Igreja na Polônia a beira de um cisma? Francisco é abertamente contrário ao ensinamento do Santo Papa João Paulo II


08.03.2015 -

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Diante das tensões que antecedem o sínodo da Família, a Polônia, terra de São João Paulo II, estaria acenando para um cisma pela resistência dentro da Igreja Católica Romana, escreve um intelectual de liderança no ala conservadora da Igreja .

Segundo informações da Radio Poland, a crença de que o Papa Francisco é abertamente contrário ao ensinamento do “papa polonês” tem gerado uma tensão entre os que defende as mudanças, como a comunhão aos divorciados e os que defendem a Tradição católica e o legado de resistência de São João Paulo II. Dominik Zdort, intelectual polônês, acredita que a Polônia está disposta, se preciso for, a separar-se da comunhão da Igreja e resistir ao progressismo, como escreveu no diário Rzeczpospolita na sexta-feira.

As idéias do cardel Kasper tem sido encaradas como um rompimento com o catolicismo e, por definição, uma criação de uma seita que se intitularia católica, embora não seja.

O escritor tradicionalista vê potencial para um cisma, pois “nunca antes um grupo tão grande (e crescente) de hierarcas, como tem sido, se opõem abertamente contra as idéias atribuídas a um Papa. Como as figuras da oposição: Cardinal Raymond Leo Burke and the archbishop of Warsaw, Henryk Hoser.

Infelizmente os ventos sopram para uma divisão na Igreja, caso continuem discutindo a respeito da comunhão aos divorciados. Os progressistas já ameaçam desobedecer o Papa, caso ele insista em manter a Igreja como está. Nesse sentido, o cardeal alemão Marx foi enfático: «Não somos só uma filial de Roma».

Com medo que o corpo de Cristo seja dividido, católicos do mundo todo tem assinado uma petição on-line que diz:

“Santo Padre, nós Vo-la imploramos com o coração devotado por tudo o que sois e representais, certos de que ela não poderá jamais dissociar a prática pastoral do ensino legado por Jesus Cristo e por seus vigários, o que só aumentaria a confusão”

Beatíssimo Padre,

Tendo em vista o Sínodo sobre a Família de outubro de 2015, dirigimo-nos filialmente a Vossa Santidade, para Lhe manifestar as nossas apreensões e esperanças sobre o futuro da família.

Nossas apreensões se devem ao fato de virmos assistindo há décadas a uma revolução sexual promovida por uma aliança de poderosas organizações, forças políticas e meios de comunicação, a qual atenta passo a passo contra a própria existência da família como célula básica da sociedade. Desde a chamada Revolução de 68, sofremos uma imposição gradual e sistemática de costumes morais contrários à lei natural e divina, tão implacável que torna hoje possível, por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante “teoria do gênero”, a partir da mais tenra infância.

Em face dessa obscura orquestração ideológica, o ensinamento católico sobre o Sexto Mandamento da Lei de Deus é como uma tocha acesa que atrai inúmeras pessoas – opressas pela publicidade hedonista – para o modelo de família casto e fecundo pregado pelo Evangelho e conforme à ordem natural.

Santidade, na sequência das informações veiculadas por ocasião do último Sínodo, constatamos com dor que para milhões de fiéis a luz dessa tocha pareceu vacilar sob os ventos malsãos de estilos de vida propagados por lobbies anticristãos. Com efeito, observamos uma desorientação generalizada, causada pela possibilidade de que se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que permite a aceitação do adultério – mediante a admissão à Eucaristia de casais divorciados recasados civilmente –, e até mesmo uma virtual aceitação das próprias uniões homossexuais, práticas essas condenadas categoricamente como contrárias à lei divina e natural.

Dessa desorientação brota paradoxalmente a nossa esperança.

Sim, porque nesta situação uma palavra esclarecedora de Vossa Santidade será a única via capaz de superar a crescente confusão entre os fiéis. Ela impediria a relativização do próprio ensinamento de Jesus Cristo, e dissiparia as trevas que se projetam sobre o futuro dos nossos filhos, caso essa tocha deixe de lhes iluminar o caminho.

Esta palavra, Santo Padre, nós Vo-la imploramos com o coração devotado por tudo o que sois e representais, certos de que ela não poderá jamais dissociar a prática pastoral do ensino legado por Jesus Cristo e por seus vigários, o que só aumentaria a confusão. Jesus nos ensinou com toda clareza, com efeito, a coerência que deve existir entre a verdade e a vida (cfr. Jo 14, 6-7), assim como nos advertiu de que o único modo de não sucumbir é colocar em prática a sua doutrina (cfr. Mt 7, 24-27).

Ao mesmo tempo em que pedimos a Sua bênção apostólica, asseguramos-Lhe as nossas orações à Sagrada Família – Jesus, Maria e José –, para que ela ilumine Vossa Santidade nestas circusntâncias tão cruciais.

Fonte:www.padremarcelotenorio.com  e   www.sinaisdoreino.com.br

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Artigo de La Documentation Catholique, 3 de julho de 1983, n.º 1085, pp. 696-697

POR QUE OS CATÓLICOS ESTÃO PERPLEXOS?

Que os católicos deste final do século XX estejam perplexos, quem o negará? Que o fenômeno seja relativamente recente, correspondendo aos vinte últimos anos da História da Igreja, basta observar o que sucede para estar persuadido disto. Há pouco tempo, o caminho estava inteiramente traçado; ou se seguia ou não. Tinha-se a fé, ou então se tinha perdido, ou ainda jamais se tivera. Mas quem a possuía, quem havia entrado na santa Igreja pelo batismo, renovado suas promessas pela idade de onze anos, recebido o Espírito Santo no dia de sua confirmação, este sabia o que devia crer e o que devia fazer.

Hoje, muitos não mais o sabem. Ouvem-se nas igrejas tantos ditos estarrecedores, lêem-se tantas declarações contrárias ao que tinha sido sempre ensinado, que a dúvida se insinuou nos espíritos.

No dia 30 de junho de 1968, encerrando o Ano da Fé, S.S. Paulo VI fazia, diante de todos os bispos presentes em Roma e de centenas de milhares de fiéis uma profissão de fé católica. Em seu preâmbulo, ele prevenia cada um deles contra os danos causados à doutrina pois, dizia, “seria engendrar, como infelizmente se vê hoje, a perturbação e a perplexidade de muitas almas fiéis”.

Palavras do Santo Papa João Paulo II a 6 de fevereiro de 1981:

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“Os cristãos de hoje em grande parte, se sentem perdidos, confusos, perplexos e mesmo decepcionados.” O Santo Padre resumia as causas deste fato da seguinte maneira: De todos os lados espalharam-se idéias que contradizem a verdade que foi revelada e sempre ensinada. Verdadeiras heresias foram divulgadas nos domínios do dogma e da moral, suscitando dúvidas, confusão, rebelião. A própria liturgia foi violada. Mergulhados num relativismo intelectual e moral, os cristãos são tentados por um iluminismo vagamente moralista por um cristianismo sociológico, sem dogma definido e sem moralidade objetiva. Esta perplexidade se manifesta a todo o instante nas conversas, nos escritos, nos jornais, nas emissões radiofônicas ou televisionadas, no comportamento dos católicos, traduzindo-se este último numa diminuição considerável da prática como o testemunham as estatísticas, uma desafeição relativamente à missa e aos sacramentos, um relaxamento geral dos costumes".

Foi-se levado a perguntar, por conseguinte, o que provocou um tal estado de coisas. A todo efeito corresponde uma causa. É a fé dos homens que diminuiu, por um eclipse da generosidade da alma, um apetite de gozo, uma atração pelos prazeres da vida e pelas múltiplas distrações que oferece o mundo moderno? Não são estas as verdadeiras razões, elas sempre existiram dum modo ou de outro; a queda rápida da prática religiosa provém antes do espírito novo que se introduziu na Igreja e que lançou a suspeita sobre um passado inteiro de vida eclesiástica, de ensino e de princípios de vida. Tudo isto se fundava sobre a fé imutável da Igreja, transmitida pelos catecismos que eram reconhecidos por todos os episcopados.

A fé se estabelecia sobre certezas. Abalando-as, semeou-se a perplexidade.

Tomemos um exemplo: a Igreja ensinava — e o conjunto dos fiéis acreditava — que a religião católica era a única verdadeira. Com efeito, ela foi fundada pelo próprio Deus, enquanto que as outras religiões são obra dos homens. Em conseqüência disto o cristão deve evitar toda relação com as falsas religiões e de outra parte, fazer tudo para trazer os seus adeptos à religião de Cristo.

Isto é ainda verdadeiro? Com toda a segurança. A verdade não pode mudar, senão jamais teria sido verdade. Nenhum dado novo, nenhuma descoberta teológica ou científica — se é que podem existir descobertas teológicas — jamais fará com que a religião católica não seja mais o único caminho da salvação.

Mas eis que o próprio papa assiste a cerimônias religiosas destas falsas religiões, reza e prega nos templos de seitas heréticas. A televisão espalha no mundo inteiro as imagens destes contatos estarrecedores. Os fiéis não compreendem mais.

Lutero — e eu tornarei a isto nas páginas que seguem — separou da Igreja povos inteiros, transtornou a Europa espiritual e politicamente, arruinando a hierarquia católica, o sacerdócio católico, inventando uma falsa doutrina da salvação, uma falsa doutrina dos sacramentos. Sua revolta contra a Igreja será o modelo seguido por todos os futuros revolucionários que lançarão a desordem na Europa e no mundo. É impossível, quinhentos anos mais tarde, fazer dele, como alguns quereriam, um profeta ou um doutor da Igreja, quando não um santo.

“Entre as idéias do concílio Vaticano II, onde se pode ver um acolhimento dos postulados de Lutero, se acham por exemplo:

— a descrição da Igreja como “Povo de Deus” (idéia mestra do novo direito canônico: idéia democrática e não mais hierárquica);

— o acento colocado sobre o sacerdócio de todos os batizados;

— o compromisso em favor do direito da pessoa à liberdade em matéria de religião.

Outras exigências que Lutero tinha formulado em seu tempo podem ser consideradas como sendo satisfeitas na teologia e na prática da Igreja de hoje: o emprego da língua vulgar na liturgia, a possibilidade da comunhão sob as duas espécies e a renovação da teologia e da celebração da Eucaristia.”

Que confissão considerável! Satisfazer às exigências de Lutero, que se mostrou o inimigo resoluto e brutal da missa e do papa! Dar acolhimento aos postulados do blasfemador que dizia: “Eu afirmo que todos os lupanares, os homicídios, os roubos, os adultérios são menos maus que esta abominável missa!” Desta reabilitação tão aberrante não se pode tirar senão uma conclusão: ou se deve condenar o concílio Vaticano II que a autorizou, ou se deve condenar o concílio de Trento e todos os papas que, desde o século XVI, declararam o protestantismo herético e cismático.

Compreende-se que diante de uma tal reviravolta os católicos estejam perplexos. Mas eles têm tantos motivos de o estar! No decurso dos anos presenciaram a transformação do fundo e da forma das práticas religiosas que os adultos tinham conhecido na primeira parte de sua vida.

Nas igrejas, os altares foram destruídos ou mudados de destino em proveito de uma mesa, freqüentemente móvel ou encaixada. O tabernáculo não ocupa mais o lugar de honra, na maior parte das vezes; foi dissimulado sobre um sustentáculo e posto ao lado: onde ele ficou no centro o sacerdote ao rezar a missa, lhe volta as costas. Celebrante e fiéis face a face, dialogando em conjunto. Qualquer um pode tocar os vasos sagrados, freqüentemente substituídos por cestos, pratos, tigelas de louça; leigos, inclusive mulheres, distribuem a comunhão que se recebe na mão. O Corpo de Cristo é tratado com uma falta de reverência que insinua a dúvida sobre a realidade da transubstanciação.

Os sacramentos são administrados dum modo que varia conforme os lugares; tomarei como exemplos a idade do batismo e da confirmação, o da bênção nupcial acompanhada de cantos e de leituras que nada têm a ver com a liturgia, tomadas de empréstimo a outras religiões ou de uma literatura decididamente profana, quando não exprimem simplesmente idéias políticas.

O latim, língua universal da Igreja, e o gregoriano desapareceram de um modo quase geral. A totalidade dos cânticos foi substituída por cantigas modernas, nas quais não é raro encontrar os mesmos ritmos que os dos lugares de prazer.

Os católicos ficaram surpresos também pelo brusco desaparecimento do hábito eclesiástico, como se os sacerdotes e as religiosas tivessem vergonha de aparecer com tais.

Os pais que enviam seus filhos ao catecismo verificam que não mais se lhes ensinam as verdades da fé, mesmo as mais elementares: a Santíssima Trindade, o mistério da Encarnação, a Redenção, o pecado original, a Imaculada Conceição.

Daí se origina um sentimento de profunda confusão: tudo isto não é mais verdade, está caduco, “ultrapassado”? As próprias virtudes cristãs não são mais mencionadas; em que manual de catequese, por exemplo, se fala da humildade, da castidade, da mortificação? A fé se tornou um conceito flutuante, a caridade uma espécie de solidariedade universal e a esperança é sobretudo a esperança num mundo melhor.

Tais novidades não são aquelas que, na ordem humana, aparecem com o tempo, às quais nos habituamos, a que assimilamos depois de um primeiro período de surpresa e de hesitação. No decorrer da vida de um homem, muitas maneiras de comportamento se transformam; se eu fosse ainda missionário na África dirigir-me-ia para lá de avião e não mais de navio quando não fosse senão pela dificuldade de encontrar uma companhia marítima que fizesse ainda o trajeto. Neste sentido pode-se dizer que é preciso viver com o seu tempo e ademais se está obrigado a isso.

Mas os católicos aos quais se quis impor novidades na ordem espiritual e sobrenatural em virtude do mesmo princípio, compreenderam bem que isto não era possível. Não se muda o Santo Sacrifício da Missa, os sacramentos instituídos por Jesus Cristo, não se muda a verdade revelada uma vez por todas, não se substitui um dogma por outro.

As páginas que vão seguir quereriam responder às questões que vós vos pondes, vós que conhecestes uma outra face da Igreja. Elas quereriam também esclarecer os jovens nascidos depois do concílio e aos quais a comunidade católica não oferece o que eles têm direito de esperar dela. Desejaria, enfim, dirigir-me aos indiferentes ou aos agnósticos que a graça de Deus tocará num dia ou noutro mas que correm o risco de encontrar então igrejas sem sacerdotes e uma doutrina que não corresponde às aspirações de sua alma.

E ademais é com toda a evidência, uma questão que interessa a todo o mundo, se se julga pelo interesse que nisto demonstra a imprensa de informação geral, em particular  em nosso país. Os jornalistas também dão mostras de perplexidade. Alguns títulos ao acaso:

“O cristianismo vai morrer?”, “Haverá ainda sacerdotes no ano 2000?” (ou restarão somente os lobos em pele de cordeiro)

A estas perguntas eu quero responder, não trazendo de minha parte teorias novas, mas me referindo à Tradição ininterrupta e entretanto tão abandonada nestes anos que a muitos leitores ela aparecerá como qualquer coisa de novo.

1. La Documentation Catholique, 3 de julho de 1983, n.º 1085, pp. 696-69

 

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