22.11.2012 -
Relatos extraídos de Padre Pio – um Santo entre nós, do jornalista italiano Renzo Allegri. Os grifos são nossos.
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Há ainda outro dado desconcertante a tomar em consideração, um dado absolutamente inconcebível do ponto de vista científico, mas extremamente significativo para ajudar a compreender a situação: as suas febres.
Tão depressa vinham como, de repente, desapareciam. Atingiam temperaturas elevadíssimas, tão elevadas que não havia memória de tais valores na história da medicina. Se não fossem detectadas e controladas por médicos, pensar-se-ia que os dados transmitidos tinham sido inventados.
O Padre Pio começou a acusar este tipo de febres precisamente nos anos em que era forçado a abandonar periodicamente o convento para tratar da sua saúde em casa.
Os médicos constatavam que a fronte do jovem religioso ardia, que os seus olhos brilhavam e que tinha o pulso galopante. Colocavam-lhe o termómetro debaixo das axilas e a coluna de mercúrio subia com rapidez e violência dentro do tubo de vidro, a ponto de fazê-lo rebentar. A febre ultrapassava, portanto, os 42 graus centígrados, limite máximo previsto num termómetro normal.
Certo dia um médico teve a ideia de utilizar um termómetro daqueles que são utilizados para medir a temperatura da água, o «termómetro de banho». Mediu a febre ao Padre e a pequena coluna de mercúrio deteve-se nos 48 graus. O médico não queria acreditar no que estava a ver. Experimentou de novo, e obteve o mesmo resultado.
Este dado foi mais tarde confirmado por médicos militares, quando o Padre Pio estava na tropa, e depois pelo doutor Giorgio Festa, que estudou longa e meticulosamente o físico do Padre Pio. «Eu já tinha ouvido falar daquela anomalia», escreveu o Doutor Festa, num dos seus relatórios. «Julgava-a impossível e, para poder avaliá-la com exactidão, levei comigo um termómetro especial, que serve para as experiências científicas e que é de uma precisão absoluta.»
O Doutor Festa mediu metodicamente a temperatura do Padre Pio, duas vezes por dia, durante várias semanas. Os resultados foram incríveis. Havia dias em que a temperatura era de 36,2-36,5 graus, mas noutros subia a 48-48,5 graus.
«Quando era atingido por temperaturas tão elevadas,» escreveu o Doutor Festa, «o Padre Pio parecia sofrer muito, sendo tomado por grande agitação na cama, mas sem delirar e sem as perturbações comuns que habitualmente acompanham alterações febris significativas. Ao fim de um ou dois dias, tudo regressava ao seu estado normal.»
O próprio Padre Pio deixou um testemunho deste facto em várias cartas. A 9 de Fevereiro de 1917, escreveu o seguinte a Erminia Gargani, sua filha espiritual: «Sinto que melhorei. A febre tão alta, que não havia termómetro capaz de medi-la, deixou-me há já alguns dias».
Passados vários dias, escrevendo a Maria, irmã de Erminia, acrescentava: «O calor da febre era tão excessivo, que fazia rebentar o termómetro».
O Padre Paolino de Casacalenda, que nessa altura era Guardião do convento de San Giovanni Rotondo, escreveu assim nas suas memórias:
«Estávamos a 17 ou 18 de Janeiro de 1917, quando o Padre Pio caiu de cama. Era a primeira vez que eu me encontrava com ele. Ao vê-lo estendido no leito, com o rosto afogueado e a respiração um pouco difícil, tínhamos a sensação súbita de um grande sofrimento…»
«Antes de chamar o médico, decidi tirar-lhe a febre. Qual não foi o meu espanto quando, ao retirar o termómetro, me apercebi que o mercúrio, chegado aos 42 graus e meio, ou seja, ao ponto extremo dos termómetros vulgares, tinha feito pressão e, não podendo sair, tinha quebrado o reservatório onde estava encerrado. Ainda hoje conservo aquele termómetro especial, que nunca quis entregar a ninguém, sendo esta a prova mais autêntica daquilo que digo…»
«Entretanto, embora soubesse que uma febre de 42,5 graus é sinal de doença grave, nao me assustei, persuadido de que me encontrava frente a um indivíduo fora do vulgar, e por isso nem sequer me apressei a chamar o médico.»
«Pelo contrário, cheio de curiosidade por ver até onde chegaria a febre do Padre, peguei num termómetro de banho, que tinha no meu quarto e, depois de o ter libertado do estojo de madeira em que estava encerrado, aproximei-me do doente, a fim de lhe medir novamente a febre. O meu assombro aumentou extraordinariamente ao verificar o termómetro, depois de o ter retirado da axila do Padre. Vi na coluna que o mercúrio tinha atingido os 52 graus. Observei imediatamente o doente, com grande preocupação, mas ele revelava apenas uma grande depressão. Pus-lhe a mão na fronte; estava fresca como a de quem não tem febre…»
O Padre Raffaele de Sant’Elia de Pianisi, que viveu muitos anos com o Padre Pio, e foi Guardião do convento de San Giovanni Rotondo, deixou o seguinte testemunho:
«Durante os anos em que vivi com Padre Pio, ele era muitas vezes atacado por gripes e febres reumáticas e lembro-me que, um ano, também por malária, de tal modo que cheguei a dar-lhe injeções de quinino, receitadas pelo doutor Di Giacomo.»
«Quando tinha estes acessos de febre, o termómetro ultrapassava sempre os 46 graus, e também me recordo que, um ano, no dia de Pentecostes, quando D. Bosco foi canonizado, subiu a 53 graus. Vi-o com os meus próprios olhos. O Padre, na sua cama, parecia autêntico fogo, devido ao calor. Para lhe tirar a febre, tínhamos utilizado um termómetro de banho.»
«Alguns revelaram que naquele dia tinham visto o Padre Pio em Roma, a assistir à canonização de D. Bosco, ao lado de D. Orione. Eu sei muito bem que naquele dia o Padre Pio estava de cama, e nao posso dizer até que ponto tais afirmações eram verdadeiras. De resto, tudo era possível ao Padre Pio, de quem se contavam tantos casos de bilocação.»
Outro testemunho significativo, que revela como o fenómeno se repetiu ao longo do tempo, remonta aos anos 1941-1944, e é dado pelo doutor Giuseppe Avenia, médico cirurgião de Agropoli, na província de Salerno, que visitou o Padre Pio durante esse período. Ele conservava ainda o termómetro com que, então, tinha tirado a febre ao Padre e que se tinha quebrado, na axila do paciente, devido ao facto de a coluna de mercúrio ter ultrapassado os 42 graus.
Como já disse, nenhum médico, que nao tenha sido testemunha directa, aceita como verdadeiros os factos referidos, pois não têm equivalente na história da medicina.
O doutor Giorgio Festa que, ao estudar os estigmas do Padre Pio, também se interessou pelos seus febrões, procedeu a investigações específicas. Descobriu que Julius Friedrich Cohnheim, no seu Tratado de Patologia Geral, recordava que, no ataque epiléptico e urémico, nomeadamente em casos de tétano, numerosos observadores tinham registrado temperaturas absolutamente extraordinárias: 42,5-43, e até 44 graus. Eram temperaturas sempre fatais que, por vezes, depois da morte, sofriam ainda um aumento.
Baumler, referindo-se à patologia da insolação, falava de um caso, seguido de morte, em que o doente, uma hora após o seu internamento no hospital, apresentava uma temperatura de 42,9 graus.
Wunderlich, na Alemanha, tinha chamado a atenção dos médicos para a circunstância de que, nas mais variadas doenças do sistema nervoso central, quase no fim da vida, a temperatura do corpo podia subir de forma considerável, chegando a atingir 42 e, às vezes, 43 e 44 graus.
O que ele pensava sobre o assunto fora confirmado por todos os observadores que o tinham seguido, e as temperaturas tão elevadas por ele descritas tinham recebido o nome de «agónicas ou pré-agónicas», precisamente como expressão da tragédia que prenunciavam.
Contudo, em todos estes casos extremos, investigados pelo doutor Festa, estamos sempre muito longe daquilo que acontecia ao Padre Pio, cuja febre alcançava os 48 e até os 53 graus centígrados.
[ALLEGRI, Renzo. Padre Pio – um santo entre nós, pp. 94-97. Paulinas, Lisboa, 1999.]
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com - www.rainhamaria.com.br