15.05.2017 -
Uma superiora visitou-a no leito das dores:
– Que faz aqui, minha preguiçosa? – perguntou sorrindo, amável.
– Minha Madre, eu estou no meu ofício.
– E que ofício é o seu, minha filha?
– O meu ofício é sofrer e estar doente.
Mandaram-lhe um crucifixo para a cabeceira da cama.
– Sou mais feliz – disse Bernadette – com o meu Cristo no leito de dores do que uma rainha no seu trono.
Às crises de asma, dolorosas e terríveis, juntaram-se os vômitos de sangue, a opressão do peito e dores intoleráveis causadas por um abcesso que se formou no joelho direito. Mais um tumor e uma aquilose. Os sofrimentos eram horríveis e a vítima tinha já a face cadavérica. Não dormia um só instante. Às vezes, a natureza deixava escapar um grito de dor, mas a Irmã Maria Bernarda (Bernadette) humilhava-se e sorria heroicamente, repetindo:
– Perdão, meu Jesus! Meu Deus, eu vos ofereço o meu sofrimento! Meu Deus, eu vos amo!
O capelão do mosteiro lhe disse que pensasse no Céu e que iria contemplar a beleza da Imaculada.
– Oh -respondeu ela -, como este pensamento me faz bem!
Às vezes, murmurava com almejo do Céu:
– Oh, Céu! Dizem que muitas almas não foram diretamente para o Céu porque não o desejaram bastante aqui no mundo. Isto não acontece comigo! Ah, vamos para o Céu, trabalhemos, soframos pelo Céu! O resto nada vale.
A moléstia se agravava cada vez mais. Ela, sempre resignada. Disse então:
– Ó cruz, vós sois o altar no qual eu quero me sacrificar com Jesus agonizante. O coração de Jesus é o meu tesouro. No coração de Jesus viverei e morrerei em paz no meio dos sofrimentos.
Despojou-se de tudo que possuía: algumas imagens e santinhos. Só conservou um crucifixo.
– Só tenho necessidade dele. Só ele me basta.
Depois da festa de São José, disse:
– Eu pedi a São José uma só graça: a graça de uma boa morte.
No dia 28 de março, a superiora lhe perguntou se desejava receber a extrema unção. Aceitou-a com alegria! Às duas horas da tarde, o capelão lhe administrava o sacramento dos enfermos. Recebeu-o com edificante fervor em presença de boa parte da comunidade.
– Minhas irmãs, peço-vos perdão por todos os aborrecimentos e trabalhos que vos dei, das minhas infidelidades na vida religiosa e do mau exemplo que dei às minhas companheiras, sobretudo pelo meu orgulho.
O olhar de Bernadette, durante toda a doença, conservou-se belo, vivo, impressionante. Era aquele olhar da visão de Massabielle.
O demônio a tentava, Nosso Senhor permitia, a fim de purificar ainda mais aquela almazinha privilegiada. Ela ficava num estado de agonia dolorosa e horrível, com a face em expressão de espanto, e repetia:
– Vai-te, Satanás! Vai-te, Satanás!
O capelão lhe disse:
– Ofereça a Jesus o sacrifício da vida, minha filha.
– Que sacrifício, meu padre? Não é sacrifício deixar esta pobre terra, onde se encontra tanta dificuldade para servir a Deus!
Perguntaram-lhe:
– Sofre muito, minha irmã?
– Sim, mas tudo é bom para o Céu – respondeu, com doce resignação.
– Eu vou pedir à boa Mãe do Céu que lhe dê alguma consolação, minha Irmã Maria Bernarda.
– Não, não – repetiu ela -, não peça consolações. Peça a Nossa Senhora força e paciência para mim. Só isto…
Quarta-Feira Santa, o capelão foi chamado às pressas para a Irmã Maria Bernarda. Ela estava na poltrona, sentada, sem poder respirar, num martírio cruel. Confessou-se pela última vez.
– Minha filhinha – disse-lhe a Madre superiora -, agora está na cruz, não é?
Bernadette abriu os braços em forma de cruz e murmurou:
– Meu Jesus! Meu Jesus! Oh, como vos amo!
Para não perder o crucifixo, pediu que o pusessem em seu peito. Recitaram a oração dos agonizantes. Ela repetia as jaculatórias que lhe diziam ao ouvido.
Uma hora antes da morte, ficou tranquila, fitou um ponto do alto. Depois exclamou, feliz, três vezes:
– Oh!
E alguns segundos depois:
— Meu Deus, eu vos amo de todo o meu coração, de toda a minha alma, com todas as minhas forças.
Tomou o crucifixo, beijou-o, pediu perdão à comunidade e disse:
– Eu tenho sede!
Deram-lhe água. Apenas molhou os lábios.
Fez o sinal da Cruz, aquele admirável sinal da Cruz que só ela sabia fazer.
Murmurou, alguns instantes depois:
– Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, pobre pecadora… pobre pecadora…
E expirou suavemente.
Eram três horas e um quarto de tarde de Quinta-Feira Santa, 16 de abril de 1879.
Monsenhor Ascânio Brandão, em “Santa Bernadette, a confidente de Lourdes”, Ed. Vozes, 1956, 3ª. edição
Fonte: http://blog.comshalom.org
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Nota de www.rainhamaria.com.br
A incorruptibilidade do corpo de Santa Bernadette Soubirous é um dos casos mais assombrosos e estudados pela medicina.
Desde 3 de agosto de 1925, o corpo intacto da Santa se encontra exposto numa urna de cristal na capela do convento de Saint-Gildard, na cidade de Nevers, França. A cidade fica na Borgonha, a 260 km ao sul-sudeste de Paris.
Ele está intacto e “como se estivesse petrificado” segundo foi reconhecido pelos médicos juramentados e pelas autoridades civis e religiosas por ocasião das exumações de 1909, 1919 e 1925.
Em 22 de setembro de 1909, trinta anos após o velório, seu cadáver foi exumado pela primeira vez e o corpo encontrado intacto.
Os Drs. Ch. David e A. Jordan, que conduziram esta primeira exumação, escreveram no relatório da perícia:
“O caixão foi aberto na presença do Bispo e do Prefeito de Nevers, seus principais representantes e diversos religiosos.
“Não notamos nenhum odor.
“O corpo estava vestido com o Hábito da Ordem a que pertencia Bernadette. O Hábito estava úmido.
“Apenas a face, mãos e antebraços estavam descobertos.
“A cabeça estava inclinada para a esquerda. A face estava lânguida e branca. A pele estava apegada aos músculos e estes apegados aos ossos.
“As cavidades oculares estavam cobertas pelas pálpebras [...]
“Nariz dilatado e enrugado. Boca levemente aberta e se podia ver os dentes no lugar.
“As mãos, cruzadas sobre o peito, estavam perfeitamente preservadas, bem como suas unhas. As mãos seguravam um terço. Podia se observar as veias no antebraço.
“Os pés estavam enrugados e as unhas intactas.
“Quando o Hábito foi removido e o véu levantado de sua cabeça, pode se observar um corpo rígido, pele esticada [...]
“Seu cabelo estava com um corte curto e bem preso à cabeça. As orelhas estavam em perfeito estado de conservação [...]
“O abdome estava esticado, assim como o resto do corpo. Ao ser tocado, tinha um som como de papelão.
“O joelho direito estava mais largo que o esquerdo.
“As costelas e músculos se observavam sob a pele [...]
“O corpo estava tão rígido que podia ser virado para um lado e para o outro [...]
“Em testemunho de que temos corretamente escrito esta presente declaração, a qual representa a verdade em sua totalidade.
Nevers, 22 de setembro de 1909, Drs. Ch. David, A. Jourdan.
Fonte: http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br
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SANTA BERNADETTE, ROGAI POR NÓS
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