30.11.2016 -
“Fale a verdade! Não tenha medo!” Se o bispo quer ser fiel ao Senhor deve vencer o medo. Deve falar a verdade, embora outros o condenem. Não deve haver medo. A coragem se consegue na oração, na meditação e na total entrega ao Senhor. Não se pode ter medo de dizer a verdade, pois Cristo é a Verdade, o Caminho e a Vida. (Cf. Jo 14. 6). Para combater a cultura da morte é necessário ter coragem.
Bispo Cristóvão Bialasik, bispo de Oruro, Bolívia, um nativo da Polônia e religioso da Sociedade do Verbo Divino, além de sua responsabilidade de Pastor da diocese nas terras altas da Bolívia, é o presidente da Fundação Vida e Família da Conferência Episcopal da Bolívia, e um grande defensor da cultura da vida.
Adelante Fé tem a honra de publicar — como já o fizemos quando o Bispo Bialasik decretou a proibição da comunhão na mão em sua Igreja diocesana assim como outras informações relacionadas ao mesmo —a presente entrevista na qual o prelado refere-se principalmente à missão central de um bispo católico que é a de proclamar a Verdade acima de tudo.
Como pode um bispo hoje efetivamente defender a vida?
Primeiro um bispo deve ser um homem consciente do problema que existe no mundo: o ataque constante dos políticos e as diferentes ideologias que ameaçam a vida e a dignidade do homem. Não pode duvidar em sua responsabilidade como ministro de Deus. Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos (cf. Lc 20,38). Portanto, o bispo como pai espiritual de todos os que vivem dentro de sua jurisdição, deve proteger e salvaguardar a vida de cada um deles, desde a concepção até a morte natural. Tem que defender a vida em todas as fases de seu desenvolvimento, de forma eficaz e com convicção, servindo-se de todos os meios possíveis ao nosso alcance para atingir o objetivo. Tem que ser corajoso, não pode ter medo. Deve ser seguro de sua fé e da verdade que ensina. Não pode duvidar, apesar dos ataques da cultura da morte. Deve ensinar com firmeza a Palavra de Vida e testemunhá-la através dos sermões, conferências e exemplos de vida. Deve ser profeta. Ensinar seus sacerdotes, agentes pastorais e todo o seu rebanho confiado aos seus cuidados, com firmeza, coragem e heroísmo missionário. A base da força é a nossa fé e união sacramental e espiritual constante com o Senhor. Através da oração constante Deus nos dará as graças necessárias para vencer o mundo.
É necessária uma coragem especial para enfrentar a poderosa cultura da morte?
Quando eu estava me preparando para ir para o Sínodo Ordinário da Família dos Bispos, que se realizou no Vaticano em 2015, preocupava-me um pensamento: O que devo dizer ao Papa e a todos os Padres Sinodais sobre o tema tão importante, conhecido e tão golpeado pela sociedade? Em uma ocasião perguntei, então, a um monge beneditino idoso, um especialista no assunto: Padre, o que tenho a fazer no Sínodo, o que devo dizer? Parece-me que todos já sabem tudo. Ele me olhou e disse: “Fale a verdade! Não tenha medo!”
Estas palavras sábias cravaram-se na mente e no coração: “Fale a verdade! Não tenha medo!” Se o bispo quer ser fiel ao Senhor deve vencer o medo. Deve falar a verdade, embora outros o condenem. Não deve haver medo. A coragem se consegue na oração, na meditação e na total entrega ao Senhor. Não se pode ter medo de dizer a verdade, pois Cristo é a Verdade, o Caminho e a Vida. (Cf. Jo 14. 6). Para combater a cultura da morte é necessário ter coragem. Venceremos com a ajuda e o exemplo do Senhor. Fomos criados por Deus para a vida. Por isso, o demônio da cultura da morte deve ser vencido pela oração e o jejum, com denúncia e firmeza, proclamando a verdade.
Até que ponto é importante conscientizar os fiéis da gravidade do pecado?
Não há ponto. A verdade é a verdade. A verdade nos torna livres. Devemos dizer toda a verdade aos fiéis, sem medo e com transparência. O pecado abominável do aborto não pode ser silenciado. Com a ajuda do Senhor, levando-a à luz do dia, podemos vencê-lo. Ocultar — ainda que uma pequenina parte — já nos torna cúmplices do mesmo. É importante sensibilizá-los sem cessar. Este é o nosso dever como seguidores de nosso Senhor. Ele tampouco se calava. Não se pode cobrir o sol com a peneira. É necessário denunciar cada pecado e, ainda mais, o homicídio, que é cometido em um nível mundial sob a proteção dos políticos, para com os nascituros que não podem sequer levantar a voz. Matar as crianças é a maior covardia deste mundo. Devemos de ser profetas para levantar a voz por aqueles que não têm voz. E estes são as crianças por nascer.
Com relação à família, como a engenharia social anticristã vem minando os alicerces desta célula básica da sociedade?
Ignorando e ridicularizando a verdadeira família, formada por um homem e uma mulher unidos sacramentalmente e as crianças.
Os grupos anticristãos impõem aos jovens outros modelos de família, que geralmente são invenções sociais, repletos de libertinagem, sem sentido, sem compromisso matrimonial nem familiar; ignoram e mais ainda, ridicularizam o matrimônio sacramental e a família. Impõem o relativismo, o hedonismo e outros “ismos” rejeitando o verdadeiro sentido da família. Sabemos que sem a verdadeira família não haverá sociedade saudável. Pois a família é a célula mais importante da sociedade. Se esta verdadeira família é golpeada, maltratada e/ou enferma, o mesmo também sucederá com a sociedade. O desejo dos anticristãos é destruir a família verdadeira para mutilar a sociedade.
De que lado a família é atacada e como podemos combater esses ataques?
Esta realidade, podemos combatê-la da seguinte maneira:
Ensinando a importância do casamento sacramental e a importância de ter filhos. Promover os valores da família, o respeito mútuo, o que ensina o Catecismo. Apoiar e acompanhar as famílias que sofrem, famílias pobres, necessitadas, sem esquecer nenhuma delas: pobres e ricas. Fornecer uma catequese adequada para pais e filhos.
É fácil de oferecer aos fiéis no século XXI a referência da Sagrada Família de Nazaré?
Embora não seja fácil oferecer aos fiéis no século XXI a referência da Sagrada Família de Nazaré como modelo maravilhoso do casamento e da família, a Igreja não pode deixar de proclamá-la como a revelação do único modelo de família por excelência, proposto por Deus. Nesta família nasce e cresce o Menino Jesus “em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc. 2: 52).
A Família de Nazaré abre o caminho para a possibilidade da experiência plena do casamento e da família humana como um santuário de amor e de vida, superando todos os contratempos e ataques que a ameaçam, particularmente aqueles que desconhecem e desprezam o Evangelho da salvação e da vida. O casamento e a família precisam mais do que nunca da Sagrada Família para reconhecer efetivamente sua própria origem, o seu sentido mais íntimo e os elementos internos e externos que os configuram de acordo com o plano de Deus, o Criador e Redentor do homem. O casamento, unido indissoluvelmente pelo verdadeiro amor, da doação recíproca dos esposos que floresce e frutifica na vida dos filhos, foi instituído por Deus e moldado por sua Lei, Lei da graça, que possibilita seu cumprimento íntegro e gratificante.
Ignorar esta verdade espiritual e moral, verdade constitutiva do casamento e da família, tem sido uma tentação constante da história, agravada em nosso tempo até os limites de uma radicalidade inesperada.
Na tentativa de equacionar a família, nascida e entranhada no matrimônio indissolúvel entre homem e mulher, a uniões de todos os tipos — o que propõe a sociedade, culmina-se pela destruição institucional sistemática da primeira célula da sociedade. Consequências atuais vivemos, por exemplo, na Europa: as sociedades envelhecidas, ameaçadas por uma mais do que provável quebra dos sistemas de sua segurança social, cada vez mais insensíveis às exigências da solidariedade mútua, nacional e internacional, a dor e o sofrimento de crianças e jovens são multiplicados pelas soluções de seus pais e a perda do insubstituível ambiente familiar que se cria e se recria ao calor do lar paterno.
Por que V. Ex.ª Revma promulgou um decreto proibindo a comunhão na mão? (Importância de comungar de joelhos e na boca)
Repartindo a comunhão durante a Santa Missa, não uma só vez, pude ver que diferentes pessoas que recebiam o Corpo de Cristo na mão, não o levavam à boca, mas queriam esconder a Hóstia Consagrada em seu bolso, para usá-la como medicamento para diferentes doenças e/ou usá-la em alguns rituais.
Isso não deve ser permitido. Trata-se, pois, do Corpo de Cristo, que foi e é profanado por muitas pessoas.
O ensinamento da Igreja expressa a importância da reverência dos fiéis em relação à Eucaristia e protege contra todo perigo de profanação das espécies eucarísticas (Instrução Redemptoris Sacramentum nº.92). Além disso, a Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos insiste: “Se há perigo de profanação, não se distribua a Comunhão na mão aos fiéis”.
Preocupado com a falta de respeito para com a Eucaristia e em comunhão com as normas da Igreja, tenho visto a necessidade de pôr em prática geral a comunhão na boca, não só para ajudar a recepção mais devota da Eucaristia e sustentar a fé na presença real e substancial de Jesus Cristo nela, mas também para evitar a profanação do Corpo de Cristo.
Por estas razões, em 6 de janeiro de 2016 eu decretei para a Diocese de Oruro a obrigação de seguir a Lei da Igreja para receber a Comunhão na boca.
(Entrevista de Javier Navascues)
Fonte: Adelante la Fe | Tradução Sensus Fidei
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Vamos lembrar o seguinte:
Magistério da Igreja, ao ser ouvido e compreendido, ensina aos demais a doutrina infalível. Sua altíssima missão é: proteger a seu Povo dos desvios e dos relaxamentos, e garantir-lhe a possibilidade objetiva de professar sem erro a fé autêntica. O Magistério é um instrumento que nos garante estar de acordo com a doutrina dos Apóstolos, ensinada a eles pelo próprio Divino Mestre Jesus. Portanto, a obrigação do Magistério está em cuidar que o povo de Deus permaneça na VERDADE e não no erro. Sem o Magistério o grande e belo edifício da doutrina verdadeira estaria sujeito a infiltração da heterodoxia, aquilo que não está de acordo com a doutrina e, assim, poderia mesclar-se com o erro, um antro de confusão, caos e horror.
"Nós, porém, sentimo-nos na obrigação de incessantemente dar graças a Deus a respeito de vós, irmãos queridos de Deus, porque desde o princípio vos escolheu Deus para vos dar a salvação, pela santificação do Espírito e pela fé na verdade. E pelo anúncio do nosso Evangelho vos chamou para tomardes parte na glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa. Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu consolação eterna e boa esperança pela sua graça, consolem os vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra!" (II Tessalonicenses 2, 10 -16)
"Mas, como Deus nos julgou dignos de nos confiar o Evangelho, falamos, não para agradar aos homens, e sim a Deus, que sonda os nossos corações". (I Tessalonicenses 2, 4)
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