Frei Gerundio: Os doze videos sem piedade. Pois, "Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve" (I São João 4, 5)


16.12.2016 -

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Um de meus noviços veio a minha cela esta semana. Queria pedir-me conselho sobre um trabalho que deve fazer durante as próximas férias de natal. Havia proposto ao professor revisar em um breve estudo o que disseram os Santos Padres acerca do Verbo Encarnado. Mas o teólogo que os instrui, o proibiu peremptoriamente. Já se sabe que agora os estudos teológicos não são em absoluto acerca de doutrinas anacrônicas e culturalmente superadas, nem sobre as duas naturezas de Jesus Cristo e tolices semelhantes. Agora mais que estudar, se trata de investigar, desenvolver e explanar temas atuais periféricos. Casualmente, os temas periféricos sempre se centram em Francisco, com o qual a periferia vai é plantar batatas. Quando não têm que apresentar um ensaio sobre a Amoris Laetitia, devem fazer um breve resumo sobre a Laetitia do Pontificado; quando não é uma redação sobre o Papa dos Pobres, é uma montagem sobre o Efeito Francisco ou um vocabulário sobre as homilias em Santa Marta, que isso sim é teologia da boa.

Ao final, vendo o professor que meu noviço não se decidia por nada em concreto, o obrigou a fazer um trabalho audiovisual sobre os vídeos do Papa. Essa iniciativa, impulsionada pelo Espírito Santo em dezembro de 2015, consistente em mostrar ao mundo as intenções do Papa (pelas que se deve rezar sempre, segundo se nos ensinava na antiguidade), em forma de vídeo-mensagem. Uma curta gravação destinada a estabelecer uma química com o espectador e que transmitisse a necessidade da oração pelos temas que preocupam ao sucessor de Pedro.

Meu pobre noviço, que acaba de ler -por recomendação minha-, o Tratado de Santo Tomás sobre o Verbo Encarnado -para compensar o colesterol mau que lhe inoculam nas classes modernistas-, não sabe como começar seu trabalho. E teme por seu mal aproveitamento do período natalício, se não termina os deveres quanto antes. A verdade é que um Natal estudando estes vídeos, pode acabar em tragédia. Ao menos eu, daria fim a minha vida monástica pendurando meu hábito, antes de chegar ao final do primeiro vídeo.

O primeiro que se me há ocorrido aconselhar é o título. Dizem que isso é o último que há que fazer quando se escreve algo. Mas neste caso me veio a inspiração ao inverso. Porque uma vez meditado o título, vem em consequência -como se fosse uma demonstração matemática-, todo o demais. Lembrei de uma película que pude ver lá atrás pela minha juventude, antes de entrar no mosteiro, intitulada Doze homens sem piedade. Não é que tenha a ver muito uma coisa com a outra. Mas certamente, o primeiro que se me vem às mentes é que estes vídeos do papa são doze vídeos sem piedade. São doze vídeos humanos, excessivamente humanos. Expondo problemas puramente humanitários, pouco católicos em sua proposição e de uma inclinação nova-ordem-mundialista que puxa para trás.

Se conviermos com toda a doutrina vigente -pelo momento-, a piedade é um dom do Espírito Santo. Desses dons de verdade. Não dos que agora aparecem como de saldão ou queima de estoque. É um dom que se infunde na alma com o Sacramento da Confirmação e não em uma reunião de neocatecúmenos, na que alguém solta algumas frases desconexas e incoerentes. O dom de piedade católico (para concretar), nos leva a render homenagem a Deus como a nosso pai e -por extensão-, a tudo o que é seu. Já nos ensinavam em meus tempos de noviciado que, segundo Santo Agostinho, consistia também em não contradizer a Sagrada Escritura. Não creio que entrasse no elenco de objetos próprios desta virtude cristã, o cuidado por questões expressadas no plano populista, tão amadas pela progressia. Não imagino Santo Agostinho propondo a seus fiéis em Hipona que acolhessem aos bárbaros sem papeis, ou que dessem mais oportunidades às bárbaras, para que pudessem trabalhar fora de casa.

Meu noviço fez uma lista dos temas tratados nos doze vídeos de outrora. Há que reconhecer que não apresentam o mais mínimo resquício de piedade. Em boca de Bergoglio, soam ainda mais a mensagens da onu ou da unesco, organizações bem conhecidas por seu catolicismo integral.

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Estes são os temas teológicos tratados em cada um dos meses deste bendito ano de 2016.

Diálogo interreligioso.

Respeito à Criação.

Crianças e famílias em dificuldade.

Pequenos agricultores.

Mulheres na sociedade.

Solidariedade nas cidades.

Respeito aos povos indígenas.

Desporte para a cultura do encontro.

Para uma sociedade mais humana.

Trabalho dos jornalistas.

Países acolhendo refugiados.

Crianças soldados.

Não se pode pedir mais criatividade destrutiva ao longo de todo um ano. Não sei se continuarão com o desfalque durante o 2017, ainda que creia que não tiveram o sucessão esperado. Levamos três longos anos com este mote e com a mesma cantilena. Eles são do mundo, por isso falam das coisas do mundo e o mundo os ouve… disse uma vez o Espírito Santo, na primeira carta de São João. Claro que São João nunca viu estes apaixonantes vídeos nos que claramente se esconde a cruz de Cristo.

Ao final, aconselhei a meu atordoado noviço que se negue a fazer o ditoso trabalho. Porque teria que concluir que na película citada, os homens sem piedade chegam à Verdade graças ao empenho e a honestidade do ator principal. Pelo contrário, nos doze vídeos de Francisco, o ator principal enreda a todos os ouvintes na ambiguidade e o desconcerto. Na superficialidade e o naturalismo. Por isso diz Frei Malaquias que a ele lhe aproveita muito conhecer as intenções do Papa: para não pedir por elas. E eu com ele estou de acordo.

Por Fray Gerundio – Adelante la Fe  –  tradução Frei Zaqueu

Via: www.sensusfidei.com.br

 

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