28.02.2012 -
Eis aqui uma daquelas notícias que não podemos deixar de comentar. Pelo Fratres in Unum, tomamos conhecimento do trabalho aparentemente “missionário” do padre Silvano Sabatini, que permaneceu por 40 anos convivendo com os indígenas em terras amazônicas. Sem sombra de dúvida, é deveras importante o esforço evangelizador da Igreja nestes lugares em que é notável um apreço pela cultura religiosa. Na maioria dos lugares, o que se vê é a perda de noção do Sagrado, a massiva adesão a uma forma de pensamento materialista, que suprime o pensamento religioso em nome da razão e do progresso.
Pois bem, voltando ao caso do referido sacerdote, este decidiu contar suas experiências em um livro (em português: “O sacerdote antropólogo. Entre os indígenas da Amazônia”). Na obra, Sabatini faz um relato escabroso: “Não batizamos nenhum ianomâmi (…) porque estávamos convencidos de que não tinha sentido batizar uma pessoa fora da comunidade e que é a cultura que deve ser evangelizada: o homem tem direito a ter sua cultura e deve encontrar nela a forma de se expressar de maneira cristã. Batizar fora da comunidade significaria criar no batismo uma dupla personalidade.”
Como é? Um sacerdote católico vai a uma aldeia indígena, permanece lá por longos quarenta anos, e não ministra o Sacramento do Batismo, necessário para a salvação, a nenhum indígena sequer? Isto só pode ser piada… O nome disto está entre os sinônimos de “piada”, porque, definitivamente, esta não é uma “missão”, em seu sentido católico. Segundo o decreto Ad Gentes, do Concílio Vaticano II,
“A missão da Igreja realiza-se (…) mediante a atividade pela qual, obedecendo ao mandamento de Cristo e movida pela graça e pela caridade do Espírito Santo, ela se torna atual e plenamente presente a todos os homens ou povos para os conduzir à fé, liberdade e paz de Cristo, não só pelo exemplo de vida e pela pregação mas também pelos sacramentos e pelos restantes meios da graça, de tal forma que lhes fique bem aberto caminho livre e seguro para participarem plenamente no mistério de Cristo” (n. 5).
A doutrina da Igreja é muito clara quando coloca a importância suprema do Batismo para a salvação dos homens. Para corroborar este ensinamento, não faltam exemplos. Desde o início da pregação apostólica, são inúmeros os relatos de pessoas que, recebendo a fé em Cristo morto e ressuscitado, recebem o Batismo para a remissão dos pecados. E por que os que desejavam incorporar-se à Igreja recebiam este sacramento? Porque os Apóstolos estavam atentos àquela exortação de seu Mestre: “Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos prescrevi” (Mt 28, 19-20).
Estas são as palavras do Fundador! E quem quer que desejasse segui-Lo deveria aderir ao que Ele diz… Mas, em nossos tempos, não é bem assim. Os intelectuais de nossa época aplaudem um hipócrita que negligencia a missão de salvas as almas dos homens em nome do “respeito à cultura alheia” e do “convívio fraternal com as diversas crenças”. Esta forma de fazer antropologia, que descuida dos preceitos mais basilares de nossa Fé – e ainda se orgulha disso -, é uma amostra de como podem ir longe estes “evangelizadores modernos”, que, esquecidos da necessidade de serem leais à mensagem do Evangelho, fazem dos terrenos de missão fossas para depositarem suas fezes.
Ficamos com o Catecismo: “A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir a entrada na bem-aventurança eterna” (§ 1257). Oxalá todos os membros da Igreja tivessem a ousadia de… serem católicos.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Por Everth Queiroz Oliveira - http://beinbetter.wordpress.com/