06.08.2012 - O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “A Eucaristia é a fonte e o centro de toda a vida cristã ... na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”. São palavras definitivas e cristalinas ao afirmar que a Eucaristia é o maior dos sacramentos, ao qual todos os demais estão essencialmente subordinados. Assim, embora o Batismo seja o sacramento mais necessário no plano salvífico, ele e todos os demais sacramentos constituem instrumentos da graça divina dada aos homens; na Eucaristia, temos bem mais que apenas um instrumento da graça: é o próprio Senhor e Doador da Graça, Jesus Cristo, que está por inteiro, real e verdadeiramente presente no sacramento, como mistério permanente e júbilo da fé cristã.
O Catecismo nos ensina também que a Eucaristia é sacrifício e sacramento. Como sacrifício, a Eucaristia á a Missa, o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e o oferecimento único do sacrifício de Jesus para a redenção de todos os homens. O sacramento da Eucaristia é manifestado durante a Consagração na Missa: por meio de um sacerdote, Jesus torna-se presente sob as aparências do pão e do vinho, no mistério da transubstanciação. O sacramento se mantém, porque Jesus continua presente, enquanto permanecerem estas aparências. Ao recebê-las, portanto, recebemos o próprio Cristo e este ato, pelo qual se recebe a Sagrada Eucaristia, é chamado de Sagrada Comunhão.
A transubstanciação significa uma mudança de substância; com efeito, quando Jesus proferiu estas palavras na Última Ceia: “Isto é o meu Corpo” e “Este é o Cálice do Meu Sangue”, pão e vinho deixaram de ser as substâncias pão e vinho e passaram a ter meramente as aparências de pão e de vinho. Pela percepção dos sentidos humanos, esta “ação de graças” (eucharistia em grego) resultou aparentemente ainda em pão e vinho. Entretanto, neste momento, a substância do pão foi aniquilada por completo, deixando de existir completa e totalmente como pão para se tornar o próprio Corpo de Cristo. Da mesma forma, o vinho deixou de ser vinho e se transformou no próprio Sangue de Cristo. Evidentemente, ocorreu neste fato um milagre extraordinário, aliás, um duplo milagre: o da transformação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo e o milagre desta transformação manter integralmente as aparências do pão e do vinho, embora não sejam mais pão e vinho.
Este duplo e extraordinário milagre acontece todos os dias, centenas de milhares de vezes todos os dias, no ofício cotidiano dos sacerdotes da Igreja de Cristo. Como representantes visíveis de Jesus e cumprindo o encargo solene prescrito pelo próprio Cristo: “Fazei isto em memória de mim”, os sacerdotes realizam continuamente o milagre da transubstanciação a cada missa, no momento em que repetem, com intenção expressa da consagração do pão e do vinho, as palavras do Senhor: ‘Isto é o meu Corpo” e “Isto é o Cálice do meu Sangue”.
Jesus Cristo, por inteiro, corpo, sangue, alma e divindade, está presente na Sagrada Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho. Até o século XVI, na Igreja Católica de rito latino, distribuía-se a Comunhão aos fiéis sob as duas espécies de pão e de vinho, passando então à prática atual da comunhão apenas do pão. Isto se deve pelo fato de que Jesus está presente nas espécies com o seu corpo glorificado, tal como está no céu. Assim, não pode estar dividido: onde está o corpo de Jesus, está Jesus inteiro; onde está o sangue de Jesus, está Jesus inteiro. Por esta razão, não precisamos receber Jesus sob as duas espécies de pão e vinho; por qualquer uma delas, recebemos Jesus por inteiro: corpo, sangue, alma e divindade. Mais ainda: Jesus está presente por inteiro em cada hóstia, em cada fração de hóstia, em cada partícula de hóstia consagrada; Jesus está por inteiro em cada cálice, em cada gota de vinho consagrado. Há um só Jesus, que não se divide e nem se multiplica em seres distintos: Jesus está completo e indiviso simultaneamente em todas as espécies de todos os altares, sob a forma de seu corpo glorificado ainda que em uma partícula de ínfimas dimensões e permanece nas sagradas espécies enquanto estas permanecerem como espécies.
Sendo assim, Jesus está presente na Eucaristia não somente durante a missa, mas enquanto as hóstias consagradas durante a missa permanecerem com a aparência do pão. Devemos portanto à Eucaristia a adoração que se deve a Deus, uma vez que a Sagrada Eucaristia contém o próprio Filho de Deus. Este é o culto da latria, reservado unicamente a Deus, com que adoramos a Sagrada Eucaristia. A partir do século XII, desenvolveu-se a adoração à Sagrada Eucaristia fora da missa e,neste sentido, três devoções tornaram-se rapidamente de cunho universal: a festa de Corpus Christi, a adoração do Santíssimo Sacramento e a devoção das Quarenta Horas.
Por Arcos de Pilares
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