13.02.2013 - Diz o Profeta [Joel]: “voltai ao Senhor vosso Deus, porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente, pronto a arrepender-se do castigo que inflige” (v. 13). É possível voltar ao Senhor, é uma ‘graça’, porque é obra de Deus e fruto da fé que nós confiamos à Sua misericórdia. Mas este retorno a Deus se torna uma realidade em nossas vidas apenas quando a graça de Deus penetra e move nosso íntimo, dando-nos o poder que “rasga o coração”. Novamente o profeta proclama estas palavras de Deus: “Rasgai vossos corações e não vossas vestes” (v. 13). Hoje, de fato, muitos estão prontos a “rasgar as suas vestes” sobre escândalos e injustiças — que são, claro, causadas por outros — mas poucos parecem dispostos a agir segundo o seu próprio “coração”, sua própria consciência e suas próprias intenções, ao permitir que o Senhor os transforme, renove e converta.
[…] Finalmente, o profeta se detém sobre as orações dos sacerdotes, que, com lágrimas nos olhos, se voltam a Deus, dizendo: “Chorem os sacerdotes, servos do Senhor, entre o pórtico e o altar, e digam: Tende piedade de vosso povo, Senhor, não entregueis à ignomínia vossa herança, para que não se torne ela o escárnio dos pagãos! Por que diriam eles: onde está o seu Deus?” (v. 17). Esta oração nos leva a refletir sobre a importância de testemunhar a fé e a vida cristã, para cada um de nós e nossa comunidade, a fim de que possamos revelar a face da Igreja e como esta face é, por vezes, desfigurada. Penso em particular nos pecados contra a unidade da Igreja, das divisões no corpo da Igreja. Viver a quaresma de maneira mais intensa e em evidente comunhão eclesial, superando o individualismo e a rivalidade é um sinal humilde e precioso para aqueles que se distanciaram da fé ou que são indiferentes.
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“Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação” (2 Cor 6:2). As palavras do Apóstolo Paulo aos cristãos de Corinto ressoam para nós com uma urgência que não permite ausência ou inércia. O termo “agora” é repetido e não pode ser perdido, é oferecido como uma oportunidade única.
[...] Na passagem do Evangelho segundo Mateus, ao qual pertence o chamado Sermão da Montanha, Jesus se refere a três práticas fundamentais exigidas pela Lei Mosaica: esmola, oração e jejum. Estas são também indicações tradicionais da jornada quaresmal para responder ao convite de “voltar a Deus com todo o coração”. Mas ele indica que ambas a qualidade e a verdade de nosso relacionamento com Deus são o que qualificam a autenticidade de cada ato religioso. Por esta razão, ele denuncia a hipocrisia religiosa, um comportamento que procura o aplauso e a aprovação. O verdadeiro discípulo não serve a si mesmo ou ao “público”, mas ao Senhor, na simplicidade e generosidade: “E o vosso Pai, que vê tudo em segredo, vos recompensará” (Mt 6, 4.6.18). Nosso testemunho será sempre mais efetivo quanto menos procurarmos nossa própria glória e quanto mais estivermos cientes de que a recompensa do justo é o próprio Deus, estar unido a Ele, aqui, no caminho da fé, e no fim da vida, na paz e na luz do eterno encontro face a face com Ele (cf. 1 Cor 13:12).
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