29.11.2012 -
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Por Jorge Ferraz
Foi amplamente noticiada, no final do mês passado, a polêmica envolvendo críticas à Doutrina da Igreja proferidas por um membro do Corpo Docente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Para quem não se lembra (ou não acompanhou):
A polêmica começou depois que uma carta de um aluno seminarista, que não se identificou, foi publicada em um blog religioso. No texto, o autor acusa o professor de Filosofia Francisco Verardi Bocca de dizer blasfêmias e desrespeitar os dogmas da Igreja. O professor teria dito que “a eucaristia é um baseado, que o padre vai passando de mão em mão… É uma droga lícita…”. Em outro trecho, diz: “Esse papa é tão ruim que nem Deus gosta dele”. O post foi publicado no blog fratresinunum.com em 18 de outubro e recebeu quase 60 comentários de apoio.
A matéria do Estadão disse ainda «que um representante do papa chegou a pedir esclarecimento da direção da universidade»; a PUC negou. No entanto, uma nota conjunta sobre o assunto assinada pelo reitor da PUC e pelo Arcebispo de Curitiba (que não consegui encontrar nem no site da Universidade e nem no da Arquidiocese) parece ter sido escrita em resposta a este (não admitido) questionamento vaticano, pois ela diz que «[a] PUCPR segue integralmente a Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae de Sua Santidade o Papa João Paulo II, dada a sua condição institucional de Pontifícia Universidade Católica». Como praticamente nenhum jornalista sabe o que é a Ex Corde Ecclesiae (que nem sequer foi citada pela mídia secular, e o foi somente en passantpelo texto original do Fratres in Unum), o destinatário da mensagem me parece claramente ser o Vaticano – embora a Universidade o negue.
Sobre o assunto, a Gazeta do Povo publicou dois textos: um escrito pelo sr. Bortolo Valle, «professor titular do programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR», e outro da lavra do sr. Joel Pinheiro, «mestrando em Filosofia» e «editor da revista culturalDicta&Contradicta». Deste último, destaco: “assim como a instituição reconhece o benefício de ter professores diversos, eles também deveriam reconhecer o mérito da instituição, comprometendo-se a respeitar seus valores, ainda que discordem deles. A ofensa verdadeira não está na manifestação da descrença, mas no intuito de ridicularizar a crença – intuito que nunca parece ser grande coisa para quem faz a brincadeira, mas que é percebido como grave pelos ouvintes afetados”.
* * *
- Também em São Paulo há uma Universidade Pontifícia no olho do furacão. Alguns cursos da PUCSP estão em greve desde o último dia 13 de novembro por conta da «indicação da professora Anna Maria Marques Cintra para assumir a reitoria, nomeada pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da universidade». A professora foi a terceira mais votada nas eleições internas da Universidade; o Estatuto Universitário prevê que a escolha do reitor é feita pelo grão-chanceler a partir de uma lista tríplice elaborada pela comunidade acadêmica. Os grevistas querem que a professora renuncie à reitoria.
Houve recentemente uma encenação, num dos campus da PUC (Perdizes), em protesto contra a eleição da nova reitora. A matéria nos dá alguns importantes detalhes a respeito da tolerância dos grevistas:
O Legado d’O Andarilho também publicou o fato, e é deste blog que retiro a foto abaixo, retratando a pacífica e educada manifestação artística na PUC:
Segundo consta, o cardeal Odilo Scherer garantiu que não volta atrás. Que Santo Tomás de Aquino interceda pelas Pontifícias Universidades, e conceda aos que fazem parte dela – administrando, lecionando ou estudando – a sabedoria necessária para resgatarem a sua identidade católica, tão esquecida e tão necessária nos tempos modernos.
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/
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