20.12.2016 -
Francisco Bons fluídos
Por Fray Gerundio – Adelante la Fe | Tradução Frei Zaqueu.
Há alguns velhos que utilizam a linguagem, expressões e locuções da moda entre os jovens, pensando que por isso serão incluídos imediatamente em seus círculos de rendidos admiradores. De igual modo, há pessoas que pensam que o uso de uma linguagem vulgar e grosseira irá permitir-lhes ser mais aceitos como simplórios e informais em certos grupinhos. Sempre me pareceu que em todos eles ferve um complexo de inferioridade, consistente em pedir perdão por parecer distinto deles, junto a um empenho denodado em demostrar plena identificação com seus modais.
Tenho visto muitas vezes em minha vida de frade. Nos últimos tempos, houve um Abade que aprendeu a soltar algumas gírias para ganhar os jovens noviços. Não só conseguiu que se rissem dele (porque utilizava os malsoantes vocábulos na hora errada, fora de hora e sem graça), senão que o situou em uma posição de superficialidade tal, que automaticamente gerou atitudes desrespeitosas por parte dos noviços. O que minha avó definia como subir na corcunda.
E é que quando alguém ostenta um Cargo de responsabilidade ou representa uma Instituição, tem que manter a dignidade em sua pessoa, em seus modos e maneiras, sob pena de lacerar e maltratar à Instituição mesma. Isto o sabem inclusive os mais tontos. Ainda que o esqueçam os malvados e os paranoicos amalucados.
O caso de Francisco não sei exatamente em que categoria descrevê-lo. Mas é certo que desde que chegou ao poder (de forma surpreendente -diz-, porque não se o esperava, apesar de andar aprendendo italiano como louco), há atarantado o Pontificado com uma dupla revolução: a da doutrina e a das maneiras. A primeira é a mais grave e importante, a propriamente destrutora, a que deixa tudo convertido em escombros, a de estragos e gangrena. Essa que os Bispos se prestam em confirmar e apoiar.
A segunda -a das maneiras-, também faz seu trabalhinho de chagrém. Muita gente que não chega a compreender a doutrina e a gravidade de sua aniquilação, se apercebe em televisões e imprensas diversas, das expressões e gesticulações. Lhe entra pelos olhos esse atrevimento insolente e grosseiro. De onde deriva -inevitavelmente-, a consideração do Papado como tosco e barato, digno de um bárbaro mais que de um santo.
Há muitos exemplos na hemeroteca destes três anos e meio. Provocaram o efeito Francisco e me parece que agora estão promovendo o funesto Francisco. Temos passado pelo bastão que levava a velha (para referir-se a Santa Teresa), pela despedida do Angelus dos domingos com um “bom proveito!”, pelas batinas transparentes e voluntariamente envelhecidas, pelos elogios e firulas a Lutero e não sei quantas coisas mais. Tudo de forma muito legal. Com vocabulários “mui coloquiais” e sem aparência alguma de gravidade ou do que ele chama rigidez.
A carta enviada esta semana às prefeitas de Madrid e Barcelona, essas duas fêmeas que são ícone (como se diz agora) e exemplos vivos de espiritualidade e amor a Deus, aos católicos e a tudo o que represente vida eclesial, é um exemplo mais acrescido à lista. É que Francisco gosta destes personagenzinhos comunistóides tiranos. Forrados em suas contas correntes, ainda que denunciadores oficiais de todo o capitalismo. Se sente cômodo entre eles. Poderíamos fazer uma lista dos personagens pelos que Francisco tem se sentido mais encadeado nestes anos e veríamos quais são suas preferências.
A linguagem utilizada com estas jovens prefeitas é memorável:
- Rezem por mim, e se não rezam, mandem-me bons fluídos.
Tenho que olhar se no pontificado de São Pio X há alguma expressão parecida, mas me temo que não. Que é isso de bons fluídos? A que vem essa camaradagem e compadreio com duas mulheres exemplo de anticatolicismo rebentão e rançoso? Com que desenvoltura lhes diz que esta é sua casa e podem vir quando quiser?
O Senhor se misturava com os pobres e os pecadores, mas indubitavelmente era para atraí-los para Si, para levá-los ao caminho da salvação, para determiná-los a não pecar mais, para salvar suas almas. Francisco pelo contrário, os recebe para dizer-lhes que sigam adiante (como se necessitassem suas palavras de ânimo para isso), que Deus é misericordioso, que não façam caso das rigidezes doutrinais, que os vamos acompanhar a partir de agora (como se necessitassem de acompanhamento estes pássaros e pássaras). E é que passa o que eu digo. Não só que se identifica com eles, senão que os prefere aos demais e os anima a seguir atuando da mesma forma. E de passagem dá um tabefe aos azedões nostálgicos.
Por aqui diz alguém que em um comunicado com motivo do Natal, vai lhes mandar bons fluídos aos quatro cardeais dubitantes, pedindo-lhes oficialmente que rezem por ele. Esperemos que os quatro da fama, em lugar dos bons fluídos, lhe mandem o escrito definitivo que o declare fora da doutrina da Igreja. Já passa da hora.
Fray Gerundio - via Sensus Fidei
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