20.07.2012 - A maravilhosa obra da Criação não é só reflexo da beleza e da grandeza de Deus, que sabemos serem infinitas, mas também expressa o Amor que Ele dedica a cada ser humano. Tudo se encontra a serviço dos homens, que foram criados à imagem e semelhança do mesmo Deus e que os estabeleceu como reis de toda a Criação. Esta obra maravilhosa é assim reflexo do amor eterno de um Pai, que verdadeiramente ama com ternura a todos e cada um dos Seus filhos.
Desse Amor eterno que Ele nos tem, nos fala ainda mais eloquente e abundantemente a obra extraordinária da Redenção. O Verbo eterno, por nosso amor, fez-se homem para poder derramar todo o Seu Sangue em expiação dos nossos pecados. Quis ainda ficar conosco na Santíssima Eucaristia, até ao fim dos séculos.
Não há lugar para dúvidas: Ele ama-nos, e deseja verdadeiramente a nossa felicidade.
Apesar dos nossos desejos humanos de felicidade coincidirem com os deste Pai, tão bondoso, a experiência diz-nos que muitos seres humanos se encontram em situações de tristeza. A fome, ódio, guerras, doenças, solidão, inimizades, lágrimas são realidades amargas suportadas por tantos e tantos homens.
Como explicar e compreender tanto fracasso e contradição?
Todas as dificuldades, por maiores que sejam, facilmente vencidas, quando, cada um puder afirmar com verdade «O Senhor é meu Pastor». Para que esta afirmação corresponda a essa tão consoladora realidade, é necessário que cada um, livre e voluntariamente, aceite pertencer a esse «rebanho» de que Jesus é Pastor. Este rebanho caracteriza-se pela vivência em paz, pela alegria, e o verdadeiro amor. Sim, trata-se de um reino de amor. O Amor não se força, vive-se. Só Lhe pertence quem verdadeiramente ama e só ama quem quer amar.
Cada um de nós deverá ser porta-voz deste Pastor divino, que a todos quer bem, a todos quer salvar. Só o será na medida em que existir verdadeiro amor. Agir de forma contrária dispersa e contribui para a perdição das ovelhas. Para tais comportamentos, a primeira Leitura da Missa de hoje registra duras palavras e faz severas advertências.
Quantos jovens e não só, estão desorientados nos caminhos da vida por não terem encontrado quem lhes indique onde poderão usufruir a felicidade que tanto desejam!
S. Paulo, na Epístola aos Efésios, salienta o fato do Povo de Israel sentir orgulho de ser um Povo eleito por Deus. Como tal mantinha-se isolado dos outros povos. Jesus veio abater todas as barreiras que os separava para os reunir num único povo. Israelitas e pagãos passaram a ser chamados a viver unidos pelo verdadeiro amor (2ª Leitura). Aos cristãos compete hoje testemunhar esta amorosa unidade. Só assim os cristãos, serão merecedores deste nome e, como tais, porta-vozes do verdadeiro bom Pastor e consequentemente, construtores da felicidade que todos os homens tanto desejam.
Após o trabalho apostólico efetuado pelos Apóstolos, Jesus convidou-os a descansar com Ele. Tal convite é mais uma manifestação do amor, atenção e carinho que Ele tem para com os Seus Apóstolos. Igual preocupação revela para conosco.
«Vinde comigo descansar» é convite amoroso que também nos dirige. E esse descanso com Ele concretiza-se na oração. Orar é verdadeiramente falar com Deus. Sem estes encontros e diálogos divinos, corre-se o risco de gastar energias em vão. «Sem Mim, nada podeis fazer» nos previne o Senhor. Ele e só Ele pode tocar os corações dos homens. Não passamos de meros instrumentos de evangelização. Como pois é importante ter estes momentos de descanso com o Senhor!
Os pais e educadores só poderão desempenhar a sua missão de «bons pastores» se primeiro falarem, através da oração, de seus educandos ao Senhor, que a todos ama e quer salvar.
Podemos afirmar que a desorientação que se verifica na hora atual é provocada pela falta de educadores, que o saibam ser. A verdadeira «crise do mundo é crise de santos», com a consequente falta de felicidade. Tal como nos afirma o Papa Bento XVI que «não teremos justiça se não tivermos justos». O mundo precisa de homens justos.
O tempo de oração não é tempo perdido, mas sim o mais bem aproveitado. Ele torna rendoso e válido todo o trabalho do dia a dia, da vida de cada um. Importa, pois prestar muita atenção à oração individual e comunitária, e nesta à familiar e à participação na Eucarística dominical. O Domingo, dia do Senhor, é por excelência ocasião de encontro amoroso e de descanso com Ele. Em cada Domingo se devem retemperar as forças para o bom desempenho da missão que o Senhor confiou a cada um, em cada semana. De quanto se privam aqueles que não participam na Eucaristia dominical!
Por Dom Antonio Carlos Rossi Keller - Bispo de Frederico Westphalen (RS)
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Fonte: http://encontrocomobispo.blogspot.com.br/