22.03.2012 - Não são poucos os que se congratulam com os avanços científicos sem pensarem ao menos por um segundo nas conseqüências éticas e morais de muitos atos cometidos. Só mesmo a arrogância humana é capaz de pensar que pode prescindir de limites morais para suas ações ou pensar que há mesmo fins bons que justificam meios ilícitos.
O texto abaixo mostra uma das facetas que a indústria da fertilização artificial quer que permaneça oculta da população. Em um mundo em que estrelas de TV e popstars adoram mostrar ao público os benefícios de suas “produções independentes”, ou em um mundo em que tantos casais que não poderiam ter filhos dão o jeitinho de arrumar “barrigas de aluguel”, o drama que segue abaixo parece coisa de uma outra realidade.
O drama relatado pelo pai que sentiu-se impotente diante da firmeza de sua esposa pela escolha da eliminação de dois de seus filhos ainda em seu ventre deixa claro a nossos olhos o que acontece quando o homem insiste em achar que tudo lhe é possível ou que seus atos, principalmente os que envolvem a vida humana, não têm conseqüências.
A Igreja, como não é incomum, está praticamente sozinha na rejeição a procedimenos artificiais de inseminação e a “barrigas de aluguel”. Rejeita-os porque contrários à moral e porque são anti-naturais.
O drama do pai que se força a assistir ao assassinato de seus indefesos filhos mostra bem o que acontece quando o homem deixa de escutar a voz de seu Criador.
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Há uma nova cicatriz em minha alma
Minha alma carrega uma nova cicatriz. A dor está bem presente e aguda e. embora eu saiba que o tempo irá diminuí-la, sei que jamais me recuperarei do que presenciei e do que fiz. Eu falhei, intencionalmente e com pleno consentimento, com o primeiro dever de um pai: proteger a vida de dois de meus filhos.
Minha esposa e eu queríamos filhos; para isto, precisamos recorrer à inseminação artificial para conseguir este sonho. Após várias implantações de embriões, nós conseguimos uma benção de Deus, um filho, que é a luz de nossas vidas.
Recentemente, resolvemos ter um novo filho.
“Nunca chove, mas há inundação!”, disse o especialista em fertilização — dos três embriões implantados, todos se desenvolveram. Tivemos a notícia de que teríamos trigêmeos. Eu fiquei em choque, pois sabia das dificuldades que isto traria, mas como Deus nos deu três, eu estava preparado para fazer o que fosse necessário para ajudar e prover minha família.
E minha esposa? Algo havia acontecido... Ela insistia que nós fizéssemos uma “redução seletiva” de três para apenas um, ou ela faria um aborto de todos. Ela estava inflexível. Ela não levaria a termo uma gravidez de trigêmeos. Nem mesmo de apenas dois.
Diante de mim estava uma “escolha de Sofia”: salve um ou salve nenhum. Escolhi a primeira opção, embora em inúmeras ocasiões eu tenha tentado convencê-la a ao menos ter gêmeos. Eu falhei.
Fomos informados pelo médico que faria o procedimento que eles injetariam cloreto de potássio na placenta para parar seus corações. Fomos informados que isto seria indolor. Mesmo então, eu sabia que estava sendo enganado, mas dada a escolha apresentada, eu concordei assim mesmo. Meu mantra tornou-se “Salvar um ou salvar nenhum”.
Antes do procedimento, os olhos de minha esposa encheram-se de lágrimas; ela perguntava insistentemente ao médico se eles sentiriam dor, e foi-lhe assegurado que não. Perguntei novamente à minha esposa se ela estava certa sobre sua decisão, pois, uma vez feito, não haveria como desfazer. Ela disse que estava certa, mas suas lágrimas e o deliberado desvio de seu olhar do monitor, assim como seu pedido para que eu também não olhasse, dizia a verdade: ela sabia que aquilo era errado. Eu queria insistir para que ela olhasse, mas penso que sua mente — já traumatizada pela notícia dos trigêmeos — ficaria permanentemente abalada se ela visse as imagens no monitor. E para o bem do escolhido e para o bem do filho que já tínhamos, eu precisava de minha esposa com a mente saudável.
Minha esposa não olhou, mas eu tinha que fazê-lo. Eu tinha que saber o que aconteceria com meus filhos. Eu tinha que saber como eles morreriam.
Cada um deles recuou, afastando-se, quando a agulha penetrou no saco amniótico. Eles não injetaram na placenta, mas diretamente no torso de cada bebê. Ambos se retraíram quando a agulha penetrou seus corpos. Vi o coração do primeiro parar, e o meu também quase parou. O coração do outro lutou, mas, dez minutos depois, quando checaram novamente, este também já havia parado.
Os médicos tiveram a ousadia de chamar o cloreto de potássio, a substância que parou o coração dos bebês, de “remédio”. Eu queria perguntar-lhes o que eles estavam tentando curar — vida? Mas palavras amargas não desfariam tudo o que já havia acontecido. Eu engoli tudo, tenho de dizer…
Eu sabia que eles sentiram dor. Eu sabia que sentiram pânico. E eu sabia que aquilo era assassinato. Eu me confortava em saber que ao menos o sobrevivente estava bem, e também em saber que esta decisão não veio de mim; eu arriscaria ter os trigêmeos, mesmo com todo o trabalho e esforço que isto nos traria. Rezo para que a criança que restou nasça viva e saudável, e sei que ele ou ela terá todo o nosso amor.
Mas esta cicatriz emocional permanecerá durante toda minha vida. Eu vejo o sorriso de meu filho todas as noites e fico pensando no novo sorriso que verei em alguns meses… Mas penso que dois outros sorrisos jamais verei. Todos os dias, ao retornar do trabalho, ouço “Oi, papai!”, e sei que duas outras vozes e dois outros risos eu jamais ouvirei. Eu brinco, abraço meu filho e já espero em fazer o mesmo com o que vai nascer… mas sei que outras mãozinhas jamais me tocarão, jamais verei outros pezinhos, outros abraços jamais serão trocados.
Rezo todos os dias para que Deus esteja com aquelas duas crianças inocentes, que Ele as tenha recebido bem, e também peço perdão todos os dias, como farei todos os dias pelo resto de minha vida. Não sei como minha esposa conseguiu lidar com o assunto tanto mentalmente quanto espiritualmente. Isto é com ela, e é também um peso que estará em sua consciência.
Não se deixe enganar… O procedimento não é indolor para a criança, e quem diz o contrário é um mentiroso. Aborto não é a extração de um monte de células; é infanticídio. Estamos revivendo a prática de sacrifício de crianças aos novos deuses do sexo casual e da conveniência. Nós racionalizamos a realidade do assassinato alterando nossa perspectiva da vida nascente através de eufemismos como “feto” ou descrições de “um amontoado de células”, tal como os nazistas convenciam-se que aquelas pessoas gritando quando eram executadas a tiros ou mortas na câmara de gás eram sub-humanos, para que assim fossem exterminados sem remorsos.
É assim que os mentores de genocídios sempre racionalizaram suas ações. Fazendo o mesmo, nós condenamos nossas almas.
Eu chorei de alegria, há poucos anos, quando vi no monitor os batimentos de meu primeiro filho. E agora eu choro em agonia ao relembrar os corações de meus dois filhos sendo parados. “Salvar um ou salvar nenhum” foi sobreposto por “Sai maldita mancha, sai!”(*) enquanto me pergunto como posso alcançar a redenção.
Se mostrar esta cicatriz para que outros a vejam ajudar a prevenir um aborto, talvez isto auxilie que minhas contas com Deus sejam um pouco ajustadas para quando eu tiver que enfrentar Sua justiça e finalmente encontrar aquelas duas crianças — que espero que me perdoem por ter falhado.
O nome do autor não foi divulgado a seu pedido.
(*) Macbeth – William Shakespeare, Ato V, Cena 1
Fonte: American Thinker. e http://www.comshalom.org/blog/carmadelio
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