Abyssus abyssum invocat: Um abismo atrai outro abismo


20.06.2016 - Hora desta Atualização - 10h35

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De abismo em abismo se chega a um ponto que aparentemente não tem volta. E a pessoa quer sempre mais fruir a vida. Mas, como o demônio nunca dá o que promete, essa procura desenfreada pelos prazeres pode levar a pessoa ao desespero e ao suicídio.

Um homem belga, de 39 anos, quer fazer eutanásia conforme as leis de seu país, onde esta prática é permitida. Por causa da sua homossexualidade, ele disse que se “tornou um prisioneiro do próprio corpo”. [1]

Identificado apenas como Sebastian, o homem apela para o “direito de morrer com dignidade”. Para isto será necessário concordarem apenas três médicos; basta o paciente demonstrar “sofrimento físico ou mental constante e insuportável”.

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Em entrevista à BBC, o homem declarou: “Eu sempre pensei sobre a morte. É um sofrimento permanente, como ser um prisioneiro em meu próprio corpo. Uma constante sensação de vergonha”.

Perguntado se ele poderia mudar de ideia de suicídio, ele respondeu: “Se alguém pudesse me dar algum tipo de cura milagrosa, por que não? Mas, por agora, eu realmente não acredito mais.”

Também na Bélgica, em 2013, Nathan, nascido Nancy Verhelst, morreu por eutanásia depois que a sua operação de mudança de sexo a deixou com “sofrimento psicológico insuportável.”  [2]

Verhelst teve terapia hormonal em 2009, fez mastectomia e cirurgia para a construção de um órgão sexual masculino em 2012. Contudo, “nenhuma dessas operações trabalhou como desejado”, declarou.

“Eu estava pronta para celebrar meu novo nascimento”, disse ela ao jornal. “Mas quando eu me olhei no espelho, eu fiquei com nojo de mim mesma. Em meus novos seios não se encontraram as minhas expectativas e os meus novos órgãos sexuais tinham sintomas de rejeição. Eu não quero ser … um monstro. “

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Desde o início do cristianismo a Igreja Católica condenou a eutanásia.

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Um dos primeiros escritores cristãos, Lactâncio, (240-320 dC) assim se expressou sobre os doentes terminais: “São inúteis para os homens, mas são úteis para Deus, que lhes conserva a vida, lhes dá o espírito e lhes con­cede a luz“.

A eutanásia, sejam quais forem as formas e os motivos, constitui um assassinato. É gravemente contrária à dignidade da pessoa e ao respeito que se tem por Deus, nosso Criador. Conforme o Catecismo da Igreja Católica, “cada um é responsável pela vida diante de Deus, que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela.” (C.I.C 2280)

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O Papa Pio XII, em discurso de 12 de setembro de 1947, declarou:

 “Não basta que o coração seja bom, sensível e ge­neroso; também deve ser sábio e forte… Uma destas falsas piedades é a que pretende justificar a eutanásia e tirar o homem do sofrimento purificador e meritório, não por meio de um consolo louvável e caritativo, mas com a morte, como se faz com um animal irracional e sem imortalidade”.

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A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé condenou com firmeza a eutanásia em declaração de 5 de maio de 1980. Segue o texto:

“Por eutanásia, entendemos uma ação ou omissão que, por sua natureza ou nas intenções, provoca a morte a fim de eliminar toda a dor. A eutanásia situa-se, portanto, ao nível das intenções e ao nível dos métodos empregados

Ora, é necessário declarar uma vez mais, com toda a firmeza, que nada ou ninguém pode autorizar a que se dê a morte a um ser humano inocente seja ele feto ou embrião, criança ou adulto, velho, doente incurável ou agonizante. E também a ninguém é permitido requerer este gesto homicida para si ou para um outro confiado à sua responsabilidade, nem sequer consenti-lo explícita ou implicitamente. Não há autoridade alguma que o possa legitimamente impor ou permitir. Trata-se, com efeito, de uma violação da lei divina, de uma ofensa à dignidade da pessoa humana, de um crime contra a vida e de um atentado contra a humanidade.

Pode acontecer que dores prolongadas e insuportáveis, razões de ordem afetiva ou vários outros motivos, levem alguém a julgar que pode legitimamente pedir a morte para si ou dá-la a outros. Embora em tais casos a responsabilidade possa ficar atenuada ou até não existir, o erro de juízo da consciência — mesmo de boa fé — não modifica a natureza deste gesto homicida que, em si, permanece sempre inaceitável. As súplicas dos doentes muito graves que, por vezes, pedem a morte, não devem ser compreendidas como expressão duma verdadeira vontade de eutanásia; nestes casos são quase sempre pedidos angustiados de ajuda e de afeto. Para além dos cuidados médicos, aquilo de que o doente tem necessidade é de amor, de calor humano e sobrenatural, que podem e devem dar-lhe todos os que o rodeiam, pais e filhos, médicos e enfermeiros.” [3]

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Abyssus abyssum invocat (Um abismo atrai outro abismo), diz um velho adágio. Assim, de abismo em abismo se chega a um ponto que aparentemente não tem volta.

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E a pessoa quer sempre mais fruir a vida. Mas, como o demônio nunca dá o que promete, essa procura desenfreada pelos prazeres pode levar a pessoa ao desespero e ao suicídio.

Entretanto, quem tem fé sabe que o fim desta vida terrena é apenas o início de outra que não terá fim. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “o suicídio é gravemente contrário a Justiça, à esperança e à caridade. É proibido pelo quinto mandamento” (C.I.C 2325). Assim, objetivamente falando,  se a pessoa comete o suicídio com toda a consciência do seu ato, e não tiver tempo para se  arrepender, não se salva, pois morre em estado de pecado grave.

Referências:

[1] http://www.telegraph.co.uk/news/2016/06/11/gay-man-in-belgium-asking-to-be-euthanised-because-he-cannot-cop/

[2] http://www.huffingtonpost.co.uk/2013/10/02/nathan-verhelst-belgian-man-euthanasia-failed-sex-change-operation_n_4028182.html

[3]http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19800505_euthanasia_po.html

Fonte: http://ipco.org.br

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Nota de www.rainhamaria.com.br

O Papa João Paulo II, na encíclica Evangelium vitae: “A decisão deliberada de privar um ser humano inocente da sua vida é sempre má do ponto de vista moral, e nunca pode ser lícita nem como fim, nem como meio para um fim bom. (EV, 57).

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Isso não impede que algumas formas de eutanásia sejam mais ou menos graves que outras. João Paulo II distingue também vários graus de gravidade (EV, 66).

A primeira forma de eutanásia é a que resulta de uma falsa piedade. Neste caso, suprime-se a vida do doente com o objetivo de poupá-lo de mais sofrimento. No entanto, para a Igreja, a verdadeira compaixão, de fato, torna solidário com a dor alheia, não suprime aquele de quem não se pode suportar o sofrimento”.

A decisão da eutanásia torna-se mais grave quando se configura como um homicídio, que os outros praticam sobre uma pessoa que não a pediu de modo algum nem deu nunca qualquer consentimento para ela.”

Finalmente, “atinge-se o cúmulo do arbítrio e da injustiça quando alguns, médicos ou legisladores, se arrogam o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer”.

A liberdade de escolha do paciente não justifica a eutanásia. Segundo alguns promotores da eutanásia, esta poderia se justificar pelo “princípio de autonomia” do sujeito, que teria direito de dispor, de maneira absoluta, da sua própria vida. Para rejeitar esse direito, a Igreja se baseia no valor inalienável e sagrado de toda vida humana.

Segundo este princípio, assim como haveria um “direito ao suicídio”, existiria também um “direito ao suicídio assistido”. A Igreja não reconhece nenhum destes supostos direitos.

Seu ensinamento recordou isso muitas vezes: “A morte voluntária ou suicídio, portanto, é tão inaceitável como o homicídio: porque tal ato da parte do homem constitui uma recusa da soberania de Deus e do seu desígnio de amor".


Diz na Sagrada Escritura:

"Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos". (Mateus 19,17)

"Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe". (Marcos 10,19)

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Nos Dez Mandamentos, encontramos um que diz: “Não matarás”.  (Ex 20,13)

É certo que a expressão negativa enfática de não matar se refere às mais variadas formas que levam à morte. Dentre elas, lembramos do assassinato, da eutanásia e do aborto. O suicídio também é considerado como a quebra desse mandamento, tendo em vista que significa autodestruição, ou negação da própria vida. O termo se origina do latim sui, que quer dizer a si mesmo, e caedere que significa cortar, matar.

Diz ainda na Sagrada Escritura:

"Porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será". (São Mateus 24,21)

 

Veja também...

Não se pode dar unção dos enfermos a quem planeja um suicídio assistido, diz Arcebispo de Ottawa, no Canadá

 


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