21.06.2015 - Nota de www.rainhamaria.com.br
A Igreja Católica define de forma muito clara (CIC 65, 66) que a revelação pública, oficial, está concluída e é a que vemos nos livros canônicos da Bíblia. Corresponde à fé cristã compreender gradualmente seu conteúdo.
Isso não impede que haja revelações privadas (CIC 67), que não melhoram nem completam a Revelação definitiva de Cristo, mas sim podem ajudar a vivê-la mais plenamente em uma determinada época histórica. Ou seja, pode haver livros inspirados, mas não canônicos.
O especialista François Michel Debroise nos dá uma informação muito completa sobre o tema.
Maria Valtorta, mística italiana falecida em 1961, foi um exemplo de alma extraordinária com vida extraordinária. Foi uma das 18 grandes místicas marianas. Aos 23 anos, um anarquista a espancou com uma barra de ferro, deixando-a com limitações físicas. Ficou 9 anos de cama. E uniu todas as suas dores à paixão de Jesus.
Seu confessor, ao ver a grandeza dessa alma, pediu-lhe que escrevesse sua biografia. Tudo isso aconteceu em plena guerra mundial. Depois de escrever sua biografia, de 1943 a 1950, ela começou a receber uma série de visões, que transcreveu em 17 volumes, entre eles sua obra mais conhecida e polêmica: “O Evangelho como me foi revelado”. Em 4800 páginas, ela relata a vida de Cristo, dia a dia.
O Papa Paulo VI apoiou a leitura da obra de Maria Valtorta, assim como o Padre Pio. A Madre Teresa de Calcutá era uma leitora assídua dos seus escritos. A celebração dos 50 anos da morte de Maria Valtorta foi acompanhado por altas personalidades da Igreja.
Do ponto de vista histórico, os biblistas se surpreendem com como uma pessoa que não teve estudos possa ter um conhecimento tão detalhado.
O leitor desta narração fica preso, porque a obra o introduz nas cenas da vida de Jesus como um espectador presente. É uma narração extraordinária do ponto de vista teológico, histórico e científico. (Fonte: Aleteia)
CONSELHOS DE JESUS A UM JOVEM.
Maria Valtorta viu e ouviu o que se segue por um milagre de Deus.
Um jovem sai de entre a multidão e alcança o Mestre, saudando-o com respeito. Jesus retribui a saudação.
Eu desejaria pedir-te uma coisa, Mestre.
Fala.
Eu te ouvi por acaso numa manhã depois da Páscoa, perto de um monte vizinho do Carit. E, desde então, fiquei pensando que eu também podia estar entre aqueles que Tu chamas. Mas, antes de vir, eu quis saber muito bem o que é necessário fazer e o que não se deve fazer. Eu fiz estas perguntas aos teus discípulos, todas as vezes que os encontrava. E um me dizia uma coisa, e outro outra. E eu ficava incerto, quase espantado, em uma coisa todos estavam concordes, uns com mais intransigência, e outros com menos, e era sobre a obrigação de ser perfeitos. Eu, sou um pobre homem, Senhor, e a perfeição é somente para Deus. Eu te ouvi uma segunda vez, e Tu mesmo dizias: “ Sede perfeitos”. E eu fiquei desanimado. Uma terceira vez, faz poucos dias, foi no Templo. E, por mais que fosses severo, já me pareceu que fosse possível sê-lo, porque, nem eu sei porque... nem eu sei explicá-lo, nem a mim próprio, nem a Ti. Mas me parecia que, se fosse uma coisa impossível, ou tão perigosa como se quiséssemos fazer-nos deuses, Tu que nos queres salvar, não no-lo proporias. Porque a presunção é pecado. Querer ser deuses foi o pecado de Lúcifer. Mas talvez haja uma maneira de sê-lo, sem pecarmos, e é seguindo a tua doutrina, que certamente é de salvação. Falei bem?
Falaste bem. E, então?
E então, eu continuei a perguntar isto ou aquilo. E, tendo sabido que estavas em Ramá, fui para lá. E, desde então, com licença de meu pai, eu passei a acompanhar-te. E, aí está, cada vez mais eu queria ir...
Pois vem! De que tens medo?
Eu não sei... Nem eu mesmo sei... Pergunto, pergunto... Mas sempre, enquanto estou te ouvindo, parece-me fácil, e resolvo ir. E, depois fico pensando no assunto, ou pior, fico perguntando a um e a outro, e me fica parecendo muito difícil.
Vou dizer-te o que é que está acontecendo: é uma cilada do demônio, para impedir que tu venhas. Ele te amedronta com fantasmas, te confunde e te faz ficar perguntando a quem, como tu, está precisando de luz. Porque é que não vieste a Mim diretamente?
Porque... eu tinha... não era medo, mas... os nossos sacerdotes e rabis! Eles são tão duros e soberbos! E Tu... Eu não tinha coragem de aproximar-me de Ti. Contudo, em Emaús, ontem, creio ter compreendido que não devo ter medo. E agora estou aqui, a perguntar-te o que gostaria de saber. Há pouco tempo, um dos teus Apóstolos me disse: “Vai, e não tenhas medo. Ele é bom, até com os pecadores.” E um outro me disse: “ Faze-o sentir-se feliz com a tua confiança. Quem confia nele o acha mais doce do que uma mãe.” E um outro ainda: “ Eu não sei se estou errado, mas eu te digo que Ele vai dizer-te que a perfeição está no amor.” Eis o que me disseram os teus Apóstolos, alguns pelo menos mais doces do que os discípulos. Não todos, mas são até muito poucos. E entre os Apóstolos há alguns que fazem medo a um pobre homem como eu. Um me disse, com um riso que não era bom: “ Queres tu tornar-te perfeito? Nós que somos seus Apóstolos não o somos, e tu já queres sê-lo? É impossível.”(acho que não é preciso dizer qual foi o apóstolo que disse esta frase) Se os outros não me tivessem falado, eu teria fugido, desanimado. Mas estou tentando uma última prova... e, se Tu me disseres que é impossível.
Meu filho, achas que Eu poderia ter vindo para propor coisas impossíveis aos homens? Quem achas tu, que tenha estado a por em teu coração este desejo de te tornares perfeito? Terá sido o teu próprio coração?
Não, Senhor. Eu penso que tenhas sido Tu, com as tuas palavras.
Não estás longe da verdade. Mas, responde-me ainda. Para ti a minhas palavras , que palavras são?
Justas.
Está bem. Mas achas que são palavras de homem ou de alguém mais que homem?
Oh! Tu falas com sabedoria, e mais doce e mais claro ainda. Por isso eu digo que as tuas palavras são mais do que de homem. E não creio estar falando mal, se é que compreendi bem o que estavas dizendo no Templo. Porque lá pareceu-me que estavas dizendo que Tu és a Palavra de Deus, pois falavas como Deus.
Compreendeste bem e falas-te bem. E, então quem foi que te pôs no coração o desejo da perfeição?
Foi Deus que o pôs nele, por meio de Ti, que és a Palavra Dele.
Portanto foi Deus. Agora pensa bem se Deus, que conhece a capacidade dos homens, lhes diz: “Vinde a Mim, sede perfeitos.”. é sinal de que Ele sabe que o homem, se quiser, pode tornar-se perfeito. É esta uma palavra antiga. Ela ressoou, pela primeira vez, quando foi dirigida a Abraão, como uma revelação, como uma ordem, um convite: “ Eu sou o Deus Onipotente. Caminha em minha presença. Sê perfeito.” E Deus se lhe manifesta, a fim de que o Patriarca não tivesse dúvidas sobre a Santidade daquela ordem, nem da verdade do convite. Ele o manda caminhar em sua presença, porque quem caminha nesta vida, convicto de estar fazendo sob o olhar de Deus, não pratica más ações. Por conseguinte, Ele se põe na condição de quem pode tornar-se perfeito, como Deus o convida a tornar-se.
É verdade! É verdade! Se Deus o disse, é porque pode ser feito. Oh! Mestre! Como tudo se compreende quando Tu falas! Mas, então por quê foi que os teus discípulos e até aquele Apóstolo me transmitiram uma idéia tão cheia de medo da Santidade? Por acaso não crêem eles serem verdadeiras aquelas palavras e as Tuas? Ou não saberão eles andar na presença de Deus?
Não fiques pensando assim. Não julgues. Vê, meu filho, ás vezes o próprio desejo deles de ser perfeitos, e sua humildade, lhes dão o medo de nunca poderem sê-lo.
Mas então, o desejo da perfeição e a humildade não são obstáculos. Pelo contrário, é até necessário esforçar-se por tê-los profundamente, mas bem ordenados. São bem ordenados quando não têm pressas imprudentes, desânimos sem razão, dúvidas e faltas de confiança, como aquelas de quem crê que, por causa de sua perfeição, o homem não possa tornar-se perfeito. Todas as virtudes são necessárias, e uma delas é um vivo desejo de chegar á perfeição.
Sim. Isto já me diziam aqueles a quem eu interroguei. Diziam-me que é necessário ter as virtudes. Mas uns me diziam ser necessária uma, e outros, outra. E todos me afirmavam a absoluta necessidade de ter aquela que eles diziam ser indispensável para sermos Santos. E isso me enchia de medo, porque como é que se vai poder ter todas as virtudes em grau perfeito, fazendo-as nascer juntas, como um ramalhete de diversas flores? É preciso tempo... e a vida é tão breve. Tu, Mestre explica-me qual é a virtude indispensável.
É a caridade. Se amares, serás Santo, porque do amor a Deus e ao próximo é que vêm todas as virtudes e todas as boas obras. Sim. Assim é mais fácil então, a Santidade é o Amor. Se eu tiver a caridade, terei tudo. É disso que é feita a caridade.
Disso e das outras virtudes. Porque a Santidade não é somente ser humildes, ou somente prudentes, ou somente castos, e assim por diante. Mas consiste em ser virtuosos. Vê, meu filho, quando um rico quer dar um jantar, será que ele manda fazer só um alimento? Ou, ainda, quando quer fazer um ramalhete de flores, para oferecer como homenagem, por acaso ele irá colocar no ramalhete só uma flor? Não, não é verdade? Porque, ainda que colocasse sobre as mesas grande quantidade do mesmo alimento, os convivas o criticariam como um anfitrião sovina, que se preocupa somente em querer mostrar as suas posses, mas não em demonstrar sua fineza, como um anfitrião que se preocupa com os diversos gostos de seus convidados, e que quer ver cada um deles, servindo-se deste ou daquele alimento, e não se sacie com ele, mas sinta prazer em comê-lo. É assim que se faz um ramalhete. Não com uma só flor. Mas com muitas flores juntas, ele faz que as diversas cores e os diversos perfumes agradem a todos os olhos e olfatos, e são causa de elogios ao anfitrião. A Santidade, que devemos considerar como um ramalhete de flores oferecido ao Senhor, deve ser formada por todas as virtudes. Em um espírito predominam a humildade, em outro a fortaleza, em outro a continência, em outro a paciência, em outro o espírito de sacrifício e de penitência, todas estas nascidas da planta real e finalmente perfumada, que é o amor, e cujas flores predominarão sempre no ramalhete, pois todas as virtudes é que compõem a Santidade.
E qual delas deve cultivar com mais cuidado?
A caridade. Eu já te disse.
E depois?
Não existe um método meu filho. Se tu amares o Senhor, Ele te dará os seus dons, isto é, Ele se comunicará a ti, e então as virtudes que tu queres ver crescer robustas, crescerão sob o sol da Graça.
Em outras palavras, na alma que ama, é Deus quem opera fundamentalmente, deixando que o homem use de sua livre vontade, em tender á perfeição, e de seus esforços para repelir as tentações e manter-se fiel aos seus propósitos, em suas lutas contra a carne, do mundo e do demônio que o assaltam. E isso para que o seu filho tenha merecimento em sua Santidade.
Ah! Agora sim! Portanto é muito justo dizer-se que o homem é feito para ser perfeito, como Deus quer. Obrigado, Mestre. Agora eu sei. E agora assim farei. E Tu, reza por mim.
Eu te terei em meu coração. Vai, e não fiques com medo de que Deus te deixe sem sua ajuda.
O jovem muito contente se separa de Jesus.
(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vl 8, pgs 112,113,114,115,116)
Fonte: www.provasdaexistenciadedeus.blogspot.com.br (do amigo Antonio Calciolari)
Veja também...
Maria Valtorta, mística italiana, que teve revelações de Jesus: Parábola da Sabedoria