16.02.2012 - A verdade revelada sobre Deus por Jesus Cristo, é que Ele é Pai, verdadeira e profundamente Pai, que, na sua bondade infinita, nos comunica a vida, que se ocupa com carinho infinito de tudo o que é nosso, que nos acompanha com a sua Providência amorosa, até a queda de um cabelo: «Não vos preocupeis, nem com a vossa vida, acerca do que haveis de comer, nem com o vosso corpo, acerca do que haveis de vestir...Olhai para as aves do céu que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisões nos celeiros e, contudo, vosso Pai celeste as sustenta...Considerai como crescem os lírios do campo- e não trabalham nem fiam...Os gentios é que procuram com excessivo cuidado todas estas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade delas» (Mateus 6, 25-34).
O Pai manifestou a sua paternidade e a sua bondade através das palavras e da vida do Filho Eterno que entrou na história humana ao assumir a nossa natureza: «Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (João 3, 16). Jesus, com as suas palavras e os seus gestos revela-nos o Pai e dá-nos a conhecer a sua bondade infinita.
Ao perdoar os pecados ao paralítico e ao curá-lo da sua doença, como narra o Evangelho de hoje, Jesus aproveita para proclamar bem alto a misericórdia de Deus, sempre disposto a perdoar. No próprio Domingo da Ressurreição, Jesus transmite aos seus apóstolos e sucessores o poder de perdoar os pecados, instituindo o Sacramento da Penitência: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficar-lhe-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficar-lhe-ão retidos» (João 20, 23).
Nas situações difíceis, como nas doenças, contrariedades, perseguições, abandonos, que muitas vezes não entendemos, jamais podemos duvidar do amor e da bondade infinita de Deus. Como nos narra o livro do Gênesis, também agora o demônio fará tudo para nos afastar de Deus, levantando maliciosamente a suspeita e a desconfiança em relação a Deus: «O homem, tentado pelo demônio, deixou morrer no seu coração a confiança para com o seu Criador (Cfr. Gen. 3, 1-11) e, abusando da sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Nisto consistiu o primeiro pecado do homem (Cfr. Rom. 5, 19). Dali em diante, todo o pecado será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança na sua bondade» (Catecismo da Igreja Católica, 397).
Na hora da tribulação, nas nossas doenças e adversidades, temos que pôr os olhos no «rosto doloroso» de Cristo, nosso modelo, que na hora suprema da Cruz se entregou em sacrifício de Si mesmo ao Pai, por amor de todos nós, «para unir num só corpo os filhos de Deus que andavam dispersos» (João 11, 52); e como fruto da Cruz, o Pai e o Filho enviaram-nos o Espírito Santo, que S. Paulo chama «Espírito de filhos de adoção», no qual clamamos «Abba! Pai». O próprio Espírito atesta em união com o nosso espírito que somos filhos de Deus. «Se somos filhos, somos igualmente herdeiros – herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo – se é que sofremos com Ele, para sermos também glorificados com Ele» (Romanos 8, 15-18).
Quando por nossa fragilidade, não soubermos amar generosamente Deus nosso Pai e nos afastarmos d'Ele, como aconteceu com o filho pródigo, voltaremos arrependidos à casa paterna. Em Deus, recuperaremos a graça que vem do Sangue redentor de Cristo, recebendo o abraço cheio de amor do Pai e o seu perdão no Sacramento da Penitência, sem perder jamais a confiança na bondade e na misericórdia de Deus.
O perdão de Deus é que nos liberta: já não somos culpados ante a Verdade de Deus e ante a nossa consciência; a nossa culpa foi limpa. Verifica-se uma «nova criação», um renascimento: «Eu vou realizar uma coisa nova... tenho de apagar as tuas transgressões e não mais recordar as tuas faltas», nos diz a primeira Leitura. A Palavra do Senhor «não é sim e não, mas foi sempre um sim», como nos dirá a segunda Leitura).
Fonte: http://acrkeller.blogspot.com/
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