28.05.2013 -
Mais de dez milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de várias fobias, e os habitantes de grandes cidades são duas vezes mais propensos a elas do que pessoas que vivem em comunidades menores.
A tal conclusão chegaram especialistas da fundação britânica de proteção da saúde mental Mind. No entanto, de acordo com especialistas, a escala do desastre pode ser muito maior, porque muitos escondem cuidadosamente os seus medos.
Habitantes da cidade de Reeves no estado norte-americano de Louisiana gastaram cerca de 50 anos implorando por ajuda. O fato é que no início da década de 1960, a esta comunidade foi atribuída o código de discagem com o número 666. Mais tarde, descobriu-se que os cidadãos sofriam maciçamente de pânico do “número do diabo”. Mas só recentemente a companhia telefônica ofereceu aos residentes de Reeves a oportunidade de alterar o código para 749, e então os habitantes da cidade finalmente puderam respirar com alívio.
A fobia não é um medo comum, que nos foi dado pela natureza como uma defesa, mas um medo obsessivo irracional. Por exemplo, no caso da claustrofobia uma pessoa sente um medo muito forte cada vez que se encontra num elevador ou em outro espaço apertado. Ela sente tremores em todo o corpo, sufocação, espasmos na garganta, palpitações e fraqueza. Ao mesmo tempo, a pessoa percebe que nenhum perigo real a ameaça, mas, infelizmente, não se consegue convencer de não ter medo.
Segundo especialistas, ultimamente no mundo vem aparecendo cada vez mais diferentes fobias. Uns tentam não andar a pé sobre pontes ou não andar numa escada rolante vazia, outros têm pânico de caminhões de reboque, de pingos de gelo pendurados em telhados por limpar, de fiscais de aplicação da lei, e muito mais.
Mas na classificação de fobias, já durante muitos anos entre os líderes está o medo de voar de avião, diz Serguei Yenikolopov, psicólogo da Academia Russa de Ciências Médicas:
“Enormes quantidades de pessoas consomem bebidas alcoólicas a bordo de aviões porque têm medo de voar. Aqui são misturados ao mesmo tempo o medo de espaços fechados e o próprio medo de voar. É claro que todos esses medos são muito superiores ao que realmente há a temer. A probabilidade da queda de um avião é muito menor à probabilidade de um acidente de automóvel. Mas as pessoas têm mais medo de aviões do que os carros.”
Afinal tem razão o dito popular russo: “O medo tem olhos grandes: até o que não existe eles veem”. É interessante notar que entre 30% e 50% da população da Rússia sofrem de tempofobia. Informações sobre “avisos de tempestade” frequentemente declarados por meteorologistas se fundem em suas mentes com as notícias televisivas de devastadores furacões nos Estados Unidos. Como resultado, indivíduos impressionáveis projetam tais desastres para seu próprio futuro.
E os alemães, curiosamente, têm medo... de lâmpadas econômicas. E a culpa toda é de um programa de televisão normal que uma vez falou dos perigos e riscos associados à sua utilização. Segundo os autores do programa, as lâmpadas economizadoras de energia, que são obrigatórias para o uso da população europeia, emitem substâncias químicas perigosas que causam câncer. Especialistas aconselham a não usar tais lâmpadas para ler, e mantê-las longe do alcance das crianças, pois elas contêm mercúrio.
A palavra não é um pássaro, diz o ditado russo, especialmente uma palavra falada na televisão. E os alemães, que são por natureza propensos a tais fobias, se assustaram de verdade. Mas, já que a indústria alemã não produz mais lâmpadas comuns, é possível que entre os alemães venha a crescer a demanda por velas.
Para muitas pessoas, que estão longe de fobias, tudo isso pode parecer muito estranho e rebuscado. No entanto, para aqueles que realmente sofrem desta doença, isto não é nada um capricho, mas uma doença que os tem preso num medo mítico. Como sair deste círculo vicioso e se sentir, finalmente, uma pessoa livre, contou em entrevista à Voz da Rússia o psicólogo clínico, membro ativo da Liga psicoterapêutica profissional, chefe do centro Remedy Mikhail Kamelev:
“Se estamos falando de fobias bastante ligeiramente expressas, na maioria dos casos elas podem desaparecer por si próprias. Em geral, a melhor maneira é, claramente, consultar um médico-psicoterapeuta. Não espere até que a fobia se desenvolva e amarre a pessoa à casa de tal forma que ela terá medo de se levantar de sua própria cama, de modo que nada lhe aconteça. E o mais eficaz é uma combinação de psicofarmacologia e psicoterapia, o que ajuda muito bem.”
O velho ditado de “combater fogo com fogo” é particularmente relevante no tratamento de fobias, por isso na maioria dos casos os psiquiatras recorrem à terapia cognitiva. Ou seja, o paciente é gradualmente acostumado a lidar com o medo da situação ou objeto assustador - primeiro com imaginação, e depois na realidade. Especialistas recomendam não para evitar o seu medo, mas, pelo contrário, olhá-lo diretamente nos olhos.
Fonte: Voz da Russia
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