02.11.2015 - Um dos mais cruéis paradoxos da desigualdade social em Lima, capital do Peru, se materializa no custo de um bem precioso: os pobres chegam a pagar dez vezes mais do que os ricos pela água.
Um simples passeio pelo bairro de Nueva Rinconada reflete tal abismo. Trata-se de um subúrbio pobre, localizado em uma das colinas da cidade.
Ali, Lydia Sevillano e seus vizinhos pagam o equivalente a cerca de US$ 25 (R$ 96) por mês pela água que consomem.
O assunto ganhou destaque por causa das reuniões anuais do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, realizadas recentemente na capital peruana.
Coincidentemente, um dos temas principais desses encontros é a desigualdade.
Em Lima, ela se evidencia pelo custo que as famílias de diferentes estratos sociais têm de pagar para ter acesso à água.
A água que a família de Lydia usa, por exemplo, não vem da bica.
Ela é trazida por um caminhão-pipa diariamente e abastece cisternas de plástico do lado de fora da pequena casa que abriga a família.
Lydia admite deixar de comprar outros produtos essenciais para poder pagar pela água.
"Temos que economizar tudo o que podemos", diz ela. "Mesmo que precisemos cortar a comida de meus filhos, porque não podemos viver sem água".
A poucos metros rua acima, as casas também abrigam famílias numerosas, mas usam materiais de construção ainda mais frágeis.
Ali a mesma água custa três vezes mais do que Lydia paga na base da ladeira.
O custo extra é fruto da falta de infraestrutura. Como o caminhão de água demora mais tempo para subir a ladeira ─ que não é asfaltada -, o preço da água sobe.
Para evitar ter de pagar mais pelo mesmo bem, a peruana Flor Quinteros, assim como seus vizinhos, carrega rua acima os próprios galões de água.
A ONG britânica Oxfam calcula que uma pessoa pobre em Lima pague dez vezes mais pela água do que alguém que vive em uma zona abastada.
Mas não se trata apenas de uma questão financeira.
Além de pagar mais caro pela água, os moradores têm de carregá-la elas próprias e vertê-la nas cisternas, que devem estar sempre limpas para evitar contaminação.
Por fim, há o tempo gasto esperando a chegada dos caminhões-pipa - tempo este que poderia ser usado para buscar trabalho, por exemplo.
O custo também se reflete nos problemas de saúde resultantes da água contaminada, armazenada às vezes em recipientes mal higienizados.
As doenças são rotineiras em Nueva Rinconada. Ali os moradores também estão acostumados com deslizamentos de terra causados por terremotos ou tempestades severas.
Nesses casos, paradoxalmente, a água em excesso transforma o bairro em um imenso lamaçal.
Muro da Vergonha.
Na parte superior da colina, ergue-se o símbolo máximo da desigualdade social de Lima: um muro de três metros de altura com cerca de arame farpado.
A estrutura foi construída de propósito ─ evitar que Lydia, Flor e suas famílias passem para o bairro do outro lado da pequena montanha.
Por causa disso, foi apelidado de "muro da vergonha".
Casuarianas, o bairro do outro lado do muro, é naturalmente um lugar muito diferente.
Ali não há pobreza, mas casas bem construídas com água corrente e vista para o mar.
E a água que sai da bica? É barata e suficientemente abundante para encher centenas de piscinas do bairro.
Mais abaixo, no centro da cidade, os participantes dos encontros anuais do FMI e do Banco Mundial permanecem reunidos.
Nos últimos anos, ambas as organizações vêm destacando o efeito negativo da desigualdade de renda para as economias nacionais.
E a prova irrefutável disso está logo acima, nas colinas que cercam a cidade.
Fonte: BBC noticias
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
"Porque conheço o número de vossos crimes e a gravidade de vossos pecados, opressores do justo, exatores de dádivas, violadores do direito dos pobres em juízo". (Amós 5, 12)
"Ouvi isto, exploradores do necessitado, opressores dos pobres do país!"(Amós 8, 4)
"Debaixo do sol, observei ainda o seguinte: a injustiça ocupa o lugar do direito, e a iniqüidade ocupa o lugar da justiça". (Eclesiastes 3, 16)
"Como se transformou em prostituta a cidade fiel! Antes era cheia de direito, e nela morava a justiça; agora, está cheia de criminosos! A sua prata tornou-se lixo, o seu vinho ficou aguado.
Os seus chefes são bandidos, cúmplices de ladrões: todos eles gostam de suborno, correm atrás de presentes; não fazem justiça ao órfão, e a causa da viúva nem chega até eles. Pois bem! Ai de vós! - oráculo do Senhor Javé dos exércitos, o Poderoso de Israel. Eu vingar-Me-ei dos meus inimigos e pedirei satisfação aos meus adversários. Voltarei a minha mão contra ti, para te limpar com soda e tirar a tua impureza". (Isaias1, 21-25)
"O pobre, porém, não ficará no eterno esquecimento; nem a esperança dos aflitos será frustrada para sempre". (Salmos 9,19)
"Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.
Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?
Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?
Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?
Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes". (São Mateus 25, 34 -40)
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