Um padre escreve para uma atriz pornô: Eu entendo o seu sofrimento. E rezo a Deus por todas as pessoas machucadas pela pornografia


16.10.2016 - Hora desta Atualização - 11h40

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Prezada Amarna,

O meu nome é Patxi Bronchalo e eu sou padre. Um padre do interior. Um daqueles a quem você chama de “guardiães da moral” (parecemos personagens da Caverna do Dragão). Apenas mais um.

Nos meus quatro anos como sacerdote, já tive muitíssimas alegrias e também momentos difíceis, e só posso agradecer muito por quem sou. Em nenhum dia me arrependi de seguir a Deus.

Queria escrever a você por causa do anúncio do Salão Erótico de Barcelona, que se tornou viral no Twitter.

[Nota da redação: em vídeo, Amarna chama a sociedade espanhola de hipócrita e faz acusações especialmente duras contra a Igreja devido aos casos de abusos sexuais contra menores, além de algumas declarações a respeito de Nossa Senhora que podem constituir blasfêmia]

[O Salão Erótico de Barcelona] parece um tema estranho para que eu opine. Nunca procurei os vídeos que você faz, mas quero comentar esse anúncio. Sei que estou me arriscando a piadas de todo tipo por ser padre, mas faz parte; as redes sociais têm dessas coisas.

Assim como você, eu olho com preocupação para a situação do nosso país. Indo além do que sai nos jornais, eu lido todos os dias com o sofrimento das pessoas. Você pode imaginar… Famílias que perderam sua casa, jovens e idosos que perderam o trabalho, emigrantes que ninguém aqui parece querer, pessoas de todo tipo despedaçadas por problemas familiares dos mais variados. É duro até dizer isso, mas quase não há um dia em que eu não veja uma pessoa chorar.

Também concordo com você que vivemos rodeados de hipocrisia. É verdade. Não é um problema espanhol, é um problema da humanidade. Nós, as pessoas, tendemos a pensar uma coisa e dizer outra. Não é nada de novo.

Os cristãos se apoiam no Evangelho de Jesus Cristo e mais da metade das suas páginas nos pedem muito cuidado para não sermos “fariseus”. São um chamado à coragem, à autenticidade e à coerência.

Nós, padres, somos acusados muitas vezes de sair dizendo a todo o mundo o que eles têm que fazer, como têm que viver, o que está errado… como se fôssemos melhores que os outros. Temos essa fama, embora a maioria das pessoas se surpreenda bastante quando conhece um de nós pessoalmente. Não somos gente esquisita. Muitos até nos acham simpáticos.

Acontece que, por trás dessa acusação que nos fazem, existe uma grande verdade que não devemos esquecer nunca: nós temos que nos colocar na pele do outro antes de falar dele.

É só assim que podemos ver que o sofrimento é o grito da alma que se afoga. Como já contei, nós, padres, ouvimos com muita frequência esse grito. Não podemos nos enganar.

Não somos só carne. O que escolhemos com a nossa liberdade física, o que os outros nos fazem com a deles, tudo isso tem consequências na alma; na vida.

Grande parte do sofrimento que eu encontro é de mulheres. Conheci prostitutas com feridas profundíssimas na alma, já marcadas para a vida inteira, por terem sido tratadas dia após dia como objetos e não como pessoas. Nenhum daqueles que as usaram se colocou na sua pele.

Conheci mães com sofrimentos atrozes depois de abortarem, mesmo já tendo passado muitos anos (mas ninguém costuma falar disso). Nenhum dos que as aconselharam a abortar se colocou na pele delas; e poucos sabem agora o que fazer para que elas voltem a ficar bem.

Conheci pessoas machucadas pela pornografia. Nos dois lados. Detrás da tela conheço muitos homens que são viciados; que, por causa desse vício, perderam a mulher e os filhos.

O pornô funciona como uma droga: exige cada vez mais conteúdo, e conteúdo cada vez mais forte, para saciar quem o consome. Eu acredito que, no passar dos anos, vamos ver ainda mais consequências. E me atrevo a dizer mais uma coisa, mesmo sabendo que é politicamente incorreto: não nos enganemos, a pornografia e a pedofilia têm muito a ver.

Do seu lado da tela, pude conhecer o testemunho de uma moça. Ela é uma das pessoas que eu mais vi sofrer na minha vida. As feridas familiares da infância e da juventude a levaram a esse mundo; ela achava que era uma espécie de libertação; que, trabalhando assim, ela ia ser desejada e valorizada. Uma grande mentira. Foi tratada como um pedaço de carne em um mercado sem amor. Ela mesma dizia isso. Eu me pergunto: é isso que é o feminismo? É assim que se liberta a mulher? Tem alguma coisa que não está funcionando. Ela mesma também dizia: só o amor pode encher a alma.

Não pretendo passar a vida dizendo a cada um o que ele tem que fazer. Só queria dizer que conheci muito sofrimento e que eu preciso contar isso. Não conheço você, não sei se você pensa mal de todos os padres, se conheceu algum.

O que eu sei é que eu não odeio você e entendo que você pode ter muitas feridas que a fazem sofrer. Rezo por elas. Rezo por você. E rezo a Deus por todas as pessoas machucadas pela pornografia.

Uma saudação cordial,

Padre Patxi Bronchalo

Fonte: http://pt.aleteia.org

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Lembrando o artigo de Santo Alberto Hurtado:

“Este recebe os pecadores!” (Lc 15, 2).

Essas palavras são como o distintivo exclusivo de Jesus Cristo.

A obra do padre Hurtado foi o Lar de Cristo. Ele mesmo relatou que numa noite fria e chuvosa, aproximou-se dele um pobre homem com amigdalite aguda, tremendo, em mangas de camisa, que não tinha para onde ir. Pregando um retiro para senhoras na Casa do Apostolado Popular, falou-lhes sobre a miséria que havia em Santiago e a necessidade da caridade.

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A paixão e emoção com que o padre Hurtado falou nessa noite fez nascer o Lar de Cristo. À saída do retiro, ele recebeu as primeiras doações, um terreno, vários cheques e joias da parte das senhoras presentes.

Em maio de 1945, o arcebispo de Santiago, Dom José María Caro, abençoou a primeira sede do Lar de Cristo. Santo Alberto saía à noite em busca de crianças e jovens que estivessem nas ruas, debaixo de pontes, e os levava para o Lar de Cristo.

Escreveu o Santo Alberto Hurtado:

“Este recebe os pecadores!”, era a acusação que lançavam contra Jesus Cristo, hipocritamente escandalizados, os fariseus (Lc 15, 2). “Este recebe os pecadores!”. E é verdade! Essas palavras são como o distintivo exclusivo de Jesus Cristo. Aí podem escrever-se sobre essa cruz, na porta desse Sacrário!

Distintivo exclusivo, porque se não é Jesus Cristo, quem recebe misericordiosamente os pecadores? Por acaso o mundo?… O mundo?… por Deus!, se se nos assomara diante toda a lepra moral de injustiças que quiçá ocultamos nas dobras da consciência, o que faria o mundo senão fugir de nós gritando escandalizado: Fora o leproso!? Rechaçar-nos brutalmente, dizendo-nos, como o fariseu, afasta-te que manchas com o teu contato!

O mundo faz pecadores os homens, mas logo que os faz pecadores, condena-os, injuria-os, e acrescenta à lama dos seus pecados a lama do desprezo. Lama sobre lama é o mundo: o mundo não recebe os pecadores. Somente Jesus Cristo recebe os pecadores.

São João Crisóstomo: Meu Deus, tem misericórdia de mim! Misericórdia pedes? Pois não temas! Onde há misericórdia não há investigações judiciais sobre a culpa, nem aparato de tribunais, nem necessidade de alegar raciocinadas escusas. Grande é a tormenta dos meus pecados, meu Deus! Mas, maior é a bonança da tua misericórdia!

Jesus Cristo, logo que apareceu no mundo, a quem chama? Os magos! E depois dos magos? Ao publicano! E depois do publicano a prostituta. E depois da prostituta? O salteador! E depois do salteador? O perseguidor ímpio.

Vives como um infiel? Infiéis eram os magos. És usurário? Usurário era o publicano. És impuro? Impura era a prostituta. És homicida? Homicida era o salteador. És ímpio? Ímpio era Paulo, porque primeiro foi blasfemo e logo apóstolo; primeiro perseguidor, logo evangelista… Não me digas: “sou blasfemo, sou sacrílego, sou impuro”. Pois, não tens exemplo de todos os pecados perdoados por Deus?

Pecaste? Faz penitência. Pecaste mil vezes? Recorda sempre estas quatro palavras: “Jesus recebe os pecadores”, palavras que são um grito inefável do amor, uma efusão inesgotável de misericórdia, e uma promessa inquebrantável de perdão. Fonte: Fundación Padre Hurtado

 


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