31.12.2011 - 3. Mas por que Deus nos carrega de tantas cruzes e se compraz em ver-nos atribulados, desprezados, perseguidos e maltratados pelo mundo? Será um tirano? Será tão cruel para se alegrar em ver-nos sofrer? Deus não é tirano, não é cruel; é, ao contrário, todo bondade e todo amor por nós. Basta dizer que Ele nos amou ao ponto de morrer por nossa salvação. Se contudo Ele se compraz em ver-nos sofrer, é para o nosso bem, para que sofrendo neste mundo, fiquemos livres das penas que deveríamos suportar na outra vida pelos débitos contraídos com a justiça divina. É para que nos desapeguemos dos prazeres sensíveis da terra. Quando a mãe pretende desmamar o filho, passa no peito uma substância amarga, a fim de que a criança lhe tome aversão. Deus quer ainda que, por nossa paciência e resignação nas penas, lhe demos alguma prova de nosso amor. Quer enfim, que os nossos sofrimentos nos mereçam maior glória no paraíso. São esses os fins pelos quais o Senhor se compraz em ver-nos sofrer: tudo é bondade e amor.

4. Concluamos este capítulo. Para bem exercermos a santa paciência em todas as tribulações que nos sobrevêm, devemos persuadir-nos de que, seja direta, seja indiretamente por meio dos homens, todas elas nos vêm da mão de Deus. Por isso, quando nos vemos atribulados, agradeçamos ao Senhor e aceitemos de coração alegre a prosperidade e a adversidade, porque tudo nos vem por uma disposição de sua Providência, e sempre para o nosso bem: Todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus (Rom 8,28). Além disso, quando temos alguma coisa a sofrer, é bom lançarmos um olhar para o inferno, que merecemos outrora. Toda a pena, por grande que seja, será sempre levíssima em comparação ao inferno. Mas o que acima de toda consideração nos ajuda a suportar pacientemente os sofrimentos, os opróbrios e toda sorte de contrariedades, é a prece. Pela prece obtemos o socorro de Deus e a sua graça nos dá a força que nos falta. Assim fizeram os Santos: recomendaram-se a Deus e com o auxílio divino superaram os tormentos e as perseguições.

Afetos e Súplicas

Senhor, estou bem persuadido que, sem sofrer e sofrer com paciência, não posso conquistar a coroa do paraíso. Mas, dir-vos-ei com David, de vós espero a paciência no padecimento (Sl 61,6). Proponho aceitar com paz todas as tribulações; mas, quando elas chegam, fico triste e sem coragem; e se as sofro, faço-o sem amor e sem mérito, porque não as sofro para vos agradar. Ah! meu Jesus, pelos méritos da vossa paciência aos sofrer tantas penas por meu amor, dai-me a graça de sofrer todas as cruzes por vosso amor. Amo-vos de todo o meu coração, meu caro Redentor, amo-vos, meu soberano Bem, amo-vos, meu amor digno dum amor infinito!

Arrependo-me sobre todas as coisas de vos haver ofendido. Prometo-vos aceitar com paciência todas as penas que me enviardes, mas espero de vós o socorro necessário para executar essa resolução, mormente para suportar com calma e resignação as dores da minha agonia e da minha morte.

Maria, minha Rainha, impetrai-me uma perfeita resignação a tudo que me resta a sofrer na vida e na morte.

Santo Afonso Maria de Ligório, Prática do Amor a Jesus Cristo, capítulo XIV, parte 3.
http://alexbenedictus-et-patensis.blogspot.com/2011/12/as-nossas-cruzes-sao-para-o-nosso-bem.html

Enviado pelo amigo Alex Borges

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