Padre Élcio Murucci: Vinde adoremos o Rei, o Senhor que está para chegar


27.11.2011 - Caríssimos e amados fiéis, em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Com a graça de Deus, estamos iniciando as nossas homilias dominicais. O Ano Litúrgico inicia-se com o Advento. É um tempo de oração e de penitência, instituído pela Igreja para preparar seus filhos para celebrarem dignamente e com fruto o mistério do Nascimento de Jesus Cristo. O que a Quaresma é para a Páscoa, o que foram os quatro mil anos do Antigo Testamento para a vinda do Messias são para a festa do Natal as quatro semanas do Advento.

Advento quer dizer vinda. Três vindas do Filho de Deus preocupam a Igreja neste santo tempo, e devem ser o assunto das nossas meditações. “Na primeira, diz São Bernardo, Jesus veio na nossa carne, e revestiu-se das nossas enfermidades; na segunda vem a nós por sua graça, em espírito e virtude; na terceira, virá com todo poder e majestade para nos julgar”. Vinda de amor a Belém, vinda de graça às nossas almas, vinda de justiça no fim dos séculos. Na verdade, caríssimos e amados fiéis, estas três vindas de Nosso Senhor, constituem uma síntese de todo o Cristianismo. São um convite a uma espera vigilante e confiada: “Olhai e levantai as vossas cabeças, porque está próxima a vossa redenção”. A primeira vinda foi humilde e oculta, a segunda é misteriosa e cheia de amor, a terceira será manifesta, terrível para os pecadores e gloriosa para os justos.

Hoje, o padre reza no Breviário: “Vinde adoremos o Rei, o Senhor que está para chegar!…

Esta primeira vinda foi esperada durante séculos e séculos, anunciada pelos profetas, desejada pelos justos que não puderam contemplar a sua aurora. Em cada novo Advento, a Igreja comemora e renova esta espera, manifestando as suas ânsias pelo Salvador que há de vir. O antigo anelo que unicamente se fundava na esperança, transformou-se em desejo confiante, que se apoia na consoladora realidade da redenção já efetuada. Cumprida esta historicamente há vinte séculos, deve atualizar-se e renovar-se todos os dias, na alma cristã, como uma realidade cada vez mais profunda e completa. A Santa Madre Igreja quer através do tempo do Advento, preparar-nos para a celebração do mistério do Verbo feito carne, mediante a esperança íntima e pessoal duma nova vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo a cada uma das nossas almas. Esta vinda de Jesus é a Sua vida em nós pela graça santificante, que deve ser cada vez mais abundande em nossa alma. Oh! pudéssemos dizer com São Paulo: “Vivo, mas não sou eu que vivo, é Jesus que vive em mim”… “A minha vida é Jesus”. Por isto na Epístola desta Santa Missa do primeiro domingo do Advento, São Paulo nos exorta: “É já hora de nos levantarmos do sono”. No Advento, devemos despertar para dar novos frutos de santidade: “Deixemos, diz São Paulo, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz… Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. É tempo de sairmos da tibieza; é tempo de nos despojarmos generosamente das nossas misérias e fraquezas, a fim de nos revestirmos de Jesus Cristo, ou seja, da Sua santidade. A primeira vinda de Jesus estimula-nos pelo seu amor: “Apareceu a benignidade e a bondade de Deus Nosso Senhor”. A lembrança da Sua vinda no fim do mundo, como é narrada no Santo Evangelho de hoje, é também para nos dar forças. O temor é o início da sabedoria, diz a Bíblia Sagrada.

Com a Vossa graça, ó Jesus, quero fazer todos os sacrifícios, quero renunciar a tudo aquilo que possa retardar em mim a vossa obra redentora. Excitai, Senhor, o Vosso poder e vinde!

Ó Senhor, concedei-me um amor ardente a Vós, não só para me livrar um dia do Vosso rosto severo de Juiz, mas também e sobretudo para corresponder de algum modo à Vossa caridade infinita!

Caríssimos e amados fiéis, sempre gosto de contar nas minhas homilias e sermões, algum exemplo.

São Filipe Benício, religioso da Ordem dos Servos de Maria Virgem, estava morrendo.

Além da doença, além da dor, havia dias em que o atormentava uma terrível visão. Parecia-lhe já se achar perante o tribunal de Deus, e em torno dele surgiam os demônios a exprobrar-lhe os pecados da sua vida passada, mesmo os mais remotos, mesmo os mais pequenos… Ante esta vista, ante essas palavras, o agonizante abria os olhos horrorizado, tremia, e não tinha mais esperança. “Dai-me o meu livro” gritava ele com voz apavorada.

Dos presentes, alguns correram a tomar um livro, outros outro: mas ele os recusava todos, sem achar repouso. Finalmente, um percebeu que os olhos do moribundo se haviam fixado num Crucifixo ali ao lado; tomou-o e colocou-lho entre as mãos gélidas e suadas.

Mal o teve, como um sedento ele o pôs sobre a boca para o beijar ansiosamente: beijou o lenho da cruz, beijou as chagas d’Aquele que a ela estava suspenso. Seus olhos iluminaram-se como ao surgir de uma aurora interior; a sua fronte expandiu-se numa doce serenidade, os seus lábios distenderam-se num dulcíssimo sorriso. E assim lá se foi ele ao encontro do juízo de Deus.

Amara a cruz, amara o Crucifixo com todas as suas forças. Que haveria de temer?

Ó Jesus, dai aos justos um acréscimo de vida interior; dai aos tíbios, a graça de se despertarem deste perigoso sono; dai aos pecadores, a graça de uma verdadeira conversão. Amém!

Por Padre Élcio Murucci

Fonte: http://fratresinunum.com/

 


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