30.07.2012 - (Sermo 25,1:CCL103,111-112)
(Séc.VI)
Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia. É suave a palavra misericórdia, meus irmãos. E se a palavra assim é, o que não será a realidade?
Apesar de todos a desejarem, não agem de modo a merecer recebê-la, o que é mau. De fato, todos querem receber a misericórdia, mas poucos querem dá-la...
...Há, então, a misericórdia terena e a celeste, a humana e a divina. Qual é a misericórdia humana? Aquela, é claro, que te faz olhar para as misérias dos pobres. E a misericórdia
celeste? Certamente a que concede o perdão dos pecados. Tudo quanto a misericórdia humana distribui pelo caminho, paga-o na pátria a misericórdia divina. Neste mundo, Deus, em todos os pobres, sofre frio e fome; ele mesmo o disse: Sempre que o fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes. Deus, pois, que no céu se digna dar, quer na terra receber.
Que espécie de gente somos nós que, quando Deus dá, queremos receber, quando ele pede, nós nos recusamos a dar? Se um pobre tem fome, Cristo sofre necessidade, conforme disse: Tive fome e não me destes de comer. Por conseguinte, não desprezes a miséria dos pobres, se queres esperar confiante o perdão dos pecados. Agora Cristo passa fome, irmãos. Em todos os pobres ele se digna ter fome e sede. Mas aquilo que recebe na terra, paga-o no céu...
... Dai, então, a misericórdia terena e recebereis a celeste. O pobre pede a ti e tu pedes a Deus. O pobre pede um pedaço de pão; tu, a vida eterna. Dá ao mendigo o que merecerás receber de Cristo. Escuta o que ele diz: Dai e dar-se-vos-á. Não sei com que coragem queres receber aquilo que não queres dar. Por isto, vindo à igreja, dai, segundo vossas posses, esmolas aos pobres.
Fonte:
Artigo de Dom Antonio Rossi Keller: Vocação e Missão do Profeta.
Bispo Dom Aquino Corrêa: Sobre a intolerância católica
Artigo de Arcos de Pilares: Carta aos Sacerdotes de Cristo