11.04.2012- O Papa está rodeado de lobos. É a constatação a que chegamos quando tomamos conhecimento de um cardeal da Igreja (!) defendendo a união civil de homossexuais. Em um livro no qual trava um diálogo com um político italiano, intitulado Credere e conoscere [“Crer e conhecer”], Carlo Maria Martini disse não compartilhar “as posições de quem, na Igreja, critica as uniões civis”, conforme reportou o IHU Online. Destacamos as palavras do príncipe da Igreja:
“Eu acredito que a família deve ser defendida, porque é realmente o que sustenta a sociedade de modo estável e permanente, e pelo papel fundamental que ela exerce na educação dos filhos. Mas não é ruim, em vez de relações homossexuais ocasionais, que duas pessoas tenham uma certa estabilidade, e, portanto, nesse sentido, o Estado também poderia favorecê-las. Não compartilho as posições de quem, na Igreja, critica as uniões civis.”
“Eu apoio o matrimônio tradicional com todos os seus valores e estou convencido de que não deve ser posto em discussão. Se, depois, algumas pessoas do sexo diferente ou mesmo do mesmo sexo aspiram a firmar um pacto para dar uma certa estabilidade ao seu casal, por que queremos absolutamente que assim não seja? Eu penso que o casal homossexual, enquanto tal, jamais poderá ser equiparado totalmente ao matrimônio e, por outro lado, não acredito que o casal heterossexual e o matrimônio devem ser defendidos ou reafirmados com meios extraordinários, porque se baseiam em valores tão fortes que não me parece ser necessário uma intervenção de proteção.”
“Também por isso, se o Estado concede qualquer benefício aos homossexuais, eu não criticaria muito. A Igreja Católica, por sua vez, promove as uniões que sejam favoráveis à continuação da espécie humana e à sua estabilidade, mas não é justo expressar qualquer discriminação para outros tipos de uniões.”
A posição do cardeal Martini é de radical oposição com o ensino da Congregação para a Doutrina da Fé, que, em 2003, condenou o reconhecimento civil das uniões entre pessoas homossexuais. O documento reafirma não só a maldade intrínseca da prática homossexual; sublinha não só a importância de se defender a família com um núcleo abarcado por um homem e uma mulher… Reconhece também o problema da interferência do Estado nesta questão. As palavras do até então Prefeito da Congregação, o cardeal Joseph Ratzinger, são duras. “Em presença do reconhecimento legal das uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimônio, com acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro e incisivo. Há que abster-se de qualquer forma de cooperação formal na promulgação ou aplicação de leis tão gravemente injustas e, na medida do possível, abster-se também da cooperação material no plano da aplicação.”
Estas palavras, porém, parecem não ter importância, nem para o cardeal Martini, e nem para o arcebispo de Viena, o cardeal Cristoph Schönborn, que, recentemente, permitiu que um jovem assumidamente homossexual fosse eleito para liderar um conselho pastoral numa pequena cidade da Áustria. “Existem muitos membros dos conselhos pastorais paroquiais – escreveu Schönborn – cujo estilo de vida não cumpre, em sua totalidade, com os ideais da Igreja. Em vista do testemunho de vida, que cada um deles nos dá, em conjunto, e do esforço em viver uma vida de fé, a Igreja aprecia seu compromisso”. Mas, eis a pergunta: que “esforço em viver uma vida de fé” pode ter um sujeito que contraiu uma união civil homossexual e não pretende voltar atrás de sua decisão?
Aparentemente os conceitos de “testemunho”, “fé” e “compromisso” foram pervertidos. Pior que isso é saber que clérigos da alta cúpula da Igreja estão aderindo a esta irresponsável relativização de termos.
Deus tenha misericórdia de todos nós.
Por Everth Queiroz Oliveira - http://beinbetter.wordpress.com
=======================================
Leia também...
A Fumaça de Satanás na Igreja: O Cisma já é Público e Notório