da verdade: “Não será enfraquecendo a verdade moral e negligenciando os verdadeiros valores que a Igreja cumprirá a sua missão em favor do homem” (João Paulo II aos Bispos brasileiros – regionais Sul 3 e Sul 4 da CNBB). A evangelização fora da verdade é mais um ato de covardia e traição do que de evangelização, e o pregador não pode deixar de falar a verdade só porque tem alguém que não a aceita: “É porventura o favor dos homens que agora eu busco, ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se eu quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10). A pessoa que não aceita o Evangelho de Jesus Cristo se alimenta da mentira: “Vós sois do diabo, vosso pai... porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44), e afasta-se rotundamente de toda a possibilidade de comunicação divina, porque Deus não está com a mentira, e sim, com a verdade: “Quem é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37), e: “Na sua boca jamais foi encontrada mentira” (Ap 14, 5). Quem tem medo de olhar de frente a sua consciência tem medo de olhar de frente para Deus, e só os que se dispõem a estar cara a cara podem ter verdadeiro trato de amizade com Ele. Não é possível encontrar a Deus sem este amor radical pela verdade: “Não tenhas medo à verdade, ainda que a verdade acarrete a morte” (Bem-aventurado Josemaría Escrivá). Como também não é possível entender-se com os homens e conviver com eles, porque a amizade sustentada pela mentira não é amizade verdadeira, e sim, amizade farisaica: “Por isso abandonai a mentira e falai a verdade cada um ao seu próximo” (Ef 4, 25).
Muitos pregadores por medo de pregarem a verdade começam a adulterar a Palavra de Deus, fecham a porta da despensa e deixa o povo morrer de fome; esconde a Bíblia, Tradição e Magistério, e abrem o baú da política, falando daquilo que o Papa João Paulo II proíbe: “Por conseguinte, os ministros sagrados, bem como os religiosos e religiosas consagrados, devem evitar cuidadosamente qualquer envolvimento pessoal no campo de política ou do poder temporal” (Aos Bispos - Regional Sul 1 da CNBB, Cf, também no Diretório para o Ministério e a vida dos Presbíteros, nº 33).
Não devemos ter medo de evangelizar; a nossa atitude, ao vivermos a fé cristã num ambiente em que existem reservas, falsos escândalos ou simples incompreensões por ignorância, deve ser a mesma de Jesus. Nunca devemos desanimar nem sermos oportunistas; a nossa atitude deve ser clara, coerente com a fé que professamos, porque somos evangelizadores e não enchedores de lingüiça: “Uma vez que Deus nos achou dignos de confiar-nos o Evangelho, falamos não para agradar aos homens, mas, sim, a Deus que perscruta o nosso coração” (1 Ts 2, 4). Quantas vezes, este modo de agir decidido, sem dissimulações nem medos, não é uma grande eficácia apostólica! Em contrapartida, “... assusta o mal que podemos causar se nos deixamos arrastar pelo medo ou pela vergonha de nos mostrarmos como cristãos na vida diária” (Bem-aventurado Josemaría Escrivá). Não deixemos de manifestar a nossa fé com simplicidade e naturalidade, quando a situação o requeira. Nunca nos arrependeremos desse comportamento conseqüente com o nosso ser mais íntimo. E o Senhor se encherá de alegria ao olhar-nos.
Toda a vida de Jesus está cheia de firmeza. Nunca o vemos vacilar. Ele sempre pregou abertamente e sem medo: “Falei abertamente ao mundo... nada falei às escondidas” (Jo 18, 20). Ele pede aos que O seguem essa vontade firme em qualquer situação. Deixar-se levar pelos respeitos humanos é próprio de pessoas com uma formação superficial, sem critérios claros, sem convicção profunda ou de caráter débil. Os respeitos humanos surgem quando se dá mais valor à opinião das outras pessoas do que do Juízo de Deus, sem ter em conta as Palavras de Jesus: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc 8, 38). Não devemos temer os ataques dos homens, é melhor suportar todos os tipos de zombarias, críticas, perseguições, etc., e continuar pregando o Evangelho, do que deixar tudo de lado e ouvir no dia do Juízo as seguintes palavras: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25, 41).
O verdadeiro missionário abre o coração e pisa todo tipo de respeito humano; o importante é levar a boa nova para os sedentos, para aqueles que estão à procura de uma orientação. Os Apóstolos foram perseguidos e maltratados, mas não deixaram de evangelizar, mesmo no meio de tantas perseguições: “Chamaram de novo os apóstolos e açoitaram-nos com varas. E, depois de intimá-los a que não falassem mais no nome de Jesus, soltaram-nos. Quanto a eles, saíram do recinto do Sinédrio regozijando-se, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo Nome. E cada dia, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova de Cristo Jesus” (At 5, 40-42).
O missionário deve ser forte
Nós, os cristãos, não somos amigos das sombras e dos cantos escuros, mas da luz, da claridade na vida e na palavra: “Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16).
Vivemos uns tempos em que é mais necessário proclamar a verdade sem ambigüidades, porque a mentira e a confusão imperam por toda a parte. E quanto maior for a oposição, maior deve ser a nossa luta: “O Cristão nasceu para a luta, e quanto mais encarniçada se apresenta, tanto mais segura há de ser a vitória com o auxílio de Deus” (Leão XIII).
O missionário não deve ter medo de perder o brilho de um prestígio apenas aparente, ou de sofrer a murmuração ou até a calúnia por defender a sua fé: “Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 11-12). Sem medo à vida e sem medo à morte, alegres no meio das dificuldades, esforçados e abnegados perante os obstáculos e as doenças, seremos perante um futuro incerto: O Senhor pede-nos que vivamos assim. Devemos ser fortes e valorosos diante das dificuldades, como é próprio dos filhos de Deus: “Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perder a alma e o corpo no inferno” (Lc 12, 4). Jesus exorta-nos a não temer nada, exceto o pecado, que tira a amizade com Deus e conduz à condenação eterna.
O missionário deve ser forte, deve enfrentar todas as dores e perigos. Fugir é próprio do covarde. A cruz não acolhida torna-se duplamente pesada: “Há pessoas que procuram continuamente evitar o que é duro. E quantas há que sofrem mais por quererem sofrer menos” (Dom Rafael Lhano Cifuentes).
Padre Divino Antônio Lopes FP. - “Não tenham medo de evangelizar”.
Fonte: www.filhosdapaixao.org.br
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Nota de www.rainhamaria.com.br
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