20.11.2011 - Mais de 30.000 pessoas se reuniram na manhã deste domingo em um estádio de Cotonou para uma missa oficiada pelo Papa Bento XVI no último dia de uma visita ao Benin.
O pontífice foi aclamado no "Estádio da Amizade" ao segurar uma criança no colo.
Bento XVI pediu aos africanos que não idolatrem o poder e o dinheiro. Também solicitou que ajudem os marginalizados.
"Sem dúvida isto pode parecer desconcertante: ainda hoje, como há 2.000 anos, acostumados a ver a realeza no êxito, o poder ou o dinheiro, nos custa aceitar um rei que se transforme no servidor dos mais humildes", afirmou.
O Papa, que chegou na sexta-feira ao pequeno país, terra do vodu e de muitos católicos, encerra neste domingo sua segunda viagem à África em seis anos e meio de pontificado, depois de ter visitado Camarões e Angola em 2009.
Durante a visita ao Benin, Bento XVI assinou no sábado a "exortação apostólica", resultado do sínodo africano de 2009, um mapa do caminho para as próximas décadas da Igreja católica africana.
Fonte: UOL noticias
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
O amor de Cristo impulsiona-nos a responder ao grito dos pobres e dos débeis.
O Papa na homilia da Missa em Cotonou
Neste domingo, ultima dia da sua visita ao Benim Bento XVI presidiu à missa no ‘Estádio da Amizade’, de Cotonou, celebração na qual decorreu a entrega da Exortação apostólica pós-sinodal “Africae munus” aos bispos da África, pouco antes do final da cerimónia.
Dentro do estádio encontravam-se cerca de 30 mil pessoas; no espaço externo onde foram colocados ecrãs gigantes assistiram á celebração cerca de 80 mil pessoas
Presentes 180 bispos, entre os quais 40 presidentes de conferencias episcopais africanas e 1.500 padres
Na homilia, Bento XVI comentou naturalmente o evangelho deste domingo de Cristo Rei - o “juízo final” com Jesus que se identifica com todos os carecidos e sofredores acudidos com respeito e amor. Bento XVI observou que não se trata de “uma mera fórmula literária, nem uma simples imagem”. “Toda a vida de Jesus é uma ilustração disso mesmo. Ele, o Filho de Deus, tornou-Se homem, partilhou a nossa vida mesmo nos detalhes mais concretos, fazendo-Se servo do mais pequenino dos seus irmãos. Ele que não tinha onde repousar a cabeça, seria condenado a morrer numa cruz. Este é o Rei que celebramos!”
Isto pode parecer-nos desconcertante, habituados como estamos a ver os sinais da realeza no sucesso, na força, no dinheiro ou no poder…
“E todavia – como ensinam as Escrituras – é assim que se manifesta a glória de Cristo; é na humildade da sua vida terrena que Ele encontra o poder de julgar o mundo. Para Ele, reinar é servir! E aquilo que nos pede é segui-Lo por este caminho: servir, estar atento ao clamor do pobre, do fraco, do marginalizado.”
«Vinde, benditos de meu Pai, recebei como herança o Reino, que vos está preparado desde a criação do mundo». O Papa convidou a acolher “com um coração livre e repleto do amor do Senhor” esta “palavra de bênção que o Filho do Homem, no dia do Juízo, há-de dirigir aos homens e mulheres que tiverem reconhecido a sua presença nos mais humildes dos seus irmãos”. Esta passagem do Evangelho – observou Bento XVI – “é verdadeiramente uma palavra de esperança, porque o Rei do universo Se fez solidário connosco, servo dos mais pequeninos e dos mais humildes”. Daqui uma palavra de proximidade e amizade a todos os que sofrem:
“Daqui queria fazer chegar uma palavra amiga a todas as pessoas que sofrem, aos doentes, a quantos estão infectados pela sida ou por outras doenças, a todos os esquecidos da sociedade: Tende coragem! O Papa pensa em vós e recorda-vos na oração. Tende coragem! Jesus quis identificar-Se com os pequeninos, com os doentes; quis partilhar o vosso sofrimento e, em vós, reconhecer irmãos e irmãs para os libertar de todo o mal, de todo o sofrimento! Cada doente, cada pobre merece o nosso respeito e o nosso amor, porque, através dele, Deus indica-nos o caminho para o céu.”
Bento XVI convidou os fiéis do Benim a dar graças a Deus pelos 150 anos da evangelização do país, recordando também o cardeal Bernardin Gantin, “exemplo de fé e de sabedoria para o Benim e para todo o continente africano”. Daqui um encorajamento à evangelização daqueles que ainda não encontram o Senhor ressuscitado. “A Igreja existe para anunciar esta Boa Nova. E este dever permanece urgente” – sublinhou o Papa, exortando os beninenses a “sentir esta ânsia pela evangelização, no país, no meio dos povos do continente africano e do mundo inteiro”. Para tanto, há que “reforçar a fé em Jesus Cristo, com uma autêntica conversão à sua pessoa”. “Só Ele dá a vida verdadeira, e pode libertar-nos de todos os nossos medos e entorpecimentos, de todas as nossas angústias”.
“Neste dia de festa, compartilhamos a nossa alegria pelo domínio de Cristo Rei sobre toda a terra... Cristo reina a partir da Cruz e, com os seus braços abertos, abraça todos os povos da terra, atraindo-os para a unidade. Pela Cruz, abate os muros da divisão, reconcilia-nos uns com os outros e com o Pai. Hoje rezamos pelos povos da África, para que todos sejam capazes de viver na justiça, na paz e na alegria do Reino de Deus”.
Pronunciando estas palavras em inglês, Bento XVI saudou com afeto os fiéis anglófonos vindos nomeadamente do Gana, da Nigéria e de outros países limítrofes.
Foi em português que Bento XVI concluiu a sua homilia, saudando todos os pastores e fiéis da África lusófona:
“Queridos irmãos e irmãs da África lusófona que me ouvis, a todos dirijo a minha saudação e convido a renovar a vossa decisão de pertencer a Cristo e de servir o seu Reino de reconciliação, de justiça e de paz. O seu Reino pode ser posto em perigo no nosso coração. Aqui Deus cruza-se com a nossa liberdade. Nós – e só nós – podemos impedi-Lo de reinar sobre nós mesmos e, em consequência, tornar difícil a sua realeza sobre a família, a sociedade e a história. Por causa de Cristo, tantos homens e mulheres se opuseram, vitoriosamente, às tentações do mundo para viver fielmente a sua fé, às vezes mesmo até ao martírio. A seu exemplo, amados pastores e fiéis, sede sal e luz de Cristo na terra africana! Amen.”
Fonte: Rádio Vaticano