Dom Aquino Corrêa, em 1940: Não creiamos em civilizações que negam a Deus


01.11.2012 - Palavras de Dom Francisco de Aquino Corrêa, na Catedral de Cuiabá, ao recolher-se a procissão do Corpo de Deus, em 26 de maio de 1940.

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“Se ante o cadáver dum monarca, fosse ele muito embora o Rei-Sol, pôde o orador sacro exclamar a célebre palavra: Só Deus é grande! com quanto maior razão, não devemos repeti-la nós, em face do cataclismo, em que hoje se afunda a velha e culta Europa, dando-nos a impressão terrível de antever o cadáver, não dum soberano, não duma cidade, não dum estado, mas de uma civilização inteira!”

“Não creiamos, pois, em civilizações que negam a Deus, ou dele prescindem, civilizações, que se propõem a enflorar e converter a terra num paraíso, civilizações, que pretendem ser fim a si mesmas. Nós cremos tão-somente na civilização de Cristo e com Cristo, na civilização, que procura, sim, melhorar a situação do homem sobre a terra, mas nunca se esquece de que está será sempre um exílio e um vale de lágrimas, civilização, enfim, que prepara a humanidade, não tanto para a vida presente, quanto para a futura e eterna.”

“E quando os homens se obstinam em não compreender estas verdades, e entram em orgulhos das suas conquistas, tentando escalar o céu com a vaidade das suas torres e das suas montanhas, manda-lhes então o Senhor os argumentos terríveis dessas calamidades inelutáveis, que os forcem a confessar que só Deus é grande!”

“Sim! diante de Deus, não há nações poderosas, não há potências, nem soberanias: todas elas, diz o profeta, são como se não existissem, são cousa vã, são nada e nada mais: nihilum et inane (Is XL, 17).”

(…)

“Felizes, pois, das nacionalidades, que sabem gravar o nome de Deus, não só nas suas cartas e nos seus escudos de armas, senão também no coração grande do povo. Felizes das nações, que guardam a sua fé em Deus, e no próspero, como no adverso, proclamam sempre que só ele é grande. Feliz do povo, que tem a Deus por único Senhor, reconhecendo-lhe, em tudo, o soberano domínio: Beatus populus, cujus Dominus Deus ejus! (Sl CXLIII, 15).”

[Dom Aquino Corrêa, 26 de maio de 1940. Discursos, vol. II, tomo II. Lições da Guerra. pp. 300-301. Brasília, 1985.]

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Esta condenação de Dom Aquino Corrêa à ideia de que seria possível erigir um paraíso neste mundo, no qual as pessoas viveriam sem dificuldades ou sem sofrimento, é eco do ensinamento perene da encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII: “A dor e o sofrimento são o apanágio da humanidade, e os homens poderão ensaiar tudo, tudo tentar para bani-los; mas não o conseguirão nunca, por mais recursos que empreguem e por maiores forças que para isso desenvolvam. Se há quem, atribuindo-se o poder fazê-lo, prometa ao pobre uma vida isenta de sofrimentos e de trabalhos, toda de repouso e de perpétuos gozos, certamente engana o povo e lhe prepara laços, onde se ocultam, para o futuro, calamidades mais terríveis que as do presente.” (n. 9)

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/

 

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