16.10.2013 -
Foi uma audiência pessoal, na Casa Santa Marta. Sem holofotes, entre dois velhos conhecidos. Francisco e Gustavo Gutiérrez (foto) se abraçaram ontem, em Roma, simbolizando essa Igreja na primeira pessoa do plural que o Papa argentino promove, essa Igreja na qual todos nós cabemos, acima das diferenças. A Teologia da Libertação voltou a entrar nos aposentos vaticanos.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada no sítio Religión Digital, 13-09-2013. A tradução é do Cepat.
O encontro foi possível graças à mediação do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, grande amigo do pai da Teologia da Libertação e que escreveu com ele o último livro que agora vem à luz na Itália. Aproveitando sua estadia em Roma, Müller – que em breve poderá ser nomeado cardeal – tornou possível um desejo que era do próprio Francisco.
O encontro é um passo a mais na reabilitação desta corrente teológica, cuja base – despojada do marxismo próprio da época em que surgiu, o período da Guerra Fria – é o centro da teologia de Francisco: a opção preferencial pelos pobres, os marginalizados, os que não possuem nada.
O passo seguinte, de acordo com diferentes fontes, seria a inclusão de Gutiérrez – que jamais foi condenado pelo Ex-Santo Ofício – no grupo de especialistas da Comissão Teológica Internacional.
“Ele me recorda muito João XXIII”, afirma numa das declarações para o Vatican Insider o teólogo peruano, que assinala: “penso que, talvez, ele esteja levando adiante o Evangelho, não exatamente uma teologia, no máximo uma teologia próxima à Teologia da Libertação. Falar da importância do pobre, do compromisso, da solidariedade com os pobres... Isso vem do Evangelho! E o Papa é muito evangélico, seu modo de atuar manifesta isto”.
Talvez dentro desse Evangelho, que une a todos os seguidores de Jesus, é onde se tenha que inserir esse abraço que ontem voltou a reunir o Bispo de Roma e a Teologia da Libertação. Depois de três décadas de incompreensão e condenações, o passo dado ontem denota mais uma vez os novos ares que se vislumbram no Vaticano. Numa primavera que hoje completa seis meses.
Fonte: UNISINOS
------------------------------------------------------------
VEJA TAMBÉM...
Cardeal que articulou candidatura do Papa é apreciador da Teologia da Libertação
Papa diz: Convencer os outros para que se tornem católicos? Não, não e não
Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julgá-lo?, diz Papa
Padre João Batista: Estou perplexo com a declaração do Papa de não existir um Deus católico
O Clero do Fim dos Tempos: Arcebispo de Cuiabá dá palestra em Loja Maçônica
Novamente a Maçonaria invade a Igreja em Missa pelo dia do Maçom em Pernambuco
Sinal dos Tempos: Padres realizam missas no calçadão de Ribeirão Preto SP
A Modernização da Fé Católica: O Começo do Cisma