19.11.2011 - É comum em nosso tempo – infelizmente – ouvir as pessoas falarem de filhos como um pesado fardo a se carregar, como um problema financeiro ou mesmo como uma verdadeira “maldição”. Quando os católicos tecem críticas ao movimento feminista, não estão simplesmente querendo a supressão das conquistas que as mulheres obtiveram nos últimos anos, nem mesmo impedir que tenham voz ativa na sociedade – acreditem, ainda há tolos que acreditam nesta balela; ao serem duros com estes movimentos, o que os cristãos desejam é condenar esta verdadeira “cultura de morte” que se estende, com uma rapidez assustadora, aos quatro cantos do planeta. Lutamos, portanto, não contra os seres humanos, mas justamente a favor deles. Não conseguimos enxergar beleza nenhuma num “progresso” que enxerga como pragas as molecagens de uma criança, o chororô de um bebezinho indefeso ou os gastos que as famílias têm com os infantes.
É desta cultura pestilenta que estamos falando. Falar, nos dias de hoje, sobre aborto, contracepção e até mesmo eutanásia passa por toda essa atmosfera de perda de valores que vem gradativamente piorando nas últimas décadas. Fala-se muito das moléculas de gás carbônico na atmosfera, que agravam o “efeito estufa”; mas pouco se fala destas partículas de egoísmo e autossuficiência que pouco a pouco vão sufocando a vida no seio de nossas comunidades. Em nossas escolas fala-se muito de desenvolvimento sustentável e da necessidade de se respeitar a natureza e os recursos naturais; mas estas mesmas instituições são lentamente corrompidas, especialmente quando observamos muitos profissionais da educação mais preocupados em iniciar sexualmente nossas crianças – distribuindo camisinhas nos colégios – do que em falar da necessidade de respeito à dignidade da vida humana.
Todo este retrato trágico tem cheiro de enxofre… Mas não é alerta de chuva ácida, não! É cheiro de perdição mesmo…! A Europa já colhe os frutos amargos da política da contracepção. Vive um processo que aprendemos nos colégios como euroesclerose. Isto significa que a população naquele continente – e não só lá, como vem nos mostrar o censo recentemente realizado no Brasil – está ficando cada vez mais velha. Estão nascendo menos crianças, graças aos métodos anticoncepcionais; os avanços na medicina preventiva possibilitam, ao mesmo tempo, um aumento na expectativa média de vida da população. Resultado? Decresce a população economicamente ativa e aumentam os gastos com a previdência social. É claro que estamos traçando um panorama meramente econômico da situação, mostrando que a desobediência aos conselhos da Igreja, mãe e mestra, acarretam prejuízos não só à vida espiritual dos fiéis, mas também à ordem civil… Como lembra-nos o papa Leão XIII,
“[N]ão se deve considerar como civilização perfeita a que consiste em desprezar audaciosamente todo poder legítimo; e não se deve saudar com o nome de liberdade a que tem por cortejo vergonhoso e miserável a propagação desenfreada dos erros, o livre saciamento das cupidezes perversas, a impunidade dos crimes e dos malfeitores e a opressão dos melhores cidadãos de toda classe. Esses são princípios errôneos, perversos e falsos; não poderiam, pois, certamente ter força para aperfeiçoar a natureza humana e fazê-la prosperar, pois o pecado torna os homens miseráveis (Prov 14, 34); pelo contrário, absolutamente inevitável se torna que, após haverem corrompido as mentes e os corações, pelo seu próprio peso esses princípios lançam os povos em toda sorte de desgraças, que subvertem toda ordem legítima e conduzem assim, mais cedo ou mais tarde, a situação e a tranqüilidade pública à sua última perda.”
- Inscrutabili del consilio, n. 7
O censo 2010 é a prova cabal de que o povo brasileiro está se conformando bem às estratégias políticas e sociais feitas para destruir a família e a vida humana. Quer dizer: a situação deplorável na qual vive a Europa recentemente pode se tornar, em alguns anos, a situação de nossa nação, caso nossas famílias continuarem se rendendo aos anseios inescrupulosos dos promotores da anticoncepção e do aborto. Para que você entenda um pouco melhor do que concretamente estou falando, recomendo a leitura do artigo do blog O Possível e O Extraordinário falando sobre o “inverno demográfico” no qual nosso país entrou no decorrer da última década.
Rezemos, a fim de que Nossa Senhora da Conceição Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto. E que o povo desta Terra de Santa Cruz, em sua procura – não raras vezes sincera – pela Verdade, seja iluminado pelo poder do Espírito Santo, que conduz indubitavelmente ao seio do Corpo Místico de nosso Senhor.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Por Everth Queiroz Oliveira Fonte: http://beinbetter.wordpress.com