13.11.2015 -
Regularmente Satanás o visitava a fim de corromper a sua alma e a sua fé. As artimanhas eram das mais variadas, indo desde a aparição em forma de mulheres nuas à agressão física deliberada.
Muitos se perguntam por que São Padre Pio apanhava do demônio. Dentre as particularidades do grande santo de Pietrelcina, estavam justamente os duros embates com o inimigo de Deus. Regularmente Satanás o visitava a fim de corromper a sua alma e a sua fé. As artimanhas eram das mais variadas, indo desde a aparição em forma de mulheres nuas à agressão física deliberada.Outros santos da Igreja também tiveram de lidar com as perseguições demoníacas. Santo Antão sofreu ataques malignos repetidas vezes ao longo de sua vida. O Cura D’Ars era atormentado frequentemente. A certa altura, os fenômenos ficaram tão intensos que a cama do Santo Vianney ardeu em chamas. “Não podendo pegar o passarinho, o diabo queimou a gaiola”, debochou o padroeiro dos párocos. Eram verdadeiras lutas corporais, onde os filhos de Deus tinham de enfrentar a terrível ira dos infernos pessoalmente. Mas como explicá-las, se os anjos são criaturas puramente espirituais, ou seja, não possuem corpos como os seres humanos?
O Sagrado Magistério dá a essas ações diabólicas o nome de “obsessão”. Trata-se de um fenômeno bastante raro e extraordinário, quer dizer, diferente do meio comum pelo qual o diabo costuma agir, a tentação. Por outro lado, também não se confunde com a chamada “possessão”. Enquanto nesta o diabo toma posse do corpo da pessoa, furtando suas faculdades, de modo que ela já não possa responder pelas próprias ações, na “obsessão” o demônio visa enfraquecer a fé de sua vítima. É uma espécie de tentação potenciada. O inimigo age extraordinariamente, com mais clareza e intensidade. Embora existam níveis variados de “obsessão” – que serão estudados no curso de Demonologia -, de fato, todos eles almejam atacar a alma da vítima, fragilizando-a perante as armadilhas satânicas.
A principal razão da obsessão é a inveja do diabo. Ele não suporta assistir às boas ações dos filhos de Deus, ainda mais quando estas arrancam-lhe a condição de levar mais almas para o inferno, tornando o indivíduo – ao mesmo tempo – uma pessoa santa. Quando o demônio via o empenho missionário de São João Maria Vianney, Santo Antão e São Pio de Pietrelcina, sentia-se profundamente ameaçado, pois sabia do risco que corria caso os fiéis dessem ouvidos aos seus sermões, ensinamentos e etc. Por isso, atacava por inveja dos filhos de Deus.
Mas, normalmente, o diabo não age dessa maneira. Ele, por si só, não tem poder para agredir na carne. Misteriosamente, é Deus quem o permite se manifestar assim. A princípio essa autorização divina pode escandalizar, levando os fiéis a se perturbarem. Por que Deus daria tamanho poder ao demônio, autorizando-o a machucar um filho seu? Por causa de uma eleição. Os santos que sofreram com tais fenômenos diabólicos tinham uma missão para a Igreja. O Senhor conhecia as suas almas e sabia do grande amor delas. Aqui, então, cabe mencionar as palavras de Santo Tomás de Aquino: “Deus permite que os males aconteçam para tirar deles um bem maior”. Isso explica a vontade divina. Dos sofrimentos de alguns de seus filhos, Deus pôde colher frutos espirituais para a salvação dos demais.
Além disso, permitindo a “obsessão”, Deus concede às almas santas a oportunidade de amá-lo ainda mais. Por isso, as pessoas que são atacadas dessa forma possuem duas características básicas. Em primeiro lugar, um alto nível de santidade. Os diretores espirituais não precisam se preocupar demasiadamente a respeito, uma vez que somente os dirigidos espirituais santos sofrerão tal modelo de angústia. E depois, um enorme desejo de atender à vontade de Deus, de corresponder com valentia à vocação, ou missão, dada por Deus. Essas pessoas têm a ocasião de configurar-se a Nosso Senhor Jesus Cristo, sofrendo junto Dele as dores da paixão.
Os padres do deserto contam uma passagem muito oportuna sobre a vida de Santo Antão. Durante um dos ataques do diabo, o santo pedia insistentemente para que Deus afugentasse o maligno. “Kyrie Eleison”, gritava em aflição. Após um longo tempo, e somente depois de tanto clamar pela misericórdia, o diabo se afastou. Neste momento, Jesus lhe apareceu. Santo Antão olhou o Senhor, inclinou a cabeça, entristeceu-se. “Senhor, onde estáveis quando eu mais necessitava de vós?”, perguntou-lhe. E então, olhando fixamente para o fiel servo, Jesus respondeu: “Antão, meu filho, eu estava aqui o tempo todo, mas eu queria te ver lutar”.
Essa é a realidade, Deus gosta de nos ver lutar. E mesmo aqueles que ainda não gozam de virtudes especiais são chamados à luta contra o diabo. Não a física, é verdade, mas a espiritual, contra a tentação ordinária, que é a mais perigosa ação demoníaca.
Então encontramos aqui mais uma razão da permissão divina às obsessões. Os santos são sinais para nós, são como um sacramental. Eles nos recordam que é uma luta a vida do homem sobre esta terra. Se os santos travaram o duelo físico, nós, que não temos a mesma eleição e a mesma santidade, devemos também ficar atentos, porque também nós devemos lutar. E é através dessa luta que nós podemos manifestar a Jesus nosso amor. Não há outro caminho para céu, a não ser sendo firmes e fortes na luta contra a maldade, entregando nossas vidas, mesmo que nos custe sofrimento.
“Devemos trabalhar nesta vida, teremos toda a eternidade para descansar”, São João Maria Vianney.
Fonte: http://pt.aleteia.org
=====================
Veja também...
Na causa de Deus, todo homem nasceu soldado
Padre Joseph Schrijvers: O Grande Combate
O Santo Padre Pio e o pecado do aborto