Lembrando: Padre Michael Rodríguez - Vida para Deus e Morte para o Pecado


22.08.2015 - Nota de www.rainhamaria.com.br

Artigo Publicado em 11.10.2012

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Ao longo do ano passado, o esforço infernal para legalizar “o casamento de pessoas do mesmo sexo” cresceu grandemente em nível nacional, tornou-se mais vociferante e espalhou seus tentáculos vis e ameaçadores até mesmo aos mais inocentes. Deparados com esta iminente catástrofe moral, qual tem sido a resposta dos bispos americanos até agora?

Por Padre Michael Rodríguez | Tradução: Teresa Maria Freixinho

O Beato Abade Columba Marmion (1858-1923) em Cristo a Vida da Alma, escreve:

    "O Batismo, por seu simbolismo e pela graça que produz, como São Paulo nos mostra, marca toda a nossa vida cristã com o duplo caráter de “morte ao pecado” e “vida para Deus.” O cristianismo é propriamente falando uma vida: Veni ut vitam habeant. Nosso Salvador nos diz que é a vida Divina que flui em cada uma de nossas almas da Humanidade de Cristo, onde ela se encontra em plenitude. Porém, esta vida não se desenvolve sem nós, sem esforço; a condição de seu desenvolvimento é a destruição daquilo que se lhe opõe, ou seja, o pecado. Esta “morte ao pecado,” a princípio realizada no batismo, torna-se então para nós uma condição de vida; devemos enfraquecer a ação da concupiscência em nós, tanto quanto possível; é a esse preço que a vida Divina irá se desenvolver em nossa alma e isso se dará na mesma medida em que renunciarmos ao pecado, aos hábitos pecaminosos e a todo apego ao pecado"..

Sem dúvida, o Precioso Sangue de nosso Santíssimo Redentor marcou de maneira indelével a vida Cristã com esse caráter duplo: “morte ao pecado” e “vida para Deus.” Para viver para Deus precisamos morrer para o pecado. Se tivermos que seguir a Jesus Cristo, precisamos negar a nós mesmos e tomar a nossa cruz. É preciso renunciar à riqueza injusta se desejarmos servir a Deus. Ou vivemos pelo Espírito ou seremos arrastados pela carne. É preciso que nos afastemos do ruído e tagarelice do mundo para ouvir a voz de Deus no silêncio majestoso do Santo Sacrifício da Missa. A única maneira de “nos revestirmos de Cristo,” o homem novo, primeiramente é preciso pôr de lado o velho homem. Ó alma cristã, deves deixar este mundo passageiro para trás, pois só então poderás ver a face de Deus e viver… em um mundo que nunca morrerá.

De acordo com o Evangelho de São Mateus, já o início da pregação de Jesus está divinamente selado com este “duplo caráter.” Jesus prega “morte ao pecado” em Mateus 4: 17, “fazei penitência,” e “vida para Deus” imediatamente daí em diante, Mateus 4: 19, “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens.” Além disso, logo no início de Seu ministério público (Mt 4:1-11), o Próprio Jesus oferece a base para este “duplo aspecto” da vida Cristã. Jesus é “levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demônio.” O que Ele está fazendo? Jesus vence Satanás e desfere um golpe mortal no pecado. Em seguida, Ele traz “vida para Deus” em abundância através de seu ensinamento e cura. Finalmente, ao longo de sua obra redentora, que culmina no Calvário, o Filho de Deus invariavelmente relaciona o perdão dos pecados (“morte ao pecado”) a curas milagrosas (“vida para Deus”).

Uma vez que esse caráter duplo de “morte ao pecado” e “vida para Deus” é inerente à vida cristã (ou seja, enraizado na graça do Batismo), como é possível que a vasta maioria da hierarquia de nosso país (tanto padres quanto bispos) parece ignorar o primeiro aspecto de maneira constante e pregar quase que exclusivamente o segundo aspecto? Sem dúvida, há pessoas que tentarão justificar a sua negligência de condenar o pecado alegando que eles estão adotando “uma abordagem mais pastoral.” Lembro a todos os clérigos a Carta sobre Cuidado Pastoral de Pessoas Homossexuais da Congregação para a Doutrina da Fé, de 1º de outubro de 1986, “Uma abordagem verdadeiramente pastoral apreciará a necessidade das pessoas homossexuais de evitar ocasiões próximas de pecado. Desejamos deixar claro que o afastamento do ensinamento da Igreja ou o silêncio sobre esse ensinamento, em um esforço para oferecer cuidado pastoral, nem é cuidado, nem é pastoral. Somente aquilo que é verdadeiro pode, em última análise, ser pastoral.”

Ao longo do ano passado, o esforço infernal para legalizar “o casamento de pessoas do mesmo sexo” cresceu grandemente em nível nacional, tornou-se mais vociferante e espalhou seus tentáculos vis e ameaçadores, até mesmo aos mais inocentes. Deparados com esta iminente catástrofe moral, qual tem sido a resposta dos bispos americanos até agora?

Graças a Deus, há alguns bispos americanos que, fiéis ao seu dever, têm apresentado o ensinamento da Igreja sobre o Sacramento do Santo Matrimônio divinamente instituído como uma união exclusiva, vitalícia entre um homem e uma mulher. Entretanto, após um exame atento, o quadro é muito perturbador. Até onde estou ciente, nem um único bispo americano ensinou com autoridade sobre a homossexualidade como uma desordem objetiva e o pecado grave dos atos homossexuais. Em um momento da história quando os católicos estão em extrema necessidade da verdade de Cristo, não estou ciente de um único bispo americano que tenha instruído todos os seus padres para pregar o que a Igreja ensina sobre: (1) a santidade do matrimônio, (2) como o matrimônio, por lei divina, é uma união exclusiva, vitalícia de um homem e uma mulher, (3) o mal intrínseco dos atos homossexuais, (4) o pecado grave de apoiar — de qualquer forma ou maneira —“o casamento de pessoas do mesmo sexo.”

Considerem a seguinte analogia com o aborto, que também é um mal intrínseco. Como é que um bispo pode ser sincero ao conduzir o seu dever de ensinar a verdade de Cristo sobre a santidade, maravilha e beleza do dom da vida (“vida para Deus”), enquanto permanece silencioso sobre o horrendo pecado do aborto (“morte ao pecado”)? Isso não faria qualquer sentido. Tal negligência culpável seria, verdadeiramente, uma traição da verdade! De modo semelhante, mesmo em caso de bispos que estão pregando sobre a santidade do matrimônio e (corretamente) opondo esforços para a legalização do “casamento de pessoas do mesmo sexo,” por que é que eles permanecem em silêncio sobre a abominação do “estilo de vida homossexual”? Onde está o nosso zelo por Deus e pela salvação das almas? Atualmente, estamos testemunhando milhões de almas jovens — ovelhas perdidas!— que estão sendo enganadas e conduzidas para a ruína pela agenda astuciosa da cultura de “direitos iguais de matrimônio,” “tolerância,” “não discriminação”… como é que um bom pastor não grita de cima dos telhados que os atos homossexuais são intrinsecamente maus, depravados e constituem uma abominação perante Deus e homem?

O ensinamento de Jesus Cristo e da Igreja Católica Romana referente à homossexualidade é claro (CCC 2357-2359); ele pode ser resumido em três pontos básicos:

(1) Os atos homossexuais são atos gravemente depravados; eles são pecados mortais que clamam aos céus por vingança. Sob nenhuma circunstância eles podem ser aprovados.

(2) A homossexualidade é uma desordem objetiva.

(3) As pessoas homossexuais devem ser tratadas com respeito, compaixão e sensibilidade.

Os números 1 e 2 acima são ensinamentos morais infalíveis da Igreja Católica em razão de seu Magistério universal ordinário. Se alguém diz professar a Fé Católica, deve assentir a essas verdades morais, salvíficas. Se alguém rejeita qualquer uma dessas verdades, essa pessoa não é mais católica!

É imperativo que nós – padres e bispos, especialmente — examinemos as nossas consciências. Será que sentimos vergonha das verdades mencionadas acima? Como Católicos Romanos, os únicos portadores da verdade que salva almas, vamos fugir da verdade por medo de perseguição? Será que estamos com medo de sermos rotulados de “intolerantes”? Será que tememos aborrecer as pessoas ou “ofender” parentes ou paroquianos? Será que estamos preocupados em “nos indispormos” com grandes benfeitores e políticos influentes? Que as palavras luminosas de Nosso Amado Salvador nos confortem e fortaleçam: “No mundo tereis tristeza, mas coragem, Eu venci o mundo” (João 16:33); “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32).

Peço aos meus irmãos sacerdotes e aos bispos de nossa nação. Sim, precisamos tratar as pessoas homossexuais com genuíno amor cristão, respeito e compaixão. Creio que temos todos muito trabalho a fazer nesta importante área de caridade. Mas pelo amor e honra de Deus, e por amor das pobres almas, precisamos falar claramente contra a desordem da homossexualidade! Precisamos ser pacientes e compreensivos com as pessoas homossexuais, porém, como podemos, nós que fomos encarregados de cuidar das almas, ignorar o fato de que alma após alma está sendo escravizada pelo vício cruel de um “estilo de vida homossexual”? Como é possível limitarmos a nossa pregação a “amar e respeitar as pessoas,” quando alma após alma está sendo aterrorizada e devorada por Satanás e seus asseclas?

Por volta do final do século XIX, o Papa Leão XIII escreveu uma Carta Encíclica sobre o Matrimônio Cristão, Arcanum Divinæ (10 de fevereiro de 1880). Enquanto exaltava a dignidade e beleza do Santo Matrimônio (“vida para Deus”), ele também fulminava as tentativas desavergonhadas de um mundo secular de legalizar o divórcio (“morte ao pecado”). É altamente instrutivo ler o que ele escreveu há mais de um século com relação ao grave pecado do divórcio. Ao ler a breve passagem que menciono abaixo, observe, por favor, duas coisas: a primeira, como suas palavras se tornaram tão proféticas, e em segundo lugar, tente imaginar o que ele diria hoje em dia sobre a tentativa do mundo secular de legalizar o “casamento de pessoas do mesmo sexo.”

Na verdade, é quase impossível descrever a enormidade dos males que resultam do divórcio. O divórcio torna os contratos matrimoniais variáveis, enfraquece a benevolência mútua, proporciona induzimentos deploráveis à infidelidade, prejudica a educação e a instrução das crianças, oferece ocasião para a destruição de lares; as sementes da dissensão são mostradas entre as famílias, a dignidade das mulheres é diminuída e as mulheres correm o risco de serem abandonadas depois de se terem subjugado aos prazeres dos homens. Então, nada tem tanto poder de levar as famílias à ruína e destruir por completo os reinadoscomo a corrupção dos valores morais, facilmente se vê que os divórcios são no mais alto grau hostis à prosperidade de famílias e Estados, surgindo de valores morais depravados das pessoas, e, conforme a experiência nos mostra, abrindo um caminho para todo tipo de maldade na vida pública e privada.

Além disso, se a questão for devidamente ponderada, veremos claramente esses males como mais especialmente perigosos porque uma vez que o divórcio for tolerado, não haverá restrição poderosa o bastante para mantê-lo dentro das fronteiras delimitadas ou previstas. Sem dúvida, a força do exemplo é grande, e maior ainda é a força da paixão. Com tais incentivos, podemos inferir que o afã pelo divórcio, se disseminando diariamente através de caminhos tortuosos, se apoderará de muitas pessoas como uma doença contagiosa virulenta ou como uma inundação de água rompendo todas as barreiras.” (Nos. 29 & 30)

São Paulo, o grande Apóstolo e missionário, nunca restringiu a sua pregação exclusivamente à “vida para Deus.” Em Gal 5: 22-23, ele ensina de maneira magnífica sobre a vida do Espírito: “Porém, o fruto do Espírito é a caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência, castidade.” Entretanto, nos versículos anteriores (Gal 5:19-21), ele faz uma advertência solene com relação à “morte ao pecado”: “Ora, as obras da carne são manifestas, a saber: a prostituição, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçarias, ódios, discórdias, ciúmes, iras, rixas, dissensões, divisões invejas, bebedeiras, orgias e outras como estas, pois quem praticar tais coisas não será herdeiro do reino de Deus.”

Em uma das passagens mais marcantes e comoventes em toda a Sagrada Escritura, Jesus Cristo fala à samaritana sobre a “vida para Deus”: “Porém, a água que eu lhe der será nele uma fonte que jorra para a vida eterna.” (João 4: 14) A mulher exclama, “Senhor, dá-me dessa água para que eu não sinta mais sede nem precise vir aqui buscar água.” (João 4: 15) Nós padres e bispos deveríamos ter sempre em nossas mentes e corações a resposta intempestiva do Filho de Deus. Ele prega “morte ao pecado,” sem exceção. Ele a acusa e adverte “Respondestes bem, ‘não tenho marido’. De fato, tiveste cinco e aquele que agora tens não é teu marido.” (João 4: 17-18) Ao aceitar a verdade da condenação do Filho de Deus de seu pecado, a mulher reconhece o Cristo… e a fonte de salvação é aberta a ela e seu povo.

Que a Santíssima Mãe de Deus interceda por nossos padres e bispos. Que ela os faça santos, fiéis, corajosos e puros. Ela carregou o Divino Infante em seus braços maternais no mais doce e terno abraço (“vida para Deus”) e simultaneamente esmagou a cabeça da serpente com os seus pés virginais (“morte ao pecado”). Sancta Dei Génetrix, ora pro nobis.

Padre Michael Rodríguez é sacerdote da Diocese de El Paso, Texas. Atualmente ele é o vigário paroquial da Paróquia Santa Teresa, em Presidio, Texas.

Fonte: http://fratresinunum.com

 

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