16.09.2012 - Na ocasião da 31ª vez, quando já não andava há dois anos e meio e nem queria fazer a viagem, Antonia Vallejo experimentou aquilo a que chama “milagre”. E voltou a andar.
O 13 de Outubro aproximava-se. Antonia Vallejo, em cadeira de rodas há dois anos e meio, estava decidida. Este ano não ia a Fátima. ‘Não queria, estava zangada com ela’, explica, enquanto olha para uma figura de Nossa Senhora que tem ao lado, com um sorriso meio envergonhado. ‘Estava zangada’, repete, e faz um carinho na Santa.
Foi o marido, Enrique, quem a convenceu a fazer a viagem entre Trigueros, na Andaluzia espanhola (Espanha), até Fátima, em Portugal.
No dia 13 de Outubro, Antonia Vallejo participava da Missa na zona de enfermos do santuário. Sentiu ‘um impulso’, diz. Pediu ajuda a uma pessoa que passava ao lado no momento e levantou-se. Dois anos e meio depois, Antonia voltava a andar.
Antonia Garrido Vallejo nasceu em Fevereiro de 1940, em Trigueros, pequena localidade 21 km a norte de Huelva. Comunidade de grande religiosidade, em 1948 foi visitada pela imagem peregrina de Nossa Senhora. Foi nesse dia que, com 8 anos, Antonia se tornou fiel da Santa portuguesa. Prova disso, a medalha de Nossa Senhora que tem sempre ao pescoço.
‘Foi a sua mãe que lhe falou de Fátima’, recorda Concha Clemente Duque, também 68 anos, vizinha, antiga colega de escola e amiga de toda a vida. ‘Quando a imagem peregrina de Nossa Senhora nos visitou, nós éramos muito novas’, continua Concha Duque, ‘mas Antonia ficou logo muito devota’, garante. Na altura, D. António Barba Campo era o padre da paróquia. Também ele fiel de Fátima, passou a organizar excursões ao santuário todos os 13 de Maio e 13 de Outubro. Antonia Vallejo e a mãe tornaram-se habituais nas viagens.
Há dois anos e meio, durante uma operação na bexiga, uma anestesia epidural (no Brasil, pelidural) mal dada afectou os nervos da medula de Antonia. Durante uns tempos andou de muletas. Depois passou a estar confinada à cadeira de rodas. ‘Fui a tantos médicos’, refere, ‘todos me disseram que nunca mais ia andar’, frisa. ‘Ela estava muito triste’, conta, por seu lado, Concha Duque, ‘o marido apoiava-a muito mas estava muito desiludida’. Antonia resume: ‘estava morta em vida, nunca pensei que poderia algum dia voltar a andar’.
Depois de convencida, em Outubro de 2011, foi a 31ª vez que fez a ligação entre a pequena localidade espanhola e Fátima. Concha, que já a acompanhou algumas vezes, não foi. Mas com Antonia seguiram o marido, Enrique, e duas amigas, Matilde Serrano e Antonia Polo.
‘Estava uma grande tempestade na noite em que saímos de Trigueros, chovia muito’, conta Antonia Polo, 71 anos. Era 11 de Outubro. ‘O tempo só melhorou quando entrámos em Portugal e quando chegámos a Fátima notava-se mais calor, mais fé do que é habitual, até comentei isso, que não havia dúvida que os portugueses são muito católicos‘.
No dia 12, o grupo confessou-se e assistiu à missa. Pela primeira vez, em 31 visitas, Antonia Vallejo viu a cerimónia na zona de enfermos. Para isto, foi necessário passar pela junta médica do centro de saúde do Santuário de Fátima.Assim, obteve a permissão para ficar na zona de enfermos. Mas nada aconteceu neste dia. Só no dia seguinte se deu o que parece inexplicável. ‘Foi um voluntário chamado António que me levou para a zona de enfermos’, conta, sem guardar elogios para o desconhecido ajudante: ‘É o meu anjo-da-guarda, sei que nunca mais me vou esquecer dele e penso que ele de mim’.
Durante a missa, ’senti que mexia as pernas, acreditei que podia andar e levantei-me, esta é a verdade’, resume. A reacção geral foi de espanto. Depois, Antonia foi de imediato conduzida ao centro de saúde do Santuário para ser observada pelos médicos.
Entretanto, cá fora, Antonia Polo e Matilde Serrano, que souberam do sucedido através de Enrique, aguardavam, com ansiedade. ‘Quando a vimos, a andar, abraçámo-nos todos’, diz Antonia Polo, ‘foi uma alegria tão grande, ela vinha com outra cara, parecia outra pessoa’.
O espanto e alegria continuaram quando o grupo regressou a Trigueros, onde a notícia veio causar alguma alteração nas rotinas. ‘As pessoas agora param mais junto ao altar que temos na igreja dedicado a Nossa Senhora de Fátima’, reconhece Rafael Benítez, o actual padre da paróquia, ‘e há mais gente na missa’, acrescenta.
Já sobre o sucedido, Pe. Rafael Benítez prefere não assumir uma posição. ‘Ela não andava e agora anda, se é milagre não sei, há quem saiba mais do que eu e que poderá dizê-lo’, defende. ‘É estranho, parece inexplicável, passou-se algo que não é habitual, o que entra na definição de milagre, e Antonia está a vivê-lo como um milagre’, reconhece.
‘Sinto Nossa Senhora dentro de mim, sinto uma nova vida’, confirma Antonia. ‘As pessoas, na rua, falam comigo, dizem que tenho um cheiro estranho, diferente, querem tocar-me, abraçam-me, mas eu encaminho-as para a Nossa Senhora’. Sem grandes dúvidas sobre o que lhe aconteceu, diz que está ‘curada’, sente-se ‘mais forte’, tanto ‘no corpo como na cabeça’ e resume tudo numa frase: ‘Estou numa nuvem’.
Antonia espera agora os relatórios de todos os exames que efectuou desde que voltou a andar. ‘Alguns já tenho mas nem os abri’, diz, para depois explicar, ‘vou enviar todos para Fátima, sem os abrir’. Será lá que a Comissão Técnica Médica do Santuário vai elaborar o dossiê sobre o alegado milagre. Os documentos serão, depois, enviados para o Vaticano, onde o caso será avaliado. Além de ter sido observada depois de andar, Antonia Vallejo também foi submetida, como dissemos, a consulta prévia antes de ser admitida na zona de enfermos.
Indiferente a tudo isto, sem querer atenção para o seu caso, a senhora só lamenta ‘quem não acredita, mas isso também aconteceu a Jesus‘. Um médico do Santuário garantiu-lhe que o mal que levou para Fátima já não o tem. E basta-lhe. Com olhar brilhante, Antonia diz: ‘Para mim, foi um milagre’.“
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio
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