12.04.2017 -
Em algumas aldeias do sudeste de Portugal, a falta de padres católicos levou mulheres locais, simples fiéis, a celebrar elas próprias cerimônias para animar a vida religiosa destas comunidades, antigas, mas abertas à mudança.
Na minúscula igreja de Carrapatelo, aldeia de meia centena de casas construídas sobre uma colina com vista para os vinhedos da região de Reguengos de Monsaraz, Claudia Rocha, vestida de preto, se dirige a uma dezena de fiéis, mulheres idosas em sua maioria.
Enquanto sua bolsa de couro e seu smartphone a esperam apoiados no primeiro banco, a jovem de 31 anos conduz com facilidade esta “assembleia dominical na ausência de padre”.
Após as orações e os cantos litúrgicos, ela mesma comenta as leituras bíblicas do dia, como faria qualquer outro prelado.
Ao fim da cerimônia, distribui a comunhão como ocorre na missa, com a única diferença de que as hóstias que reparte foram benzidas por um padre e que ela não bebe o vinho que representa o sangue de Cristo.
“Se eu não estivesse aqui hoje, esta igreja estaria fechada. Pouco importa que seja mulher, diácono ou padre: o que conta é ter alguém que pertença à comunidade e mantenha o vínculo com o padre, inclusive quando ele não está”, explica à AFP.
Esta assistente social, divorciada e sem filhos, faz parte do grupo de 16 laicos, oito mulheres e oito homens, escolhidos pelo padre Manuel José Marques para ajudá-lo a conservar uma presença regular da igreja nas sete paróquias sob sua responsabilidade.
“Pode parecer raro e novo, mas não inventamos nada. Trata-se de uma ferramenta prevista pela Igreja há muito tempo, para os casos em que seja absolutamente necessário”, destaca este padre de 57 anos.
Efetivamente, outros países têm este tipo de celebrações sem ministro ordenado, como Alemanha, França, Suíça ou Estados Unidos, devido à falta de padres católicos.
Sua aparição remonta aos anos 80, mas o Vaticano e muitos eclesiásticos se negam a encorajá-la por medo de uma banalização da missa.
O padre Manuel José, por sua vez, não encara isso com maus olhos. Em Reguengos de Monsaraz, localidade da região do Alentejo, perto da fronteira com a Espanha, assembleias dominicais como essas, realizadas há mais de uma década, são necessárias.
Os fiéis que o ajudam de forma voluntária, de 24 a 65 anos, “são pessoas que têm a experiência da fé e do encontro com Jesus Cristo, e que sabem falar disso”, resume, ressaltando que não faz nenhuma distinção entre homens e mulheres.
O recurso às mulheres laicas existe em outras regiões rurais de Portugal, país de dez milhões de habitantes, dos quais 88% são católicos, segundo estimativas da Igreja, e que tem apenas 3.500 padres para 4.400 paróquias.
Em agosto passado, o papa Francisco criou uma comissão de estudo sobre o papel das mulheres diaconisas nos trabalhos do cristianismo. E embora tenha desmentido ter “aberto o caminho para as diaconisas”, sua iniciativa é encarada como um gesto de abertura potencialmente histórico sobre o papel das mulheres no seio da Igreja.
“É um assunto muito delicado, mas nós o simplificamos. Nesta pequena aldeia, tomamos a dianteira do Vaticano”, considera Claudia Rocha ao sair da igreja.
Exibindo um espírito progressista, o padre Manuel José considera que “as mulheres seriam padres e diaconistas muito boas”. No entanto, adverte, “não é a opinião de um padre nem de dez que fazem a teologia”.
Os paroquianos, por sua vez, aprovam a presença de uma mulher no púlpito. “No início achávamos estranho: ‘Uma mulher ministrando a missa?’ Mas depois nos acostumamos”, explica Angélica Vital, aposentada de 78 anos.
“E, se faltam padres, acredito que deveriam poder se casar… são homens, assim como o resto”, afirma com um sorriso. Fonte: ISTOÉ
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Sobre a possibilidade da ordenação sacerdotal de mulheres:
A Igreja já se pronunciou de maneira definitiva sobre o tema. Em 22 de maio de 1994, em um dos atos mais solenes de seu pontificado, o Bem-aventurado Papa João Paulo II publicou a Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, na qual ensina aos católicos de modo infalível sobre o tema. A leitura da carta é bastante salutar, porém, por agora, basta que seja transcrita a sua parte mais importante:
"Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja".
Ora, o que se percebe é que a Igreja não tem o poder de mudar essa orientação, pois ela pertence à sua própria constituição, ou seja, foi Deus mesmo quem criou a Igreja, é uma criação divina e, por isso, não pode ser modificada
O Papa Paulo VI afirmou: “O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor mesmo nos nossos tempos, caracterizados por transformação profunda na mentalidade e nas estruturas” (Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, nº 01).
“A verdadeira e profunda razão do celibato é, como já dissemos, a escolha duma relação pessoal mais íntima e completa com o mistério de Cristo e da Igreja, em prol da humanidade inteira. Nesta escolha há lugar, sem dúvida, para a expressão dos valores supremos e humanos no grau mais elevado” (Carta Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, nº 54).
O Catecismo da Igreja Católica assim nos diz: “Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato ‘por causa do Reino dos Céus’ (Mt 19,12). Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a ‘cuidar das coisas do Senhor’, entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus” (§1579).
Disse Santo Atanásio: "Não devemos perder de vista a Tradição, a Doutrina e a Fé da Igreja Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os Apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram. De fato, a Tradição constitui o alicerce da Igreja, e todo aquele que dela se afasta deixa de ser Cristão e não merece mais usar este nome. Mesmo que os católicos fiéis à Tradição estejam reduzidos a um punhado, são eles que são a verdadeira Igreja de Jesus Cristo",
Nos recorda este Servo de Deus que hoje em dia, em todo o âmbito social, somos confrontados com uma mudança de mentalidade, um movimento rebelde, que deseja apoderar-se também da Igreja, e aos poucos essas ideologias mundanas atingem membros, mesmo do clero, que desejam aplicar esses pensamentos também na Igreja. Essa invasão foi muito bem esclarecida por Paulo VI, ao dizer que: “Por alguma brecha a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus: existe a dúvida, a incerteza, a problemática, a inquietação, o confronto. Não se tem mais confiança na Igreja; põe-se confiança no primeiro profano que nos vem falar em algum jornal ou em algum movimento social, para recorrer a ele pedindo-lhe se ele tem a fórmula da verdadeira vida. E não advertimos, em vez disso, sermos nós os donos e os mestres. Entrou a dúvida nas nossas consciências, e entrou pelas janelas que deviam em vez disso, serem abertas à luz…” (Discurso em 29 de Junho de 1972)
Dizia São João Maria Vianney: “Quando um cristão avista um padre deve pensar em Nosso Senhor Jesus Cristo”. E ainda: “Se a Igreja não tivesse o sacramento da ordem, não teríamos entre nós Jesus Cristo”.