Ladrões assistem à missa antes de assaltar igreja
15.05.2007 - Um grupo de cinco assaltantes aguardou o fim da missa do último domingo, na igreja Santa Cecília, em Porto Alegre, para render seis pessoas e roubar cerca de R$ 1,5 mil arrecadados em dízimos, um notebook, máquinas fotográficas digitais e celulares.
Antes de se recolher, o padre Edgar Jotz aproximou-se de um jovem que se ajoelhara em frente ao altar da Igreja Santa Cecília, após o encerramento da missa das 18h, no domingo, e ouviu dele a seguinte frase: - Estou rezando para minha mãe, padre.
Era mentira. O suposto fiel aguardava o término da missa para, com quatro comparsas, render seis pessoas - entre elas o padre Edgar - e roubar cerca de R$ 1,5 mil arrecadados em dízimos, um notebook, máquinas fotográficas digitais e celulares. Um religioso foi ferido com coronhadas na cabeça. O crime deixou chocados os freqüentadores da igreja Santa Cecília, que ontem permaneceu fechada.
Os falsos fiéis não eram desconhecidos dos funcionários da igreja. Duas semanas atrás, dois deles estiveram no templo.
- Eles queriam saber o que era preciso para casar no religioso - recorda a funcionária Ivani Rita Martins da Silva, 66 anos.
Na semana seguinte, um deles pediu para usar o banheiro. E, no domingo pela manhã, pelo menos três acompanharam a missa das mães, realizada às 10h.
- Eles já estavam nos monitorando - interpreta o padre Edgar.
Os criminosos escolheram, porém, o final do dia de domingo para o ataque. Dois deles ficaram sentados - um na frente do altar, à direita de quem entra, e outro nos fundos, à esquerda - e permaneceram, em meio a cerca de 400 fiéis, ao longo da celebração, iniciada às 18h. Ao término da missa, todos foram embora, a exceção dos dois.
- Um ficou ajoelhado e o outro, com as mãos na cabeça, como se estivesse rezando - conta Ivani.
Padre estuda se vai manter igreja aberta das 7h às 19h
Cansado e sem desconfiar do assalto que se anunciava, padre Edgar conversou com um deles e se retirou. Ivani e os outros dois paroquianos posicionaram-se perto da saída do templo. Mas antes de os jovens saírem, mais três entraram na igreja.
- Todos estavam armados com revólveres calibre 38, cano curto - detalha Edgar.
Os criminosos queriam os dízimos recolhidos em meio às celebrações do dia. Na igreja, agrediram com a coronha de um revólver um dos fiéis e o obrigaram a ir até a casa paroquial, um prédio anexo à igreja, onde estavam Edgar, o padre Eduardo Moesch (irmão do secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre, Beto Moesch) e uma organista. O grupo também foi rendido.
Eles levaram três máquinas fotográficas, R$ 1,5 mil, celulares o notebook de Eduardo - o padre mantinha no computador a tese do doutorado concluído em Roma sobre o pensamento de dom Vicente Scherer.
Em meio ao assalto, criminosos renderam uma jovem que fora buscar a mãe. Eles usaram o Fiesta dela para a fuga. Uma hora depois de iniciado o assalto, os bandidos trancaram as vítimas na despensa da igreja.
Conforme o delegado Gerson Mello, da 10ª DP, a polícia não identificou o suspeito do ataque. O crime deve alterar a rotina da comunidade.
- Você fica perplexo com tanta violência. Vamos reestudar se a igreja continuará aberta das 7h às 19h - lamenta o padre, nascido 77 anos atrás em Alto Feliz, no Vale do Rio Caí.
Fonte: Jornal Zero Hora RS