11.02.2012 - Poderia ter sido uma tragédia. O governo alemão divulgou há poucos dias que um de seus satélites despencou na Baía de Bengal, na China, em outubro do ano passado, depois de passar mais de 20 anos flutuando sobre a Terra. Cair na água é quase a regra quando se trata desses instrumentos graças às dimensões de nossos oceanos, mas, neste caso, se permanecesse mais sete minutos no ar, o artefato teria se chocado com a cidade de Pequim, lar de 20 milhões de chineses. Como era de se esperar, as autoridades do governo chinês não se manifestaram sobre o caso.
O satélite, batizado de Rosat, foi lançado no dia 1º de julho de 1990 em Cabo Canaveral, nos EUA. A bordo, a tecnologia mais moderna disponível, que permitiu aos cientistas procurar por fontes de radiação, como galáxias e buracos negros. Programada para operar por 18 meses, a máquina coletou dados por quase nove anos. Na madrugada de 22 para 23 de outubro, porém, sua história chegou ao fim. Os detritos viajaram a cerca de 450 quilômetros por hora e por muito pouco não atingiram a capital chinesa. O Rosat pesava 2,5 toneladas. “Sabemos que cerca de 60% do satélite voltou à Terra, porque ele tinha partes particularmente pesadas e duráveis”, disse Heiner Klinkrad, especialista em detritos espaciais da agência espacial europeia (ESA).
Não faltam candidatos para a próxima queda. Existem cerca de 13 mil satélites em órbita e pelo menos 20,5 mil caíram desde 1957. Especialistas acreditam que menos de 3,5 mil estejam funcionando, enquanto os outros dez mil possam ser classificados como detritos, mas não tenham despencado ainda. Isso significa que em torno de 75% de todos os satélites orbitando a Terra já viraram lixo.
Se o Rosat tivesse caído em Pequim, teria destruído construções e certamente deixado mortos e feridos. Um acordo internacional faz com que o país que coloca um artefato em órbita seja responsável por qualquer dano causado pela queda dos seus detritos.
Os cientistas da ESA monitoraram o Rosat durante anos. Quando ele deixou de funcionar, em 1999, não havia mais como controlá-lo. Especialistas como Klinkrad tentam identificar satélites em fim de operação e calcular onde eles podem cair. Mas não há o que temer. Como 70% da superfície terrestre está coberta de água e a maior parte do território do planeta é desabitada, as chances de uma pessoa ser atingida são de uma em 3,2 mil, de acordo com a Nasa. Sorte dos chineses.
Fonte: Revista ISTOÉ, ediçäo fevereiro 2012.
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