11.12.2015 - Para vencer, esmagar e aniquilar satanás, ou seja, para triturá-lo por todas as formas. As vitórias de Nossa Senhora sobre o demônio não são superficiais, como que “per summa capita”.
Se Ela vence, é para esmagar e aniquilar; e estas são duas expressões que significam que o adversário será reduzido a pó. Este é o espírito de Nossa Senhora. Não se trata de obter uma pequena vitória, por assim dizer “acadêmica”, mas sim de aniquilar e esmagar.
Estas são duas palavras muito apropriadas: o esmagado não está apenas jogado por terra, mas sob o peso de uma derrota tal, que perde a própria forma; está triturado; e o aniquilamento é algo ainda pior, porque o aniquilado deixa de existir, é reduzido a “nihil”, a nada, reduzido a pó; pior do que pó, reduzido a vácuo. Assim é como Nossa Senhora vence.
Detenhamo-nos na expressão “em certo sentido, o próprio Deus”. Vale dizer que, apesar de Deus ser onipotente e de todo o poder de Nossa Senhora não ser senão o poder DELE, de alguma forma o demônio (aparenta) ter mais medo de Maria Santíssima do que de Deus.
Compreende-se então que seja muito eficaz na luta contra o demônio não falar apenas de Deus, mas também, com toda a imensa evidência que merece, da Santíssima Virgem.
O ponto que o deixa mais acabrunhado e esmagado é o fato de sê-lo por Nossa Senhora.
“Não que a ira, o ódio, o poder de Deus não sejam infinitamente maiores que os da Santíssima Virgem, pois as perfeições de Maria são limitadas. Mas, em primeiro lugar, Satanás, porque é orgulhoso, sofre incomparavelmente mais, por ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade o humilha mais que o poder divino”.
Deus quer então vencer Satanás por meio de Nossa Senhora. As suas graças são concedidas sempre por meio d'Ela, porque assim Ele vence melhor o demônio.
Satanás é esmagado, é humilhado por Aquela cujo poder ele não quis reconhecer no Céu, e foi exatamente (segundo conceituados teólogos) em consequência dessa recusa que apostatou.
(Imagem acima: Nossa Senhora do Socorro, igreja de San Antonio Abad, Avellino, Itália)
Por meio de Nossa Senhora a vitória de Deus é mais completa.
Quando se perguntou a marinheiros da esquadra turca de Lepanto por que, em determinado momento, se sentiram tomados de pânico e fugiram, responderam que viram no céu uma senhora admirável, que os olhava tão terrivelmente que não puderam resistir.
É o importante traço distintivo da devoção a Maria, que São Luís Grignion nos aponta uma vez mais: Ela, o terror dos demônios.
É portanto sumamente eficaz na luta contra o poder das trevas revestir-se, por assim dizer, de Maria Santíssima. É o modo seguro de se conseguir as vitórias para Ela.
Os Santos dos Últimos Tempos
No tópico 54, São Luís Grignion começa a tratar, pela primeira vez, dos santos que, suscitados por Nossa Senhora, florescerão nos últimos tempos da Igreja, e que serão de uma santidade maior do que os de qualquer tempo anterior. São Luís Grignion, em tom profético, trata longamente destes Santos dos Últimos Tempos.
(São Luis Grignion escrevendo o Tratado da Verdadeira Devoção Saint-Laurent-sur-Sèvre, França)
“Mas o poder de Maria sobre todos os demônios há de patentear-se com mais intensidade nos últimos tempos, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar, isto é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais Ela suscitará para combater o príncipe das trevas” (tópico 54).
Aparece aqui um terceiro elemento: haverá pessoas que, suscitadas por Maria de modo especial, farão a guerra ao demônio. Contra essas almas, Satanás levantará a mesma guerra que urde contra Nossa Senhora. Esses escravos de Maria, pela submissão e união a Ela, serão o Seu calcanhar, alvo das insídias do demônio, mas também instrumento para aniquilá-lo.
“Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos, como o calcanhar; calcados e perseguidos como o calcanhar, em comparação com os outros membros do corpo” (tópico 54).
A vocação do apóstolo de Nossa Senhora é ser como que o calcanhar do gênero humano, que o pisa e anda calcando-o.
A vocação daqueles que são apóstolos de Maria Santíssima consiste em servir de calcanhar. De calcanhar ativo, que retribui os golpes.
Quando consideramos a nossa situação de apóstolos da Contra-Revolução, devemos reconhecer que ela tem muito de “calcanharesco”.
Se não tivéssemos escolhido por nosso sinal o “tau”, escolheríamos o calcanhar. O calcanhar tem uma sublime missão. Se é bem verdade que ele é calcado, é dele a glória de calcar.
E há uma cabeça que foi feita para ser por ele pisada: a de Lúcifer. Devemos estar à procura dessa cabeça, para pisá-la, com a graça de Nossa Senhora.
“Mas, em troca, eles serão ricos em graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura, por seu zelo ativo” (tópico 54).
São Luís Grignion faz um outro prenúncio: os apóstolos dos últimos tempos serão santos excepcionais, como não há em nossa época e não houve no passado.
Dizendo “superiores a toda criatura”, envolve pois as do passado. Serão Santos maiores do que todos os dos séculos passados.
Deverão florescer no futuro, mas de sua santidade e de sua vocação participam desde já todos aqueles que batalham nesta mesma luta contra o poder das trevas.
(O profeta Santo Elias trucidando os falsos profetas de Baal foi uma prefigura dos Apóstolos dos Últimos Tempos. Estátua no Monte Carmelo, Terra Santa)
“... e tão fortemente amparados pelo poder divino que, com a humildade de seu calcanhar, e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo”
É o final da profecia: haverá um período de justiça, alcançado por estes apóstolos. Eles esmagarão a cabeça do demônio.
Vemos, portanto, as características fundamentais desses apóstolos, postas por São Luís Grignion:
a) É uma raça espiritual, oposta e irredutivelmente adversa a Lúcifer e à raça deste;
b) São homens que viverão num estado de perseguição constante;
c) Serão chamados por Maria Santíssima, de um modo especial, a uma grande dedicação à causa da Igreja;
d) Acabarão por vencer, porque esmagarão a cabeça do demônio.
São os traços distintivos dos Santos dos Últimos Tempos. Mas, como estes tempos já começaram (segundo a linguagem de São Luís Grignion, a sua época estava já dentro da perspectiva dos últimos tempos), os santos de nossa época estão já numa espécie de relação com os dos últimos dias da Igreja.
O santo de nossa época é, pois, o tipo do santo dos Últimos Tempos, descrito por São Luís Grignion, que ele apresenta como um fruto característico da devoção a Maria Santíssima.
Há, portanto, uma conexão muito grande entre os últimos tempos e a nossa época, entre os Santos dos Últimos Tempos e os batalhadores da causa da Igreja em nossos dias.
Os Apóstolos dos Últimos Tempos
São Luís Grignion nos fala agora especificamente dos Apóstolos dos Últimos Tempos:
“Deus quer, finalmente, que Sua Mãe Santíssima seja agora mais conhecida, mais amada, mais honrada, como jamais o foi” (tópico 55).
Dizíamos acima que, nos últimos tempos, Nossa Senhora seria mais conhecida e mais amada. Neste tópico São Luís Grignion nos afirma que é agora, isto é, no tempo dele. Portanto, sua época já participa dos últimos tempos.
“E isto acontecerá, sem dúvida, se os predestinados puserem em uso, com o auxílio do Espírito Santo, a prática interior e perfeita que lhes indico a seguir” (tópico 55).
Eis o papel histórico da devoção que prega. É o meio pelo qual os predestinados da graça podem adquirir este espírito e colocar-se de acordo com a sua vocação. É a devoção que até aí conduz.
“E, se a observarem com fidelidade, verão então claramente, quanto lho permite a Fé, esta bela Estrela do Mar, e chegarão a bom porto, tendo vencido as tempestades e os piratas. Conhecerão as grandezas desta Soberana, e se consagrarão inteiramente a seu serviço, como súditos e escravos de amor” (tópico 55).
Será que antes de São Luís Grignion – poder-se-ia perguntar – ninguém conheceu Nossa Senhora?
Maria Santíssima não levou antes dele ninguém a bom porto? Será que Ela não fez manifestar na Igreja, antes dele, as suas grandezas?
Seria absurdo admiti-lo. Por que então ele apresenta estas coisas como típicas do seu espírito? É porque elas serão mais reais nas almas formadas em sua escola de espiritualidade do que em qualquer outra.
O que já é verdade de todos os santos, de todos os que seguem a doutrina da Igreja, sê-lo-á muito mais ainda dos que seguirem a espiritualidade de São Luís Grignion.
Ele aqui apenas insinua o que irá dizer mais tarde: a devoção que ensina e os princípios mariais que inculca não são acessíveis ao conhecimento de qualquer homem.
Conhecer bem Nossa Senhora, praticar esta devoção, é uma predestinação, é uma graça especial, não comum. Esta não é uma devoção para qualquer pessoa, mas apenas para alguns predestinados.
É uma graça especialíssima, que Deus reserva para os últimos tempos. Por isso, mais tarde ele dirá que, para compreender esta devoção e praticá-la verdadeiramente, é preciso ter recebido um chamado muito especial.
O restante do tópico contém uma série de promessas sobre as quais não há comentários especiais a fazer.
Serão como flechas
"Mas quem serão esses servidores, esses escravos e filhos de Maria?“ (tópico 56).
Aqui segue a descrição dos Apóstolos dos Últimos Tempos:
“Serão ministros do Senhor, ardendo em chamas abrasadoras, que lançarão por toda parte o fogo do divino amor. Serão sicut sagittæ in manu potentis (Sl. 126,4) flechas agudas nas mãos de Maria todo-poderosa, pronta a transpassar seus inimigos” (tópico 56).
A devoção a Maria Santíssima, segundo São Luís Grignion, está aliada à combatividade. Não se trata apenas de fazer “cordeirinhos de Cristo Rei”.
“filhos de Levi, bem purificados no fogo das grandes tribulações, e bem colados a Deus” (tópico 56).
Serão o bom odor de Jesus Cristo para os desapegados
“... e que serão em toda parte, para os pobres e pequenos, o bom odor de Jesus Cristo; e para os grandes, os ricos e os orgulhosos do mundo, um odor repugnante de morte” (tópico 56).
O que são, na linguagem da Escritura, os pobres e os pequenos? Não são os sequazes dos demagogos modernos.
Ser pobre e pequeno é ser pobre de espírito, é ser desapegado. Para esses é que é bom odor a presença dos servidores de Maria.
Serão o terror do demônio.
“Serão nuvens trovejantes” (tópico 57).
Não são zéfiros nem brisas amenas, que trazem o bom odor das sensações emocionantes e românticas para as almazinhas adocicadas. São nuvens tonitroantes, que voam pelos ares.
A imagem é majestosa, grandiosa. Reflete, em contraposição à suavidade de certo tipo de religiosidade sentimental, a grandeza, o poder e a cólera de Deus. A nuvem trovejante é a nuvem carregada, na qual o raio se forma, e da qual é lançado.
“... esvoaçando pelo ar ao menor sopro do Espírito Santo” (tópico 57).
“... que, sem apegar-se a coisa alguma nem admirar-se de nada, nem preocupar-se, derramarão a chuva da palavra de Deus e da vida eterna. Trovejarão contra o pecado” (tópico 57).
“... e lançarão brados contra o mundo, fustigarão o demônio e seus asseclas, e, para a vida ou para a morte, transpassarão lado a lado, com a espada de dois gumes da palavra de Deus (cfr. Ef. 6, 17), todos aqueles a quem forem enviados da parte do Altíssimo” (tópico 57).
São batalhadores eficacíssimos, que têm a espada de dois gumes da palavra de Deus.
Os apóstolos que São Luís Grignion assim descreve são homens de um poder verdadeiramente terrível, que causam ao demônio um medo capaz de desfazer as suas tramas. Argutos, perspicazes e vigorosos, esses apóstolos são o protótipo do verdadeiro católico.
Fonte: http://aparicaodelasalette.blogspot.com.br - imagens www.rainhamaria.com.br
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