28.01.2017 -
Christopher A. Ferrara | FatimaNetWork – 13 de Janeiro de 2017
Deveria ser mais do que evidente que Francisco não é capaz de forçar a Igreja a aceitar a drástica erosão da ordem moral denunciada na Carta dos Quatro Cardeais — desde a oposição à Amoris Laetitia que se avoluma por toda a parte no Mundo Católico e se estende a círculos que dificilmente poderiam ser relegados como “tradicionalistas radicais” (seja o que for que isso signifique).
Testemunha-o um artigo acabado de sair em The Wanderer, publicação com uma longa história de oposição às objeções tradicionalistas às inovações de uma Igreja pós-Vaticano II. No seu artigo, um dos principais na primeira página, sob o título “Não São Só os Quatro Cardeais que Precisam de uma Resposta”, Joseph Matt não está com meias medidas. Tal como esta coluna fez, Matt não só defende os Quatro Cardeais como também dirige uma severa crítica ao Cardeal Müller, pela sua súbita retratação das sérias reservas em relação à Amoris Laetitia — incluindo umas 20 páginas de correções propostas ao documento, que ele apresentara na sua qualidade de Chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, não tendo nenhuma delas sido aceite. Matt também se insurge contra a vergonhosa tentativa de Müller de passar uma rasteira fatal aos Quatro Cardeais.
“Parece que outro Prelado abandonou o seu posto” — escreve Matt, referindo-se a Müller. Repare-se nas implicações que tem esta única frase: i) que Müller deveria estar a defender a integridade da Doutrina Católica contra um documento promulgado pelo Papa; ii) que é uma verdadeira guerra que está em curso; iii) e que Müller mostrou covardia frente ao inimigo, ao abandonar o seu posto.
A fuga de Müller ‘a esconder-se no meio da erva alta’ — continua Matt — é “um golpe grave para a situação atual das dubia. Qual é a relevância da Congregação para a Doutrina da Fé, se nem sequer consegue resposta para um assunto que requer uma clarificação no que diz respeito à Fé Católica? A atitude de Müller acrescenta-se à campanha incessante e sem caridade do interior da Igreja para marginalizar esses quatro corajosos Cardeais. “O tratamento que eles recebem dos seus pares é absolutamente escandaloso e constitui uma grave injustiça para com eles e para com a nossa Igreja. Estes homens bons que só procuram obter respostas claras para questões básicas da Fé Católica não merecem um tal desrespeito como este de que estão a ser alvo por parte dos outros eclesiásticos.”
Levando o assunto ainda mais alto, Matt observa com toda a precisão: “O tempo de estar calado sobre este assunto entre pares — Cardeais, Bispos e padres — já passou. Que ninguém se iluda quanto a isso! Trata-se de um evento que traçou limites no terreno, o que trará consequências no futuro imediato da Igreja Católica. Os que permanecerem calados sobre este assunto serão cúmplices nas suas consequências. O Vaticano, infelizmente, servindo-se da intimidação e de uma forma quase ditatorial, tentou apresentar os Quatro Cardeais e aqueles que os apoiam como estando a atacar o Papa, ou então desautorizou-os sem mais, devido a alegados motivos ulteriores.”
Mas que papel terá nisto o Papa? Parece que o The Wanderer já não precisa de ser cauteloso a identificar o problema do cimo que se ramifica, para o fundo, em problemas enormes. O artigo de Joseph Matt termina com uma espécie de ‘carta aberta’ a Francisco, em que lhe pede respeitosamente que ponha fim à crise que foi só ele a criar, com as suas próprias palavras:
“Quem tiver sido criado nos ensinamentos básicos do Catolicismo sabe que todo aquele que estiver em estado de pecado mortal objetivo não pode receber os Sacramentos…. Se for aberta esta exceção, logicamente a nossa Fé Católica depressa sofrerá. Ela perderia, pura e simplesmente, a sua base e a sua substância. Qualquer Católico que aprendeu o Catecismo sabe que:
“Com todo o respeito que lhe é devido, o silêncio do Papa sobre este assunto e o ataque implacável aos Quatro Cardeais só aumenta a crescente divisão na Igreja. Os Católicos conscientes estão a ficar preocupados e mesmo irritados porque a Fé que receberam dos seus pais — com uma base histórica de 2.000 anos de ensino do Magisterium e da Tradição — está a ser minada e ameaçada.
“Há casos que só o Papa pode resolver, e este é um desses casos. Não é o seu porta-voz nem os seus representantes; mas sim o Papa, o Pastor dos Pastores, o Vigário de Cristo na Terra, que tem de responder e de guiar o seu rebanho quando se levantam questões desta magnitude. E, afinal de contas, foram as próprias palavras do Papa que criaram esta controvérsia….
“Atente Vossa Santidade: os Cardeais merecem uma resposta; os fiéis católicos merecem uma resposta. Os fiéis católicos já estão a ficar cada vez mais circunspectos e até irritados. O significado do decorrido Ano da Misericórdia soa a ‘oco’, não é sincero, quando se repara no tratamento injusto de quatro Cardeais sinceros e de boa reputação, que são censurados e desfeiteados por fazerem aquilo que Deus os chamou a fazer. Os Céus clamam por simples justiça sobre este assunto.
“Intimidação e ameaças não impediram os mártires, os discípulos, e os Católicos fiéis de proclamarem, através dos tempos, os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não deixemos que elas nos detenham! Apoiemos vivamente estes Cardeais! Marquemos presença em prol da nossa Fé! Que a voz desses Cardeais se faça ouvir!”
Nunca, na sua longa história, The Wanderer publicou semelhantes críticas a um Papa reinante. Mas também nunca houve, na História da Igreja, um Papa como Francisco!
The Wanderer merece ser elogiado por tomar partido publicamente contra um Pontífice Romano manifestamente voluntarioso, em vez de fazer o que outros comentadores católicos fizeram: retorcerem-se que nem minhocas no anzol na tentativa desesperada de explicarem como é que um Papa poderia exprimir a ideia de que pessoas que vivem num contínuo estado de adultério público podem receber a Sagrada Comunhão continuando com as suas relações sexuais fora do casamento. Tal como os Fariseus, eles montam complicados “casos difíceis” que façam as “exceções” parecer razoáveis, ignorando a impossibilidade intrínseca deste sacrilégio.
O Cardeal Walter Brandmuller — um dos Quatro Cardeais que o Cardeal Müller essencialmente atraiçoou — apresenta o caso do seguinte modo: “Quem pensar que o adultério persistente e a receção da Sagrada Comunhão são compatíveis é um herege e promove o cisma.” Mas o problema assombroso com que hoje nos confrontamos é o facto de termos um Papa que, ao que parece, pensa precisamente desse modo, e é por isso que guarda um silêncio sepulcral perante as dubia dos quatro Cardeais’.
Mas à medida que The Wanderer reúne os Católicos fiéis que, pelo mundo inteiro, se manifestam contra este abuso sem precedentes da autoridade pontifícia, torna-se cada vez mais claro, dia após dia, que Francisco não será capaz de impor a sua vontade a todo o universo da Igreja Católica. E esta controvérsia não terminará até que um Papa reafirme a ortodoxia, alto e bom som,seja ele Francisco ou o seu sucessor. Em última instância, é Deus que governa a Igreja; não é Francisco. E, no tempo que Deus determinar, será o Espírito Santo a desfazer aquilo que Francisco fez.
Publicado originalmente: FatimaNetWork via Sensus Fidei
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Declarou o Arcebispo francês Marcel Lefebvre:
"Não será dever de um católico julgar entre a fé que lhe ensinam hoje e a que foi ensinada durante vinte séculos de tradição da Igreja? Ora, eu acredito sinceramente que estamos tratando com uma falsificação da Igreja, e não com a Igreja católica. Por quê? Porque eles não ensinam mais a fé católica. Não defendem mais a fé católica. Eles arrastam a Igreja para algo diferente da Igreja Católica. A verdade e o erro não estão em pé de igualdade. Isso seria colocar Deus e o diabo em pé de igualdade, visto que o diabo é o pai da mentira, o pai do erro. Como poderíamos nós, por obediência servil e cega, fazer o jogo desses cismáticos que nos pedem colaboração para seus empreendimentos de destruição da Igreja? Se acontecesse do papa não fosse mais o servo da verdade, ele não seria mais papa. Não poderíamos seguir alguém que nos arrastasse ao erro. Isto é evidente. Não sou eu quem julga o Santo Padre, é a Tradição. Para que o Papa represente a Igreja e seja dela a imagem, é preciso que esteja unido a ela tanto no espaço como no tempo já que a Igreja é uma Tradição viva na sua essência. Na medida em que o Papa se afastar dessa Tradição estará se tornando cismático, terá rompido com a Igreja. Eis porque estamos prontos e submissos para aceitar tudo o que for conforme à nossa fé católica, tal como foi ensinada durante dois mil anos mas recusamos tudo o que lhe é contrário. E é por isso que não estamos no cisma, somos os continuadores da Igreja católica. São aqueles que fazem as novidades que estão no cisma. Estou com vinte séculos de Igreja, e estou com todos os Santos do Céu!”
Declarou o Papa São Félix III: "Não se opor a um erro é aprová-lo. Não defender a verdade é suprimi-la".
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