16.07.2016 - Hora desta Atualização - 14h27
A Igreja Católica define de forma muito clara (CIC 65, 66) que a revelação pública, oficial, está concluída e é a que vemos nos livros canônicos da Bíblia. Corresponde à fé cristã compreender gradualmente seu conteúdo.
Isso não impede que haja revelações privadas (CIC 67), que não melhoram nem completam a Revelação definitiva de Cristo, mas sim podem ajudar a vivê-la mais plenamente em uma determinada época histórica. Ou seja, pode haver livros inspirados, mas não canônicos.
O especialista François Michel Debroise nos dá uma informação muito completa sobre o tema.
Maria Valtorta, mística italiana falecida em 1961, foi um exemplo de alma extraordinária com vida extraordinária. Foi uma das 18 grandes místicas marianas. Aos 23 anos, um anarquista a espancou com uma barra de ferro, deixando-a com limitações físicas. Ficou 9 anos de cama. E uniu todas as suas dores à paixão de Jesus.
Seu confessor, ao ver a grandeza dessa alma, pediu-lhe que escrevesse sua biografia. Tudo isso aconteceu em plena guerra mundial. Depois de escrever sua biografia, de 1943 a 1950, ela começou a receber uma série de visões, que transcreveu em 17 volumes, entre eles sua obra mais conhecida e polêmica: “O Evangelho como me foi revelado”. Em 4800 páginas, ela relata a vida de Cristo, dia a dia.
O Papa Paulo VI apoiou a leitura da obra de Maria Valtorta, assim como o Padre Pio. A Madre Teresa de Calcutá era uma leitora assídua dos seus escritos. A celebração dos 50 anos da morte de Maria Valtorta foi acompanhado por altas personalidades da Igreja.
Do ponto de vista histórico, os biblistas se surpreendem com como uma pessoa que não teve estudos possa ter um conhecimento tão detalhado.
O leitor desta narração fica preso, porque a obra o introduz nas cenas da vida de Jesus como um espectador presente. É uma narração extraordinária do ponto de vista teológico, histórico e científico. (Fonte: Aleteia)
A CARIDADE É O PRÓPRIO DEUS
Foi isso mesmo que aconteceu em Israel. Quiseram dividir, separar as duas partes, que estavam tão bem unidas, a ponto de formarem uma só coisa, e quiseram retocar o que já estava perfeito. Pois toda obra de Deus é perfeita. E, por isso, se Deus no Sinai deu a ordem da amar ao Deus Santíssimo, e ao próximo, em um único preceito, é claro que não são dois preceitos, que podem ser praticados independentemente um do outro, mas são um só preceito. E, não me bastando nunca formar-vos para esta sublime virtude, a que sobe com a alma ao Céu, porque é a única que continua a existir no Céu, por isso insisto sobre ela, que é a alma de toda a vida do espírito, o qual perde a vida, se perder a Caridade, porque perde a Deus.
Ouvi-me. Fazei de conta que em vossa casa venham bater um dia dois esposos muito ricos, pedindo hospedagem para toda a sua vida. Vós podeis dizer: “Aceitamos o esposo, mas não queremos a esposa”, sem quererdes ouvir isto que o esposo responde: “Assim não pode ser, porque eu não posso separar-me da carne da minha carne. Se vós não a quereis acolher, eu também não posso ficar junto de vós, e vou-me embora com todos os meus tesouros, dos quais eu vos teria feito participantes.”
Deus está unido à Caridade. Esta é verdadeiramente mais íntima do que o amor de dois esposos, que se amam intensamente, como espírito do seu Espírito. A Caridade é o próprio Deus.
A Caridade não é mais do que o aspecto mais ostensivo, mais ilustrativo de Deus. Entre todos os seus atributos, ela é o atributo-rei, o atributo-origem, porque todos os outros atributos de Deus ainda nascem da Caridade.
Que é o Poder, senão a Caridade que age?
Que é a Sabedoria, senão a Caridade que ensina?
Que é a Misericórdia, senão a Caridade que perdoa?
Que é a Justiça, senão a Caridade que administra
Agora, conforme o que acabo de dizer, podeis vós pensar que quem não tem a Caridade tem a Deus? Não tem. Podeis pensar que ele possa acolher a Deus e não à Caridade. A Caridade que é única, abraçando o Criador e as criaturas, e que não se pode ter dela somente uma metade, aquela, a que se deve ter para com o próximo?
Deus está nas criaturas. Nelas está com o seu sinal indestrutível, com seus direitos de Pai, de Esposo, de Rei. A alma é o trono dele, seu corpo, seu templo. Mas o que não ama um seu irmão, e o despreza, faz sofrer e desconhece o Dono da casa do seu irmão, o Esposo do irmão, e é natural que este grande Ser, que é tudo, e que está presente em um irmão, em todos os irmãos, tome como feita a Si a ofensa feita ao ser menor, à parte do Todo, isto é, a cada homem.
Por isso Eu vos ensinei as obras de misericórdia corporais e espirituais, por isso Eu vos ensinei a não julgar, a não desprezar, a não repelir os irmãos, tanto bons como maus, fiéis ou gentios, amigos ou inimigos, ricos ou pobres.
Quem dá aos pobres, a Deus dá.
Quando em um tálamo se realiza uma concepção, esta se realiza com um mesmo ato, tanto em um tálamo de ouro, como sobre a esteira do estábulo. E a criatura que se forma no seio de uma rainha não é diferente da que se forma no seio de uma mendiga, mas é igual em todos os pontos da terra, seja qual for a religião delas. Todas as criaturas nascem como nasceram Abel e Caim, do seio de Eva. E a igualdade da concepção, formação e modo de nascer dos filhos de um homem e de uma mulher sobre a terra, corresponde a uma outra igualdade no Céu, a criação de uma alma a ser infundida no embrião para que ele seja de homem e não de animal, e o acompanhe, desde o momento em que foi criado até a morte, e lhe sobreviva, na esperança da ressurreição universal, para se unirem de novo agora, no corpo ressuscitado, e receber com ele o prêmio ou o castigo. O prêmio ou o castigo, de acordo com as ações praticadas durante a vida terrena.
Para que não fiqueis pensando que a Caridade seja injusta e que só porque muitos não serão de Israel ou de Cristo, mas sendo virtuosos na religião que seguem, convencidos de que ela é verdadeira, tenham que ficar para sempre sem prêmio. Depois do fim do mundo, não sobreviverá outra virtude, a não ser a caridade, isto é, a união com o Criador de todas as criaturas, que viveram com justiça. Não haverá muitos Céus, um para Israel, um para os cristãos, um para os católicos, um para os gentios, um para os pagãos. Não haverá mais de um. Haverá um só Céu. E, portanto, haverá um só prêmio: Deus, o Criador, que se reúne com suas criaturas, que viveram na justiça, nas quais, pela beleza dos espíritos e dos corpos dos Santos, admitir-se-á de Si mesmo, com uma alegria de Pai e de Deus. Haverá um só Senhor. Não um Senhor para Israel, outro para o Catolicismo, outro para cada uma das outras religiões.
Agora vou revelar-vos uma grande verdade. Lembrai-vos dela. Transmiti-a aos vossos sucessores. Não fiqueis sempre esperando que o Espírito Santo esclareça as verdades, depois de anos e séculos de obscurantismo. Ouvi. Vós talvez direis: “Mas, então, que vantagem há em sermos da religião que é santa, se no fim do mundo iremos ser tratados todos do mesmo modo, como o serão os gentios?” Eu vos respondo: É a mesma a justiça que há, e é uma verdadeira justiça, para aqueles que, mesmo sendo da verdadeira religião santa, ainda não forem felizes, por não terem vivido como santos. Um pagão virtuoso, somente por ter vivido virtuosamente, convencido de que sua religião era boa, terá, no fim o Céu. Mas quando? No fim do mundo, quando, das quatro moradas dos mortos,(Limbo, Purgatório, Céu e Inferno) só duas subsistirão, isto é, o Céu e o Inferno. Porque a Justiça, naquele momento, só poderá conservar e dar ao dois reinos a quem, da árvore do livre arbítrio quis escolher os frutos bons, ou quis os frutos maus.
Mas quanto se terá que esperar antes que um pagão virtuoso chegue àquele prêmio!... Não pensais nisso? E essa espera, especialmente a partir do momento no qual a Redenção, com todos os seus conseqüentes prodígios, já se tiver verificado, e o Evangelho tiver sido pregado, é que será a purificação das almas, que viveram como justos em outra religião, mas não puderam entrar na Verdadeira Fé, depois de a terem conhecido como existente e de provada realidade. Para esses o Limbo, pelos séculos dos séculos, até o fim do mundo. Para os que crêem no verdadeiro Deus, mas não souberam ser heroicamente santos, haverá um longo purgatório, que para alguns poderá terminar no fim do mundo. Mas, depois da expiação e da espera, seja qual for a sua proveniência, estarão todos à direita de Deus. E os maus, seja qual for a sua proveniência, à esquerda, e depois, no inferno horrível, enquanto o Salvador entrará, com os bons, no Reino eterno.”
“Senhor, perdoa, se eu não te entendo. O que estás dizendo é muito difícil... pelo menos para mim... Tu dizes sempre que és o Salvador e que redimirás aos que crêem em Ti. E, então, aqueles que não crêem, ou porque não te conheceram, por terem vivido antes de Ti, ou então, como é grande o mundo, por não terem tido notícia de Ti, como poderão ser salvos?”, pergunta Bartolomeu.
“Eu já to disse, pela vida de justos deles, por suas boas obras, pela fé deles, que eles crêem ser a verdadeira.”
“Mas eles não recorreram ao Salvador...”
“Mas o Salvador sofrerá também por eles. Não fazes ideia, ó filho de Tolmai, de qual seja a amplitude de valor que terão os meus méritos de Homem-Deus.”
“Meu Senhor, sempre menores que os de Deus, que aos que Tu tens, e desde todo o sempre.”
“Resposta justa e não justa resposta. Os méritos de Deus são infinitos, dizes tu. Tudo é infinito em Deus. Mas Deus não tem méritos, no sentido de não ter merecido. Ele tem os atributos de suas próprias virtudes. Ele é o que é: a Perfeição, o Infinito, o Onipotente. Mas, para merecer, precisa cumprir com esforço, alguma coisa que seja superior à nossa natureza. Não é um mérito comer, por exemplo. Mas pode granjear um mérito o saber comer. Pois pode granjear um mérito, o saber comer moderadamente, fazendo até verdadeiros sacrifícios para dar aquilo que economizamos aos pobres. Também não é nenhum mérito estarmos calados. Mas o pode ser, quando o fazemos para não rebater a uma ofensa. E assim por diante.
Agora tu compreendes que Deus não tem necessidade de esforçar-se a Si mesmo, pois é Perfeito e Infinito. Mas o Homem-Deus pode esforçar-se a Si mesmo, humilhando a infinita Natureza divina sob uma limitação humana, vencendo a natureza humana, que não está ausente, nem é metafísica nele, mas é real com todos os sentidos e sentimentos, com as suas possibilidades de sofrimento e de morte, com sua vontade livre.
Ninguém ama a morte, especialmente se ela é dolorosa, se é antes do tempo e não merecida. Ninguém a ama. E, no entanto, todo homem deve morrer. Por isso, ele deverá olhar a morte, com a mesma calma com que ele vê ir-se acabando tudo o que tem vida. Pois bem. Eu me esforço com minha humanidade para amar a morte. E não só isso. Eu escolhi a vida para poder ter a morte, pela humanidade. Por isso na minha veste de Homem-Deus adquiro aqueles merecimentos que, permanecendo Deus, Eu não podia adquirir. E com eles que são infinitos por causa da forma com que os adquiro, pela natureza divina unida à humana, pelas virtudes da Caridade e da obediência, com as quais Eu me coloquei em condições de os merecer pela Fortaleza, pela Justiça, pela Temperança e a Prudência, por todas as virtudes que Eu pus no meu coração para torná-lo agradável a Deus, meu Pai, Eu terei um poder infinito, não só como Deus, mas como homem que se imola por todos, ou seja, que atinge o limite máximo da Caridade.
É o sacrifício o que dá merecimento, Eu completo o sacrifício e completo o mérito. Perfeito o sacrifício e perfeito o mérito. E esse merecimento pode ser usado, segundo a santa vontade da vítima, a qual o Pai diz: “Seja como tu queres”. Porque ela o amou sem medida, e amou o próximo sem medida.
Eis que Eu vo-lo digo. O mais pobre dos homens pode ser o mais rico e beneficiar um número sem medida de irmãos, se ele souber amar até o sacrifício. Eu vo-lo digo: Ainda que não tivésseis nem mesmo uma migalha de pão, um copo d”água, uma veste esfarrapada, vós sempre podeis fazer benefícios. Como? Rezando e sofrendo pelos irmãos. Fazendo benefícios a quem? A todos. De que modo? De mil modos, todos santos, porque, se vós souberdes amar, sabereis agir como Deus, ensinar, perdoar, administrar, e, como Homem-Deus, até redimir.”
“Ó Senhor, dá-nos essa Caridade”, suspira João.
“Deus vo-la dou, porque a vós Ele se doa. Mas vós deveis acolhê-la e praticá-la sempre com maior perfeição. Nenhum acontecimento deve ser por vós separado da caridade. Desde os materiais, até os do espírito. Que tudo seja feito com caridade e pela caridade. Santificai as vossas ações, as vossas jornadas, ponde o sal e, vossas orações e a luz em vossas obras. A luz, o sabor, a santificação e a Caridade. Sem esta, são nulos os ritos, vãs as orações, e falsas as ofertas. Em verdade, Eu vos digo que o sorriso com que um pobre vos saúda como irmãos, tem mais valor do que um saco de moedas que alguém pode jogar a vossos pés, somente para ser notado. Sabei amar e Deus estará convosco sempre.”
“Ensina-nos a amar assim, Senhor.”
Há dois anos que Eu venho ensinando. Fazei o que me vedes fazer, e estareis na Caridade e a Caridade estará em vós, e sobre vós estará o selo, o crisma, a coroa que vos fará verdadeiramente reconhecer como ministros de Deus-Caridade. Agora vamos parar à sombra deste lugar. Aqui há grama abundante e alta, e as plantas sempre temperam o calor. Continuaremos a viagem à tarde...
(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 7)
Fonte: www.provasdaexistenciadedeus.blogspot.com.br (do amigo Antonio Calciolari)
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