Para fugir da crise, famílias de venezuelanos vivem em banheiros públicos em Roraima


05.05.2017 -

A fronteira entre Brasil e Venezuela continua sendo destino de imigrantes que tentam fugir da crise no país governado por Nicolás Maduro a qualquer custo. Muitas famílias abandonaram tudo para tentar uma nova vida em Roraima, se sujeitando, inclusive, a viver em banheiros públicos.

O centro comercial da cidade Pacaraima, no extremo Norte de Roraima e na fronteira com a Venezuela, se transformou em um grande abrigo improvisado. Quem não tem para onde ir, acaba se alojando de qualquer jeito no local. Algumas famílias improvisam colchões para dormirem, atesta o G1.

É o caso de Maribel Mendoza, de 49 anos, que deixou a Venezuela, onde tinha casa própria para viver no Brasil. Agora, ela divide um banheiro público de Pacaraima com outras 50 pessoas, incluindo a própria filha, o genro, uma prima e a neta de apenas 2 anos.

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“Eu tinha uma casa boa em Valencia [município venezuelano na região Central do país], mas faltava dinheiro. É que as coisas estão muito duras por lá”, disse Maribel.

O município que costumava ser tranquilo com seus 12 mil habitantes se transformou no lar de pelo menos 240 venezuelanos em busca de melhores condições de vida desde o início do ano. Entre eles estão cerca de 100 índios que cozinham, lavam roupas, pedem esmola e fazem necessidades em locais públicos.

Segundo o Comandante de Policiamento de Pacaraima, major Josué Silva, há mais de seis anos não eram registrados homicídios na cidade de fronteira.

“Depois que aconteceu essa problemática na Venezuela, ocorreram quatro homicídios, arrombamento de lojas e ponto de drogas”.

Imigração venezuelana

Dados do governo de Roraima apontam que cerca de 30 mil venezuelanos vieram para Boa Vista desde 2016. A maioria deles vive de bicos, vendendo objetos e alimentos nos sinais. Alguns abandonaram totalmente a profissão que exerciam na Venezuela e aceitaram outras funções, mesmo que informais.

Muitos deles vivem em um ginásio poliesportivo da capital, onde funciona o Centro de Referência ao Imigrante onde, com a ajuda de uma ONG, recebem tratamento médico, alimentação e auxílio.

O Centro foi criado pelo Gabinete Integrado de Gestão Migratória, que foi desativado em abril. O governo federal se comprometeu a enviar R$ 500 mil para ajudar no atendimento aos imigrantes, mas esse dinheiro ainda não chegou.

Saúde

Em abril, a ONG Human Rights Watch divulgou um relatório que aponta a grande procura de venezuelanos ao sistema de saúde brasileiro. No Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, em Pacaraima, a pesquisa destaca que 80% dos pacientes atendidos são venezuelanos.

“Muitos desses casos são de portadores de HIV/AIDS, pneumonia, tuberculose e malária”, informou o documento.

Na capital, o Hospital Geral de Roraima, considerado o maior do estado, 1.815 venezuelanos receberam atendimento em 2016. Um número três vezes maior ao de 2015. Ainda segundo a ONG, 300 pacientes venezuelanos eram atendidos todos os meses.

Alegando crescente quantidade de pacientes venezuelanos, o governo do estado decretou emergência na Saúde em dezembro de 2016.

Tráfico de venezuelanas para exploração sexual

Vulneráveis por causa da crise econômica na Venezuela, muitas mulheres que vieram a Boa Vista são aliciadas por empresários e passaram a se prostituir para ganhar dinheiro. O bairro Caimbé, próximo à Feira do Passarão, na zona Oeste da cidade, foi onde ocorreu o maior número de casos.

Nesta terça-feira (4) a Polícia Federal desencadeou em Roraima a Operação Codinome para combater o trafico de pessoas, exploração sexual, manutenção de casa de prostituição e rufianismo [quando agenciadores tiram proveito da prostituição alheia] em sete cidades do estado.

Fonte: Repórter Maceió notícias

 

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