31.05.2012 - “A Pouca Ciência afasta de Deus, mas a muita ciência aproxima de Deus”. Francis Bacon (1561-1626) - Cientista inglês
FÉ E CIÊNCIA
“Conhecemos a verdade, não somente com a razão, mas ainda com o coração”. Blaise Pascal (1623 — 1662) Cientista Francês
Pesquisadores, cientistas e médicos céticos buscam decifrar os milagres acontecidos com pacientes, até então considerados casos perdidos para a Medicina, que se recuperam por depositarem suas vidas nas mãos de Deus.
Nunca tantos se apegaram a Deus como nos últimos tempos. Essa procura surge por necessidades espirituais, familiares, financeiras, sentimentais e físicas, incluindo a busca pela cura de doenças ditas incuráveis.
A humanidade cansada de promessas invês e de esperar por milagre vindo por mãos de homens, que nunca chegam, resolveu literalmente ir a Deus. O todo-poderoso.
No início deste novo milênio, nada melhor do que colocar novamente à mesa assunto tão polêmico quanto o paralelo entre a Fé e a Ciência.
Com o seu avanço incontestável, beneficiando sempre mais a humanidade, tem sido comum às correntes mais incrédulas de cientistas se afastarem cada vez mais dos evidentes paralelos relacionados à fé com os relacionados à Ciência.
Tratando sempre separadamente cada fator, cada situação, têm sido comuns os crédulos da ciência se distanciarem da fé, da crença em Deus.
É muito comum também, neste avançar dos tempos, com tantas perguntas dos incrédulos ainda à espera de respostas, o homem distanciar-se totalmente da fé na qual foi criado, seja pela postura de inquisição da Ciência, seja pelos costumes geralmente fechados de praticantes da fé.
Pois enquanto a Ciência procura sempre compreender os fenômenos e explicá-los de forma natural, restabelecendo relações de causa e efeito, buscando previsibilidade com o propósito de atuar na natureza das coisas, a fé apresenta uma variedade de verdades inquestionáveis e impossíveis da alteração.
E os fatos milenares que mantêm a Ciência de saia justa, sem oferecer explicações plausíveis, não são poucos, conforme têm comprovado os textos bíblicos no decorrer dos tempos.
Por outro lado, felizmente, algumas correntes de cientistas já passam a respeitar o poder da fé, muitos até por não conseguirem sustentáculo em suas idéias, geralmente controversas.
É bem claro para todos que fica difícil para os cientistas acreditarem no final dos tempos previstos na Bíblia Sagrada.
Mas também não se pode negar que a grande maioria dos incrédulos da fé está cansada de promessas teóricas e volúveis, sempre a depender das mãos vazias dos homens.
No caso da ciência médica, tem sido grande o crescimento de praticantes desta atividade que já não escondem que quem tem fé tem vencido as doenças mais facilmente e que existam forças superiores à Ciência.
Ainda mais quando esses têm convivido com verdadeiros casos de ressurreição, após a Medicina ter esgotado todos os seus recursos técnicos.
Com isso, tudo indica ser uma questão de tempo à conclusão de que a Ciência terá que caminhar junto com a fé, encontrando seu fator de confluência.
Pois como está escrito na Palavra Sagrada: “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria”. (1 Cor 13.2), ou então:“Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?” (Jó 21.22). A ciência incha, mas o amor edifica. (I Cor 8. 1)
A FÉ EM DEUS
A fé em Deus é ao mesmo tempo a mais doce necessidade, o mais sublime dever, e o maior privilégio de uma criatura para com seu Eterno Criador.
A fé possui dois componentes: primeiro, acreditar e aceitar uma promessa ou pessoa, e segundo, uma confiança ou dependência daquela promessa ou pessoa.
Ao acordarmos, dando conta de que estamos aqui neste mundo, sabemos intuitivamente que algum poder eterno deve ter sido a causa da nossa existência. Vemos-nos constantemente caminhando em direção a algum futuro sem fim, e sabemos instintivamente que deve haver algum poder nos aguardando lá. Confiar neste poder ou ser superior é uma das condições essenciais para que tenhamos qualquer espécie de paz.
Confiar na Origem da nossa existência é a graça fundamental da vida, e toda virtude, toda graça possível à alma, forçosamente provém dessa confiança fundamental. Uma das provas infalíveis de que as Escrituras são a Palavra de Deus é que sua descrição da vida de fé confere exatamente com a constituição do nosso ser e do meio físico onde habitamos.
Os próprios homens que negam o sobrenatural na religião e na vida de fé vivem, eles próprios, uma vida de fé em questões materiais, sociais e financeiras. Todo animal, peixe, pássaro e ser humano neste mundo vivem constantemente por fé, pois em cada passo que dão, precisam acreditar instintiva ou racionalmente em algo que está além dos cinco sentidos, firmando-se numa ampla base de providência ilimitada, da qual não conhecem o principio, nem o fim, nem sua infinita complexidade.
A FIDELIDADE DE DEUS
A fidelidade de Deus é aquela adorável perfeição da sua natureza, em que tudo que existe no universo se reclina para apoiar-se. Nosso bendito Criador refere-se, em sua Palavra, à fidelidade com mais freqüência do que a qualquer outro de seus atributos, porque é com ela que suas criaturas lidam mais constante, e universalmente do que com qualquer outro atributo de sua natureza.
Olhe para os homens no mundo dos negócios, e veja se há alguma virtude que é mais constante e universalmente requerida do que a fidelidade, de alguém ser fiel à sua palavra, aos seus compromissos, às suas promessas, à sua correspondência, aos seus pagamentos. Esta é a virtude individual que sempre há de sobressair com mais destaque do que a amizade, o amor, o conhecimento, a sabedoria ou qualquer outra virtude humana.
A salvação é o casamento da confiança humana com a fidelidade divina. Aplicando todos estes princípios a uma vida religiosa, descobrimos que confiança ilimitada no Deus que se revelou em Jesus é essencial por causa dos seguintes motivos:
POR CAUSA DOS NOSSOS PECADOS
Confiar num Salvador divino é uma necessidade por causa dos nossos pecados. Todo ser humano, civilizado ou selvagem, tem consciência do pecado, quer admita ou não, e todo coração sente intuitivamente medo de alguma terrível e futura calamidade em conseqüência do pecado.
Por milhares de anos, os homens vêm inventando infinitos métodos para lidar com o pecado e para tentar separar o monstro do mal da alma humana. Porém, nenhum artifício jamais obteve a doce segurança de perdão e purificação, exceto aquele que é revelado nas Escrituras, que é confessar os pecados a Deus e deixar que ele tome as medidas necessárias.
Milhares e milhares de pessoas já tentaram todo artifício imaginável: tortura corporal, recusa dos apetites carnais, cultura, razão, poesia, meditação, boas obras, peregrinações, solidão, heroísmo, dormir em caixões, cortar e desfigurar o corpo, choro, lamentação, enfim, tudo o que a mente humana conseguiu inventar. Mas nada em seis mil anos jamais trouxe qualquer solução satisfatória para o pecado, a não ser contemplar, em submissão de criança, o nosso encarnado, crucificado e ressurreto Deus, permitindo em silêncio que ele tome conta absoluta de todos os nossos pecados e da nossa natureza interior corrompida, e que os desfaça de acordo com seu próprio plano. Nunca tiraremos mel da rocha enquanto não deixarmos que nossos pecados, de qualquer grau ou espécie, sejam cobertos pelo Sangue de Jesus.
Não há saída da vida de pecado a não ser tranqüilamente nos confiarmos nas mãos de Jesus, da mesma maneira que, ao dormirmos, confiamos nossa respiração da noite à sua infinita providência.
A fé que realmente salva é aquela que deixa Deus tomar conta dos nossos pecados, da mesma forma que deixamos ao seu controle o brilho da luz solar ou o fluxo dos oceanos, repousando nas providências espirituais de Deus com a mesma tranqüilidade que nossa vida natural repousa em sua administração das leis naturais.
É uma necessidade confiar em Deus para tomar conta e governar sobre todas nossas limitações, falhas e defeitos de toda espécie imaginável.
Confiar nossas vidas de forma ilimitada às mãos de Deus é uma necessidade diante da certeza de um futuro sem fim que temos diante de nós.
Não podemos ver uma hora à nossa frente, entretanto sabemos que continuaremos vivendo, ou nesta vida ou em outro estado, por horas e dias e anos mais incontáveis do que as gotas do oceano.
Quando contemplamos em pensamento as eras sem fim que enchem nosso horizonte e pensamos no que será de nós naqueles incontáveis séculos, ficamos estarrecidos e trêmulos com indagações sobre as possibilidades futuras. Tudo na criação e na revelação nos ensina a entregar-nos por toda a eternidade futura na mão onipotente em que tranqüilamente nos aconchegamos hoje.
Nossa confiança ilimitada em Deus parece satisfazê-lo como nada mais, porque corresponde à sua eterna fidelidade, honra sua veracidade e constitui-se numa silenciosa adoração de todos seus atributos perfeitos. Deus honra para sempre aqueles que crêem nele. Ele nos classifica de acordo com nosso grau de confiança, e não descansar e apoiar-nos nele é desestruturar o próprio plano de criação.
APOLOGÉTICA
A apologética cristã deve estar apta a demonstrar intelectualmente que o Cristianismo fala da verdadeira verdade; mas ela também deve exibir que não é só uma teoria. Isto é necessário para a defesa do povo de Cristo e, inclusive no sentido positivo, alcançar aqueles que estão honestamente investigando estas questões. Aquilo que é observável, tanto individual quanto institucionalmente, também faz parte da apologética cristã. Os cristãos devem sempre entender e considerar isto: é extremamente importante, tendo em vista as formas de pensamento da nossa geração, mostrar o fato de que o Cristianismo não se reduz a alguma dialética melhorada.
Existem dois propósitos para a apologética. O primeiro deles é a defesa. O segundo é a comunicação do Cristianismo, de forma tal que qualquer geração possa entender.
A defesa é apropriada e necessária, pois, em toda e qualquer geração, o Cristianismo histórico encontrar-se-á sob ataque. Defender não significa estar na defensiva. Não precisamos ficar envergonhados por usar a palavra defesa. Os proponentes de quaisquer posições que queiram apresentá-las à sua própria geração precisam saber responder de forma satisfatória, sempre que são levantadas questões a seu respeito. Assim, a palavra defesa não está sendo usada aqui em sentido negativo, porque, em qualquer conversação, em qualquer comunicação em que haja diálogo verdadeiro, respostas devem ser dadas a todas as objeções levantadas.
O conhecimento precede a fé. Isto é crucial para a compreensão da Bíblia. Dizer (como todo cristão deveria) que somente aquela fé que acredita em Deus com base no conhecimento é verdadeira fé, é dizer algo que cai como uma bomba no mundo do século XX.
O propósito da “apologética” não é meramente ganhar uma disputa ou urna discussão, mas que as pessoas com as quais estamos lidando tornem-se cristãs que realmente colocam a sua vida sob o senhorio de Cristo, deixando-o tomar conta de toda a sua vida.
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que não podemos separar a verdadeira apologética da obra do Espírito Santo, tampouco de um relacionamento vivo com o Senhor, em oração, da parte do cristão. É preciso entender, afinal de contas, que a nossa batalha não é só contra carne e sangue.
Contudo, a ênfase bíblica de que o conhecimento é anterior a salvação nos influencia a buscar este conhecimento necessário para comunicar o Evangelho. O Cristianismo histórico nunca realmente separou-se conhecimento. Ele insiste em afirmar que a verdade é uma só e que precisamos viver e ensinar isto, mesmo se o pensamento e a teologia do século XX o neguem.
O convite para agir só vem depois que se tenha fornecido uma base adequada de conhecimento. Isto combina com a razão que João citou para estar escrevendo seu Evangelho: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” A palavra “sinal” está relacionada a eventos históricos da vida, morte e ressurreição de Cristo, como os que se encontram relatados neste Evangelho. Na linguagem do século 20, poderíamos traduzir sinais por “provas espaço-temporais”: “fez Jesus diante dos discípulos muitas outras provas espaço-temporais que não estão escritas neste livro.” Note, em primeiro lugar, que estas provas espaço-temporais, são por sua natureza própria observáveis, onde quer que tenham sido registradas, foram acontecimentos que se deram na presença dos discípulos que as observavam. E não é só isso: elas foram registradas de forma verbalizada. Isso significa, é claro, que estas provas espaço-temporais podem ser estudadas, usando a linguagem normal, respeitando todos os livros de gramática e os léxicos.
A ordem destes versos é importante. Em primeiro lugar, elas são provas espaço-temporais em forma escrita e que, conseqüentemente, foram capazes de ser cuidadosamente consideradas. Em segundo lugar, estas provas são de natureza tal que dão boas e suficientes evidências sobre o fato de que Cristo é o Messias, conforme profetizado no Antigo Testamento, e também que ele é o Filho de Deus. De modo que, em terceiro lugar, não somos convidados a acreditar enquanto não tivermos encarado a questão de se isso é verdadeiro, com base nas evidências espaço-temporais.
O mesmo tipo de trabalho de base do verdadeiro conhecimento encontra-se registrado no prólogo do Evangelho de Lucas: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, (certas coisas aconteceram na história, no espaço-tempo diante de “nós”) conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares (esta história está aberta para a verificação de testemunhas oculares) e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo (o que está aberto para verificação também pode ser comunicado verbalmente, por escrito) uma exposição em ordem para que tenhas plena certeza das verdades (sobre as coisas ou palavras) em que foste instruído.” Não há nenhum salto no escuro, pois é possível “conhecer a verdade”. Somente quando nós entendemos essa introdução é que estaremos preparados para entender todo o resto do Evangelho de Lucas, que começa com o seguinte versículo: “Nos dias de Herodes, rei a Judéia, houve um sacerdote...” Desde o prólogo ficamos sabendo que Lucas está tratando da estrutura da verdade histórica, e que ele está nos situando Herodes, Zacarias e Cristo dentro desta estrutura espaço-temporal.
OS APOLOGISTAS
No segundo e terceiro séculos, a Igreja exprimiu sua autoconsciência nascente numa forma literária nova — as obras dos Apologistas e dos Polemistas. Justino Mártir foi o maior do primeiro grupo; Irineu, o grande nome do segundo. Estes homens enfrentaram um governo hostil a quem procuraram convencer com os argumentos de suas produções literárias. Os Apologistas procuraram convencer os lideres do estado de que os cristãos nada tinham feito para merecer a perseguição que lhes era impingida; os Polemistas, como Irineu, procuraram enfrentar o desafio dos movimentos heréticos. Ao passo que os Pais Apostólicos escreveram apenas por e para os cristãos, estes escritores escreveram por e para o estado romano ou para os heréticos num esforço para convencê-los da verdade da Bíblia através de argumento literário. Os apologistas usavam a forma do diálogo literário pagão e a forma legal da apologia.
Os apologistas tinham um objetivo negativo e positivo em seus escritos. Negativamente, queriam refutar as falas acusações de ateísmo, canibalismo, incesto, preguiça e práticas antissociais atribuídas a eles por vizinhos e escritores pagãos, entre os quais Celso, por exemplo. Positivamente, desenvolveram uma perspectiva construtiva para demonstrar que, ao contrário do cristianismo, o judaísmo, as religiões pagãs e o culto do estado, eram loucos e malévolos.
Seus escritos, conhecidos como apologias, fizeram um apelo racional aos lideres pagãos e procuraram criar uma interpretação inteligente do cristianismo e assim revogar os dispositivos legais contra si Um dos maiores argumentos era de que, já que as falsas acusações não podiam ser provadas, os cristãos deviam ser tolerados pelo governo e protegidos pelas leis do estado romano.
Estes homens, escrevendo mais como filósofos do que como teólogos, pintaram o cristianismo como a religião e filosofia mais antigas, uma vez que escritos como o Pentateuco tinham sido escritos antes das guerras troianas e que toda a verdade que se encontrasse no pensamento grego era superada pelo cristianismo ou pelo judaísmo. A vida pura de Cristo e o cumprimento das profecias do Velho Testamento sobre Ele eram as provas de que o Cristianismo era a mais alta filosofia. Educados em geral na filosofia grega antes de aceitarem o cristianismo, estes escritores consideravam a filosofia grega, como um meio de levar os homens a Cristo Eles usaram o NT mais do que os pais apostólicos.
APOLOGISTAS ORIENTAIS
Por volta do ano 140, Aristides, um filósofo cristão da cidade de Atenas, enviou uma apologia ao Imperador Antonino Pio. O professor Rendel Harris descobriu uma versão síria completa desta obra em 1889 no Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai. Os primeiros 14 capítulos comparam as formas dos cultos cristão, caldeu, grego, egípcio e judeu, para provar a superioridade da maneira cristã de cultuar. Os últimos três capítulos pintam um quadro nítido dos costumes e da ética dos primeiros cristãos.
Justino Mártir (c. 100-165) foi o principal apologista do século II. Filho de pais pagãos e nascido perto da cidade bíblica de Siquém, logo se tornou um inquieto filósofo em busca da verdade. Ele passou pela filosofia estóica, pelo idealismo nobre de Platão, pelas idéias de Aristóteles, frustrando-se com todos os pagamentos exigidos por seus peripatéticos sucessores, além de se interessar ainda pela filosofia numérica de Pitágoras. Até que um dia, passeando na praia, um velho senhor o encaminhou a Bíblia como a verdadeira filosofia; Justino encontrou a paz por que tanto ansiava (Diálogo com Trifo. Capítulos 2-8). Ele abriu uma escola cristã em Roma.
Pouco depois do ano 150 ele escreveu sua primeira Apologia ao Imperador Antonino Pio e seus filhos adotivos, e a segunda ao senado e ao povo romanos. Ele exorta os imperadores a examinarem as acusações contra os cristãos (capítulos 1-3) e a libertá-los dos constrangimentos legais se fossem inocentes. Prova ele que os cristãos não são ateus ou idólatras. A principal seção da obra (14-60) e dedicada à apresentação da moral, das doutrinas e do Fundador do cristianismo. Procura mostrar que a vida e a moralidade superiores de Cristo tinham sido previstas pelas profecias do Velho Testamento. Atribui a perseguição e os erros à obra do demônio. Os últimos capítulos (61-67) fazem uma exposição do culto dos cristãos. Sustenta Justino que uma análise demonstraria que os cristãos eram inocentes das acusações que lhes faziam, devendo, portanto, ser suspensa a perseguição contra eles.
No Diálogo com Trifo, Justino procura convencer os judeus da messianidade de Jesus Cristo. Alegoriza a Bíblia e, para tanto, dá muita ênfase a profecia. Os primeiros oito capítulos são autobiográficos e constituem uma excelente fonte de informação sobre a vida deste grande escritor A maior seção (capítulos 9-142) desenvolve-se em três idéias: a relação entre o declínio da lei do velho concerto e o surgimento do Evangelho, a identificação do Logos, Cristo, com Deus e a chamada dos gentios como povo de Deus. Para ele, Cristo foi o cumprimento das profecias do Velho Testamento.
Taciano (século II), erudito oriental muito viajado e discípulo de Justino em Roma escreveu uma obra conhecida como Discurso aos Helenos, nos meados do segundo século. É uma denúncia, vazada em estilo apologético das pretensões gregas de liderança cultural. Para nós o que interessa nele e o fato de que foi dirigido a todo um povo, o grego. Taciano sustenta que já que o cristianismo é superior à religião e a filosofia grega, os cristãos deviam receber melhor tratamento. A segunda seção (capítulos 5-30) é dedicada à comparação dos ensinos cristãos com a mitologia e a filosofia grega. Na seção seguinte, ele afirma que o cristianismo é mais antigo que a filosofia e a religião grega, porque Moisés precedia as guerras de Tróia (31-41).Apresenta também uma interessante discussão sobre a escultura grega que viu (33-34) na cidade de Roma. Além de ser o autor do Discurso, Taciano foi o compilador do Diatessaron, a mais antiga harmonia dos Evangelhos.
Atenágoras foi professor em Atenas e se convertera pela leitura da Bíblia. Em 177 escreveu uma obra intitulada Súplica pelos Cristãos. Após relacionar as acusações feitas contra os cristãos nos capítulos introdutórios, ele refuta a acusação de ateísmo também feita aos cristãos ao demonstrar que os deuses pagãos eram simples criações humanas (capítulos 4-30) e culpadas das mesmas imoralidades dos seus seguidores humanos (31-34). Como os cristãos não são culpados de incesto e nem de comer seus filhos em festa sacrifical (35-36), ele conclui, no capítulo final, que o imperador devia garantir-lhes a clemência.
Teófilo de Antioquia que também se convertera pela leitura da Bíblia, escreveu pouco depois de 180 a Apologia A Autólico. Possivelmente, Autólico era um magistrado pagão ilustrado a quem Teófilo procura trazer ao cristianismo através de argumentos racionais. No primeiro livro, Teófilo discute a natureza e a superioridade de Deus. No segundo livro, compara a fragilidade da religião pagã com o cristianismo. No livro final, responde as objeções de Autólico à fé cristã. Foi o primeiro a usar a palavra trias para a trindade.
APOLOGISTAS OCIDENTAIS
Os apologistas ocidentais deram mais ênfase a peculiaridade e a finalidade do cristianismo do que a semelhanças entre a fé cristã e as religiões pagãs.
Tertuliano (c 160 - c. 230) foi o principal apologista da Igreja Ocidental Nasceu ele pouco antes de 160 na casa de um centurião romano de serviço em Cartago. Conhecedor de grego e de latim, os clássicos lhe eram familiares. Fez-se um advogado competente, ensinou oratória e advogou em Roma, onde se converteu ao cristianismo. Sua natureza fogosa e seu espírito de luta levaram-no a se aproximar das propostas do montanismo, tornando-se montanista em 202. Sua mente lógica latina inclinou-o para o desenvolvimento de uma sólida teologia ocidental e na refutação às falsas forças filosóficas e pagãs que se opunham ao cristianismo.
No Apologeticum, endereçado ao governador romano de sua província, nega as antigas acusações feitas contra os cristãos, argumentando serem estes leais cidadãos do Império. Para ele, a perseguição é um fracasso geral porque os cristãos aumentam quanto mais lhes perseguem as autoridades. Bem coerente com sua educação jurídica, argumenta que o Estado está perseguindo a Igreja a base de dúbios motivos legais, uma vez que as reuniões, as doutrinas e a moral dos cristãos são superiores às de seus vizinhos pagãos.
Minúcio Felix, por volta do ano 200, escreveu um diálogo chamado Octávios. Esta foi uma apologia destinada a levar seu amigo Cecílio a fé cristã, abandonando, portanto o paganismo.
Geralmente se diz que a tentativa de conseguir o beneplácito do mundo pagão através de argumentos morais-racionais como estes resultou num sincretismo que fez do cristianismo apenas urna filosofia, embora superior O fato é que, embora sejam filosóficas na forma, as apologias são basicamente cristãs no conteúdo. Isto pode ser visto até mesmo através de uma leitura rápida das obras desses homens. As apologias são de grande valor para nós, pela luz que lançam sobre o pensamento cristão em meados do segundo século. Se atingiram o propósito de seus autores, o fim da perseguição da Igreja Cristã, é uma questão ainda em aberto.
OS POLEMISTAS
Diferentemente dos apologistas do segundo século que procuraram fazer uma explanação e urna justificação racional do cristianismo para as autoridades, os polemistas empenharam-se por responder ao desafio dos falsos ensinos dos heréticos, condenando veementemente esses ensinos e seus mestres. Note-se a diferença nos métodos usados pelos cristãos do Oriente e do Ocidente na solução dos problemas da heresia e na formulação teológica da verdade cristã. A mente oriental ocupou-se com uma teologia especulativa e deu mais atenção aos problemas metafísicos; a mente ocidental preocupou-se mais com os desvios administrativos da Igreja, empenhando-se por formular uma sólida resposta prática a problemas desta esfera.
Os apologistas, recentemente convertidos do paganismo, estiveram preocupados com a ameaça à segurança da Igreja, especialmente com a perseguição; os polemistas que tinham uma formação cultural cristã preocuparam-se com a heresia, a ameaça interna à paz e à pureza da Igreja. Os polemistas, ao contrário dos apologistas, que se baseavam mais nas profecias do Velho Testamento, serviram-se mais do Novo Testamento como fonte da doutrina cristã. Os polemistas procuraram condenar pela força do argumento os falsos ensinos a que se opunham; os apologistas procuraram explicar o cristianismo aos seus vizinhos e aos governantes pagãos. Os Pais Apostólicos tinham como preocupação apenas edificar a Igreja Cristã.
IRINEU, O POLEMISTA ANTI-GNÓSTICO
Irineu (c. 130 - c. 200), nascido em Esmirna, fora influenciado pela pregação de Policarpo quando este era bispo em Esmirna. Daí, Irineu foi para a Gália, onde foi feito bispo em 180. Bispo missionário bem sucedido, sua obra maior se desenvolveu no Campo da literatura polêmica contra o gnosticismo.
Sua obra, Adversus Haereses, uma tentativa de refutar as doutrinas gnósticas Pelo uso das Escrituras e pelo desenvolvimento de um corpo de tradição afim, foi escrita entre 182 e 188. O Livro I, que é fundamentalmente histórico, é a melhor fonte de informação sobre os ensinos dos gnósticos. Era uma polêmica filosófica contra Valentino (século II), o líder da corrente romana do gnosticismo. No Livro II, ele insiste na unidade de Deus em oposição a idéia gnóstica de existência de um demiurgo distinto de Deus. A abordagem evidentemente negativa dos dois primeiros livros dá lugar nos três livros finais, a uma exposição positiva da posição cristã. O gnosticismo é rejeitado pela Bíblia e pela tradição mais significativa, no Livro III; Marcion é condenado no Livro IV pela citação das palavras de Cristo que se opõem às propostas de Marcion; o livro final é a proposta de uma doutrina da Ressurreição, à qual se opuseram os gnósticos já que, segundo suas idéias, ela reúne o corpo material mau com o espírito.
Note-se que no livro III, Irineu dá ênfase à unidade orgânica da Igreja através da sucessão apostólica de lideres desde Cristo e de uma regra de fé. Ele estava consciente de que a unidade seria conseguida por urna Igreja bem constituída e que esta Igreja resistiria facilmente às lisonjas das idéias heréticas e de seus mestres.
Clemente de Alexandria (c. 155 - c. 225), que não deve ser confundido com Clemente de Roma, um dos Pais Apostólicos, nasceu em Atenas e era filho de pais pagãos. Viajou muito e estudou filosofia com muitos mestres antes de começar a estudar com Panteno. Antes de 190, passou a dirigir a escola junto com Panteno, de 190 a 202, dirigiu-a sozinho até que a perseguição o obrigou a deixar o posto.
Clemente tinha o ideal de um filósofo cristão como o seu objetivo. A filosofia grega seria aproximada do cristianismo a fim de que se compreendesse que o cristianismo era a filosofia superior e definitiva. Grande leitor da literatura pagã grega, chegou a citar cerca de 500 autores em suas obras.
Seu Protrepticus ou Exortação aos Gentios é um documento missionário de cunho apologético escrito por volta do ano 190 para provar a superioridade do cristianismo como a verdadeira filosofia e assim levar os pagãos a aceitá-lo. Outra obra sua, o Paedagogus ou Tutor, e um tratado moral de instrução para os jovens cristãos. Cristo é apresentado como o verdadeiro mestre que deixou as regras para a vida cristã. As Stromata ou Seleções evidenciam o amplo conhecimento de Clemente da Literatura pagã de seu tempo. No Livro I, o cristianismo é apresentado como o verdadeiro conhecimento e o cristão como o verdadeiro gnóstico. Clemente cria que a filosofia grega tomara o que havia de verdade nela do Antigo Testamento e que era uma preparação para o Evangelho. No Livro II mostra que a moralidade cristã é superior à pagã. O Livro III é uma exposição sobre o casamento cristão. Nos livros VII e VIII, que são os mais interessantes, ele descreve o modo de viver dos cristãos.
Sem dúvida alguma, Clemente tinha em alto apreço a sabedoria grega, mas uma leitura cuidadosa de suas obras deixará a impressão de que para ele a Bíblia está em primeiro lugar na vida do cristão. Ao mesmo tempo, já que toda verdade pertence a Deus, tudo o que houvesse de verdadeiro na sabedoria grega deveria ser empregado no serviço de Deus. O perigo desta posição está em que se pode imperceptivelmente sintetizar cristianismo e filosofia grega, passando-se a considerar o cristianismo como um simples sincretismo de filosofia grega e teologia bíblica.
Orígenes (c. 185-254), aluno de Clemente, foi seu sucessor na direção da escola. Com o martírio de seu pai, Leônidas, teve Orígenes, aos 16 anos, de assumir a responsabilidade de uma família de seis membros. Segundo um relato, quis ser martirizado com seu pai, mas sua mãe escondeu suas roupas para que ele fosse obrigado a ficar em casa. Ele era tão competente que em 203, aos 18 anos, foi escolhido para suceder Clemente na direção da escola, cargo que ocupou até 231. Um homem rico chamado Ambrósio, que ele convertera do gnosticismo, tornou-se seu amigo e se responsabilizou pela publicação de suas muitas obras. Segundo uma estimativa, Orígenes foi o autor de seis mil pergaminhos. Apesar de sua posição elevada e de seu rico amigo, Orígenes levou uma vida ascética simples que incluía, por exemplo, dormir numa tábua nua.
Orígenes pode ser comparado com Agostinho no significado de sua obra. Os primórdios da critica textual da Bíblia podem ser encontrados na Hexapla em que várias versões hebraícas e gregas do Velho Testamento são arrumadas em colunas paralelas. Nesta obra, Orígenes procurou estabelecer o texto que os cristãos podiam tomar com certeza como representando corretamente o original. Este interesse pelo texto levou-o a realizar uma obra mais exegética só igualada com a Reforma. Outra obra sua, Contra Celso, é uma resposta às acusações que Celso, um platonista, fizera contra os cristãos. Orígenes trata das acusações de irracionalidade dos cristãos e falta de fundamentos históricos definidos feitas por Celso, contrapondo a mudança de vida que o cristianismo produz ao contrário do paganismo, a constante procura da verdade pelos cristãos e a pureza e a influência de Cristo, o líder dos cristãos, e Seus seguidores.
Possivelmente a maior contribuição de Orígenes à literatura cristã tenha sido sua obra intitulada De Principiis (230), que chegou até nós apenas numa versão latina feita por Rufino. Esta obra é o primeiro grande tratado cristão de teologia sistemática. No livro IV desta obra, Orígenes desenvolve detalhadamente seu sistema alegórico de interpretação. Infelizmente, embora cresse que Cristo foi “eternamente gerado” pelo Pai, ele pensou de Cristo como subordinado ao Pai. Sustentou também a preexistência da alma, a restauração final de todos os espíritos, a morte de Cristo como um resgate pago à Satanás e negou a ressurreição física.
DEFINIÇÃO
Apologia (do grego, apologia, defesa), discurso, ou tratado, em defesa de alguma coisa, principalmente de caráter religioso. Constituindo-se numa subdivisão da teologia, exige-se da apologia cristã que seja argumentativa, lógica e sistemática.
No campo teológico a sua missão é resguardar a integridade das verdades referentes a Deus e à fé cristã.
Apologética é a ciência ou disciplina racional que se esforça por apresentar a defesa da fé cristã, existindo dentro e fora da Igreja Cristã.
“É dever do cristão batalhar ardentemente pela santíssima fé cristã, que foi entregue aos santos”. (Judas vv.1,3-4,20).
A LÓGICA
“Na vida prática e profissional, temos necessidade de um melhor conhecimento das regras e do proceder lógico, tanto para nossa defesa, como para atingirmos com mais precisão nossos objetivos”. Antônio Xavier Teles -
Filósofo Brasileiro
A Lógica foi sistematizada por Aristóteles (384-322 a.C.), e se constituiu durante toda a Idade Média como matéria principal ao lado da Teologia e de Filosofia.
Na Idade Moderna, sua influencia não é pequena. Está intimamente ligada ao método e à ciência matemática.
Aristóteles deparando-se com todo o acervo de pensamento anterior a ele, viu-se embaraçado com uma série de contradições, algumas aparentes e outras reais. Estas contradições tomaram vulto a partir dos sofistas. Diante disto, o filósofo reagiu elaborando o primeiro sistema lógico que, por sinal, mostrou-se útil até hoje. Sentiu que, antes de prosseguir nas especulações racionais da Filosofia, tinha que descobrir e trilhar o caminho coerente da lógica.
Os sofistas foram pensadores do século V a.C. Iam de cidade em cidade, ensinando a troco de dinheiro. Protágoras é um dos filósofos sofistas mais conhecidos.
O ideal máximo da Lógica é a coerência. É coerente aquilo que está de acordo com as regras ou condições do sistema.
A Lógica é uma ciência abstrata. Abstrato significa desligado do real, aquilo que é puramente mental.
As noções de conceito ou idéias, ou estudo das preposições ou sentenças, do raciocínio, da coerência lógica de todo o texto, são temas e objeto central da Lógica.
Poderíamos definir a Lógica como a ciência ou estudo das inferências corretas do ponto de vista de sua validade.
Inferência: quando o ato concluído é imediato ou curto. Inferir é tirar conclusões.
A Lógica se desinteressa pelo modo como se pode chegar a conclusões corretas ou válidas, partindo de determinadas sentenças antecedentes.
“A perspicuidade, portanto, serve para a transmissão da verdade e a lógica serve para impedir que caiamos nas heresias que nos assolam”.
Clemente de Alexandria (c.155 - c.225) - Padre da Igreja do Oriente
A VIDA NA CRUZ
“Para mim, os ensinamentos de Cristo e minhas próprias reflexões diante de Deus dão-me um caminho no qual tento trilhar minha vida”.
Rainha Elizabeth II
Em 1891, o pintor francês Paul Gauguin foi em busca de uma vida assim na Polinésia Francesa. Mas logo veio a realidade. Seu passado dissoluto trouxe doenças e sofrimentos para si mesmo e para outros. Quando a morte lhe parecia iminente, ele pintou um quadro descrito como “derradeira expressão da força artística”. O livro (em inglês) “Paul Gauguin 1848-1903: O Sofisticado Primitivo”, diz: “O espectro da atividade humana abrangido pelo quadro cobre todo o curso da vida, do nascimento à morte ... Ele interpretava a vida como um grande mistério.”
Gauguin chamou esse quadro de “De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?”.
Talvez já conheça essas perguntas. Muitas pessoas refletivas as fazem. Depois de comentar os avanços científicos e técnicos do homem, um editor do The Wall Street Journal escreveu: “Nas nossas reflexões sobre o homem, seus dilemas, seu lugar no Universo, pouco avançamos desde o começo dos tempos. Ainda nos perguntamos quem somos, por que existimos e para onde vamos.”
De fato, algumas pessoas vivem apenas em função de cuidar da família, de ganhar a vida, de viajar ou de outros interesses pessoais porque não conhecem nenhum outro sentido na vida. Albert Einstein disse, certa vez: “O homem que acha que a sua vida não tem sentido não é apenas infeliz, mas também muito mal preparado para a vida”. Nessa linha de raciocínio, alguns buscam dar um sentido à sua vida dedicando-se às artes, à pesquisa científica ou a campanhas humanitárias para minorar o sofrimento alheio.
Certo professor, que passou pelos horrores do campo de concentração de Auschwitz, observou:
“Nada no mundo... ajuda a pessoa tão efetivamente a sobreviver até mesmo às piores condições do que saber que a sua vida tem sentido.” Ele achava que até mesmo a saúde mental da pessoa está ligada a essa busca de sentido na vida.
Ao longo dos séculos, muitos procuraram respostas na religião. Depois que Gautama (Buda) contemplou um enfermo, um idoso e um cadáver, ele buscou iluminação (ou sentido) na religião, mas sem crer num Deus pessoal. Outros têm recorrido à sua própria religião.
E as pessoas hoje em dia? Muitas enfocam a sua atenção na ciência, descartando a religião e “Deus” como irrelevantes.
Na verdade, a tendência de descartar a religião ou a Deus tem raízes em filosofias de homens que deram ênfase à razão pura e simples. Charles Darwin achava que o conceito de “seleção natural” explicava melhor o mundo natural do que o da existência de um Criador. Sigmund Freud ensinou que Deus era uma ilusão. E o conceito de que ‘Deus está morto’ vem desde os dias de Friedrich Nietzsche. As filosofias orientais são similares. Mestres do budismo afirmam não ser necessário saber sobre Deus. Quanto ao xintoísmo, o professor Tetsuo Yamaori disse que “os deuses são meros seres humanos”.
Que dizer de conceitos científicos um pouco mais recentes? Por exemplo, o filósofo David Hume, do século 18 — que não aceitava um Criador — não sabia como explicar o complexo design biológico existente na Terra. A teoria de Darwin tentava explicar como as formas de vida se desenvolveram, mas não explicou como a vida começou, ou que sentido ela tem para nós.
Assim, muitos cientistas e leigos acham que está faltando alguma coisa. As teorias científicas talvez tentem explicar como a vida começou. Mas as ques¬tões-chave giram em torno de por que começou. Isso afeta até mesmo pessoas criadas num meio em que se acredita num Criador. Disse certa jovem européia, estudante de História: “Para mim, Deus está morto. Se realmente existisse, não haveria tanta baderna no mundo: inocentes passando fome, espécies de animais em extinção... A idéia de um Criador é absurda”.Em vista das condições na Terra, muitos não conseguem entender por que um Criador — caso exista — não as melhora.
À parte de por que certas pessoas ‘dispensam um Criador’, as perguntas a respeito da vida e seu sentido ainda persistem. Um dia depois da descida do homem na Lua, o Teólogo Karl Barth disse, quando lhe perguntaram o que ele achava desse quando lhe triunfo tecnológico: “Isso não resolve nenhum dos problemas que me tiram o sono.” Hoje o homem voa no espaço e avança a passos largos no “ciberespaço”. Ainda assim, pessoas refletivas vêem a necessidade de ter um objetivo, algo que lhes dê sentido à vida.
O apóstolo São Paulo disse: “Na realidade, já pelo raciocínio dá para conhecer Deus, suas perfeições, seu poder eterno e sua divindade. Basta olhar para tudo o que Deus fez, desde a criação do mundo. Desta maneira, ninguém tem desculpa de não conhecer Deus.” (Romanos 1:20, Bíblia Fácil).
Muitos cientistas se dedicam a estudar o Universo, mas ainda assim sentem um vazio, porque não conseguem encontrar um significado duradouro para a vida. Por exemplo, o físico Steven Weinberg escreveu: “Quanto mais o Universo nos parece compreensível, tanto menos entendemos seu objetivo.” A revista Science citou o conceito do astrônomo Alan Dressler:
“Quando os pesquisadores dizem que a cosmologia revela a ‘mente’ ou as ‘obras’ de Deus, eles atribuem ao divino o que no final das contas talvez seja o que menos importa no Universo: a sua estrutura física”. Dressler indicou que o mais importante é o sentido da existência humana. Ele observou: “As pessoas abandonaram a velha crença de que o homem é o centro do Universo, mas precisam resgatar a crença de que somos a chave para o sentido da vida.”
É evidente que cada um de nós deve estar profundamente interessado no significado de nossa existência. O mero fato de admitir a existência do Criador, ou Projetista-Mestre, e a nossa dependência dele, não dá automaticamente sentido à nossa vida. Isso se dá em especial porque a vida nos parece tão curta. Muitos se sentem como o Rei Macbeth, de uma das peças do Shakespeare:
“A vida é sombra passageira.
Um pobre ator que chega, agita a cena inteira,
Diz seu papel e sai. E ninguém mais o nota.
E um conto narrado ai por um idiota,
Cheio de sons, de fúria e não dizendo nada.” — Macbeth,
Ato V, Cena V; tradução de Artur de Sales.
Pessoas no mundo todo se identificam com essas palavras, mas quando se vêem diante de uma crise grave, talvez ainda clamem a Deus por ajuda. Eliú, um sábio da antiguidade, disse: “Por causa da multidão de opressões eles clamam por socorro... E, no entanto, ninguém disse: ‘Onde está Deus, o Grandioso que me fez? ’ É ele quem nos ensina mais do que aos animais da terra, e nos faz mais sábios do que mesmo as criaturas voadoras dos céus.” — Jó 35:9-11.
As palavras de Eliú salientam que nós, humanos, não somos a verdadeira chave para o sentido da vida. A chave é o nosso Grandioso Criador, e qualquer significado real para a nossa existência logicamente envolve a ele e depende dele. Para encontrarmos tal sentido e a profunda satisfação que isso traz, precisamos conhecer o Criador e harmonizar nossa vida com a sua vontade. “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a que enviaste”. João 17:3.
“A vida deve ser levada de volta a Alguém que na Cruz morreu em favor de todos os homens”. Friedrich Engels, filósofo alemão.
CRIADOR E LEGISLADOR
“Pode-se imaginar que Deus criou o universo em, literalmente, qualquer tempo do passado. Pode-se ainda imaginar que Deus criou o universo no momento da grande explosão ou mesmo mais tarde”.
Stephen Hawking, - Cientista Inglês
Nas descobertas científicas modernas há muitas evidências convincentes de que o Universo e a vida na Terra tiveram um começo. O que causou esse começo?
Após estudarem as evidências, muitos concluíram que tem de haver uma Causa Primária. No entanto, eles talvez evitem atribuir personalidade a essa Causa. Essa relutância de falar em um Criador reflete a atitude de alguns cientistas.
Por exemplo, Albert Einstein convenceu-se de que o Universo teve um começo, e ele queria “saber como Deus criou o mundo”. Mas Einstein não admitia crer num Deus pessoal.
Comentários de Jastrow sobre o começo
Robert Jastrow, professor de Astronomia e de Geologia na Universidade de Colômbia (EUA), escreveu: “Poucos astrônomos poderiam ter previsto que esse evento — o nascimento súbito do Universo — se tornaria um fato científico comprovado, mas a observação dos céus por meio de telescópios obrigou-os a chegar a essa conclusão”.
Daí ele falou das implicações disso: “A prova astronômica de que [o Universo teve] um Começo embaraça os cientistas, pois eles acreditam que todo efeito tem uma causa natural... O astrônomo britânico E. A. Mune escreveu: ‘Não podemos fazer suposições sobre como eram as coisas [no começo]; no ato Divino da criação Deus não teve observadores nem testemunhas.”—The Enchanted Loom—Mind in the Universe.
Os cientistas em geral concordam que o Universo teve um começo. A maioria também concorda que, antes desse começo, deve ter existido algo real. Alguns cientistas falam de energia sempre existente. Outros postulam como condição preexistente um caos primordial. Não importa que termos se usem, a maioria pressupõe a existência de algo — algo sem um começo — que se estende infinitamente no passado.
“Eu reconheço que há um Deus porque não posso imaginar como algo, muito menos o Universo, poderia ter-se formado por si só”. Steve Allen - Cantor, escritor e comediante mericano
O PROJETISTA“
" Podemos dizer que o cérebro humano foi criado de maneira a encorajar experiências espirituais”.
Andrew Newberg, - Pesquisador e Escritor Americano
A surpreendente célula viva
Que dizer das coisas vivas? Não exigem um criador? Por exemplo, considere alguns dos aspectos surpreendentes de uma célula viva. O biólogo molecular Michael Denton, em seu livro Evolution: A Theory in Crisis (Evolução: Uma Teoria em Crise), declara: “Mesmo o mais simples de todos os sistemas de vida existentes hoje na Terra, as células bacteriais, são objetos extraordinariamente complexos. Embora a menor das células bacteriais seja incrivelmente pequena,... cada uma, com efeito, é uma verdadeira fábrica microminiaturizada que contém milhares de peças de projeto requintado de intricados mecanismos moleculares... muito mais complicados do que qualquer mecanismo construído pelo homem e absolutamente sem paralelo no mundo das coisas não-vivas.”
Com respeito ao código genético em cada célula, ele diz: “A capacidade do ADN de armazenar informações excede amplamente a de qualquer outro sistema conhecido; é tão eficiente que todas as informações necessárias para especificar um organismo tão complexo como o homem pesam menos de alguns bilionésimos de um grama.... Comparados com o grau de inventividade e complexidade demonstrado pelo mecanismo molecular da vida, até mesmo os nossos mais avançados [produtos] parecem rústicos. Sentimo-nos humilhados.”
Denton acrescenta: “A complexidade do mais simples tipo de célula conhecido é tão grande que é impossível aceitar que tal objeto pudesse ter sido ajuntado subitamente por algum evento anormal, vastamente improvável.” Tinha de ter um projetista e um criador.
Nosso Incrível Cérebro
Diz a seguir este cientista: “Em termos de complexidade, uma célula individual não é nada em comparação com um sistema como o do cérebro dos mamíferos. O cérebro humano é constituído de cerca de dez bilhões de células nervosas. Cada célula nervosa produz cerca de dez mil a cem mil fibras de conexão, por meio das quais faz contato com outras células nervosas no cérebro. Ao todo, o número de conexões no cérebro humano aproxima-se. . . de um quatrilhão.”
Denton continua: “Mesmo se apenas um centésimo das conexões no cérebro fosse especificamente organizado, isto ainda representaria um sistema que contém um número muito maior de conexões específicas do que na inteira rede de comunicações da Terra.” Daí, pergunta: “Poderia algum tipo de processo puramente casual ter montado esses sistemas?” Obviamente, a resposta tem de ser não. O cérebro obrigatoriamente teve um Projetista e Criador que se importa conosco.
O cérebro humano faz com que até mesmo os mais avançados computadores pareçam rudimentares. O escritor sobre temas científicos Morton Hunt disse: “Nossas memórias ativas retêm vários bilhões de vezes mais informações do que um grande computador contemporâneo de pesquisas.” Assim, o Dr. Robert J. White, um neurocirurgião, concluiu: “Não tenho outra escolha senão reconhecer a existência dum Intelecto Superior, responsável pelo projeto e pelo desenvolvimento da incrível relação entre o cérebro e a mente — algo muito além da capacidade de compreensão do homem... Tenho de crer que tudo isto teve um começo inteligente, que Alguém fez que acontecesse.” Tinha também de ser Alguém que se importou conosco.
Existem muitas outras maravilhas no corpo humano. Uma dessas é o olho, tão extraordinariamente bem projetado que nenhuma máquina fotográfica pode imitá-lo. O astrônomo Robert Jastrow disse: “O olho parece ter sido projetado; nenhum projetista de telescópios teria feito melhor.” E a publicação Popular Photo¬graphy (Fotografia Popular) relata: “OS olhos humanos vêem uma extensão muito maior de pormenores do que um filme. Vêem em três dimensões, num ângulo tremendamente amplo, sem distorção, em movimento contínuo. . . Comparar a máquina fotográfica com o olho humano não é uma analogia justa. O olho humano é mais como um incrivelmente avançado supercompu¬tador com inteligência artificial, com habilidades de processamento de informações, velocidades e modos de operação que vão muito além de qualquer dispositivo, computador ou máquina fotográfica feitos pelo homem.”
“A mais persuasiva demonstração da existência de Deus desprende-se da evidente harmonia daqueles meios que asseguram a ordem do universo e pelo qual os seres vivos encontram no seu organismo tudo aquilo que precisavam para a sua subsistência, sua reprodução e o desenvolvimento de suas virtualidades físicas e espirituais”
André Marie Ampère,
Criador da teoria do eletromagnetismo e do telégrafo eletromagnético.
Acessar a Parte 2 deste Artigo: Artigo do Padre José do Vale: Apologia da Fé e da Ciência (Parte 2)