14.06.2012 - Seminário internacional discute as influências na cura de doentes
Com a palestra Ciência e fé, do presidente do Conselho Pontifício para os Agentes de Saúde, dom Zygmunt Zimowski, foi aberto na última sexta-feira, em Lourdes, o seminário científico internacional Lourdes, a saúde e a ciência: o que significa curar-se hoje?.
Por ocasião do vigésimo aniversário de instituição da Jornada Mundial do Enfermo, criada pelo beato João Paulo II e realizada pela primeira vez nesta cidade francesa em 1993, o Escritório de Constatações Médicas, presidido por Alessandro de Franciscis, convidou especialistas de renome mundial para debater sobre o assunto de um ponto de vista racional e científico, e em consonância, não em oposição, com a ideia de que a fé e a oração influenciam a cura física.
O evento foi organizado em parceria pelo Comitê Médico Internacional de Lourdes e pelo Conselho Pontifício de Pastoral da Saúde. Entre os expoentes figuram o professor Luc Montagnier, prêmio Nobel de Medicina em 2008, e o cardeal arcebispo de Lyon, Philippe Barbarin.
“Ciência e fé”, afirmou Zimowski, “vivem hoje, a seu modo, uma tensão rumo àquela que Paulo VI chamou de civilização do amor, na qual deverá haver espaço e tempo para o bem, para a verdade, para a pacífica convivência. E ambas são chamadas a oferecer a sua efetiva contribuição para o bem da humanidade, na concórdia, no diálogo, no apoio mútuo. Ciência e fé podem e devem se tornar aliadas, depois de terem passado tempo demais numa postura de distância, de desconfiança e até de contraposição”.
Esta postura de união entre ciência e fé, prosseguiu o arcebispo, deve prestar quatro tipos de serviços: ao homem, à verdade, à vida e de uma para a outra: “Ciência e fé devem servir ao homem. Não são experiências que se referem somente a si mesmas; são abertas. Por exemplo, uma ciência que não fosse voltada a enriquecer a humanidade e a servir aos mais fracos seria uma atividade monstruosa, temível, exposta ao risco de se tornar escrava do poder. Do mesmo modo, uma fé cristã que esquecesse que Deus se revelou, se fez carne, morreu e ressuscitou por nós e pela nossa salvação seria uma experiência ofensiva a respeito de Deus, mais até do que a respeito dos homens”.
Citando São Tomás de Aquino (Summa contra Gentiles), o presidente do Conselho Pontifício para os Agentes da Saúde afirma que ciência e fé são aliadas também porque “provocam e ajudam” uma à outra. “A ciência provoca o crente e o leva a cultivar a inteligência, especialmente quando ele reflete sobre a mais inatingível e indescritível das realidades: a de Deus”. Por sua vez, “a fé é para o homem de ciência um convite permanente à ulterioridade, a olhar para o homem, para a realidade e para a história com a consciência de que existe, além do mundo fenomenológico, um nível mais alto, que necessariamente transcende as previsões científicas; o mundo humano da liberdade e da história” (cf. Bento XVI, Discurso aos participantes na reunião plenária da Academia Pontifícia de Ciências, 6 de novembro de 2006).
A fé, observa Zimowski, citando a encíclica Fides et Ratio, de João Paulo II, ”ajuda a dar o passo, tão necessário quanto urgente, do fenômeno para o fundamento. Não é possível ficar apenas na experiência. Mesmo quando esta expressa e manifesta a interioridade do homem e a sua espiritualidade, é necessário que a reflexão especulativa atinja a substância espiritual e o fundamento que a sustenta”. A ciência e a fé, sublinha o expoente, devem ter como referência principal o homem, a sua dignidade, o seu bem-estar, a sua realização: “São como dois trilhos de ferro paralelos, diferentes e inconfundíveis um com o outro. Caminhando sobre eles, rumamos para um futuro de luz, de bem, de solidariedade para a humanidade”. Por isto, conclui o prelado, ninguém deve sentir-se excluído do cuidado devido à sua pessoa e à sua saúde, no respeito da igual dignidade de cada um.
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/
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