24.11.2013 -
Teófilo de Antioquia (?-c. 186), bispo A Autólico,1, 2.7
(trad. bréviaire ; cf SC 20, p. 58 ss.)
Com os olhos do corpo, observamos o que se passa na vida e na terra; discernimos a diferença entre a luz e a escuridão, entre o branco e o preto, entre o feio e o belo [...]; o mesmo acontece com aquilo que o ouvido abarca: sons agudos, graves, agradáveis. Mas também temos ouvidos no coração e olhos na alma, sentidos que podem captar a Deus. Com efeito, Deus deixa-Se percepcionar porque aqueles que são capazes de O ver, depois de se lhes terem aberto os olhos da alma.
Todos nós temos olhos físicos, mas alguns têm-nos velados, e não vêem a luz do sol. Se os cegos não vêem, não é porque a luz do sol não brilhe. É a si próprios, e aos seus olhos, que os cegos devem essa privação. O mesmo se passa contigo: os olhos da tua alma estão velados pelos teus pecados e as tuas más ações [...]; quando tem um pecado na alma, o homem deixa de conseguir ver a Deus. [...]
Se quiseres, porém, podes curar-te. Confia-te ao médico, e Ele te curará os olhos da alma e do coração. E quem é o médico? É Deus, que cura e vivifica, por meio do Seu Verbo e da Sua Sabedoria. Foi por meio do Verbo e da Sabedoria que Deus fez todas as coisas [...]. Se compreenderes este facto, e se viveres uma vida de pureza, piedade e justiça, poderás ver a Deus. Que a fé e o temor de Deus sejam os primeiros a entrar no teu coração, para que possas compreendê-Lo. Quando te tiveres despojado da tua condição mortal e te tiveres revestido de imortalidade (1Cor 15, 53), verás a Deus segundo os teus méritos, a esse Deus que te ressuscitará a carne, tornada imortal, tal como te ressuscitará a alma. Nessa altura verás a Deus imortal, desde que tenhas acreditado Nele já nesta vida.
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OS PENSAMENTOS DOS HOMENS SE TORNARAM VÃOS, TORTUOSOS E FALSOS
Santo Papa João Paulo II, Fides et Ratio, n. 22
"Segundo o Apóstolo, no projeto originário da criação estava prevista a capacidade de a razão ultrapassar comodamente o dado sensível para alcançar a origem mesma de tudo: o Criador. Como resultado da desobediência com que o homem escolheu colocar-se em plena e absoluta autonomia relativamente Àquele que o tinha criado, perdeu tal facilidade de acesso a Deus criador.
O livro do Génesis descreve de maneira figurada esta condição do homem, quando narra que Deus o colocou no jardim do Éden, tendo no centro « a árvore da ciência do bem e do mal » (2, 17). O símbolo é claro: o homem não era capaz de discernir e decidir, por si só, aquilo que era bem e o que era mal, mas devia apelar-se a um princípio superior. A cegueira do orgulho iludiu os nossos primeiros pais de que eram soberanos e autônomos, podendo prescindir do conhecimento vindo de Deus.
Nesta desobediência original, eles implicaram todo o homem e mulher, causando à razão traumas sérios que haveriam de dificultar-lhe, daí em diante, o caminho para a verdade plena.
Agora a capacidade humana de conhecer a verdade aparece ofuscada pela aversão contra Aquele que é fonte e origem da verdade. O próprio apóstolo S. Paulo nos revela como, por causa do pecado, os pensamentos dos homens se tornaram « vãos » e os seus arrazoados tortuosos e falsos (cf. Rom 1, 21-22).
Os olhos da mente deixaram de ser capazes de ver claramente: a razão foi progressivamente ficando prisioneira de si mesma. A vinda de Cristo foi o acontecimento de salvação que redimiu a razão da sua fraqueza, libertando-a dos grilhões onde ela mesma se tinha algemado." (João Paulo II, Fides et Ratio, n. 22)
Fonte: http://advhaereses.blogspot.com/ e www.rainhamaria.com.br