17.11.2011 - Em face à invasão de grupos evangélicos, o Arcebispo de Colombo, Albert Malcolm Ranjith Patabendige Don, propôs uma frente comum entre católicos e budistas.
Por Gianni Valente – Vatican Insider | Tradução: Fratres in Unum.com
Uma pequena “aliança” entre a maioria budista e a minoria católica foi sugerida pelo Cardeal Albert Malcolm Ranjith Patabendige Don, no sentido de dar uma resposta unificada às campanhas proselitistas maciças e bem financiadas lançadas no Sri Lanka por grupos evangélicos relacionados a centros de redes pentecostais. O Cardeal tomou esse caminho, a fim de coibir a disseminação de missões evangélicas que estão alarmando tanto a hierarquia católica quanto os líderes budistas com seus métodos de propaganda agressiva, semeando a discórdia entre as duas comunidades.
A proposta foi formalizada recentemente, na presença de políticos e jornalistas que foram convocados no palácio episcopal. Nesse quadro, Patabendige Don pediu explicitamente ao governo para estabelecer uma comissão inter-religiosa de cristãos e budistas para confrontarem juntos o proselitismo hiperativo e grupos desordeiros de ascendência norte-americana que estão se infiltrando na área metropolitana de Calombo, organizando orações públicas, sessões de cura e convenções exaustivas de propaganda religiosa. “Algumas igrejas evangélicas”, explicou o Cardeal, “estão oferecendo incentivos financeiros aos católicos e budistas para induzi-los à conversão.” De acordo com o prelado do Sri Lanka, ele esperava que o órgão inter-religioso fosse trabalhar como uma verdadeira ferramenta para monitorar o proselitismo de grupos evangélicos, com poderes relativos de interdição para coibir o desenvolvimento irregular de suas atividades e a rede de suas bases logísticas.
O cardeal disse também que estava convencido de que a comissão fosse atuar como uma câmara de reconciliação e resolução de tensões religiosas: para Sua Eminência, isso seria um antídoto para tentativas políticas de combater a onda de hostilidade e preconceito que tem crescido entre a população budista, afetando todos os cristãos, que são incapazes de distinguir diferenças e aproximações das diferentes igrejas e comunidades religiosas. O estabelecimento de uma organização inter-religiosa poderá também encorajar a proposição de um projeto de anti-conversão no Parlamento, que as minorias cristãs – incluindo católicos – vêem como um perigoso instrumento liberticida legal.
As reações dos budistas aos comentários do arcebispo de Colombo, relatadas pela agência Ucanews, chegaram rápido. O monge Kamburugamuwe Wajir Thero, chanceler da Universidade de Sabaragamuwa, disse que ele imediatamente concordava com a sugestão feita pelo Cardeal de monitorar as comunidades evangélicas: “o país precisa de algo assim”, disse o monge budista, citando os budistas convertidos pelos evangélicos e os ataques que, como reprises, têm atingido as igrejas cristãs.
De sua parte, o Pastor Rohan de S. Ekanayaka, Secretário Geral da Fraternidade Nacional Cristã do Sri Lanka (coordenação nacional da comunidade evangélica) rejeitou fortemente as acusações de vender conversões: “Quando ajudamos um mendigo, não lhe falamos sobre religião. Nossos pastores nunca oferecem dinheiro para expandir suas comunidades. Eles seguem os passos de Jesus Cristo. Eles vivem uma vida simples,” disse o líder evangélico.
A iniciativa de Patabendige Don surpreende e de muitas maneiras evita ser assemelhado e classificado como um dos pensamentos que se cristalizaram nos debates eclesiásticos nos últimos anos.
Primeiramente, alguns dos muitos admiradores da sensibilidade tradicional do Cardeal do Sri Lankan poderão se surpreender pela veemência com que ele mesmo, desta vez, conclama o estabelecimento de um órgão para diálogo inter-religioso. O atual Arcebispo de Colombo nunca perdeu a oportunidade de se apresentar como um defensor da identidade católica. Nos anos em que atuou na Cúria Romana como Secretário da Congregação para o Culto Divino, ele se destacava por esse apoio entusiasmado pela liberação da liturgia tridentina e sua crítica de abusos litúrgicos de sabor sincrético. Em uma conferência realizada na Holanda, em Hertogenbosch, em 6 de outubro de 2007, ele criticou severamente os bispos que sentiam desconforto ao optar pela “tolerância litúrgica” em relação ao antigo rito pré-conciliar introduzido pelo Papa, que ele acreditava que provavelmente seria usado mesmo como “ferramenta do diabo”.
No Sri Lanka, onde a Igreja é uma minoria, Patabendige tem demonstrado prudentemente apreço pela abertura solidária às tradições religiosas, que os tradicionalistas vêem como um dos pecados originais da reforma conciliar. Ele tem demonstrado o seu apreço de uma maneira não sincrética, enquanto ainda seguindo os ditames do Concílio.
Outro ponto sensível tocado pela iniciativa do Cardeal do Sri Lanka é o problemático “discernimento” do fenômeno evangélico-pentecostal pela Igreja Católica. No continente asiático, dominado pelas tradições religiosas e culturas antigas, a proclamação do Evangelho por católicos tem marcado de maneira progressiva a sua diferença das práticas e métodos agressivos que caracterizam as seitas e as igrejas protestantes evangélicas livres. Por outro lado, as abordagens não invasivas dos missionários sugeridas pelo Concílio com o desenvolvimento das chamadas categorias de inculturação, estiveram sujeitas a várias críticas nos últimos anos no mundo católico. Os métodos missionários têm sido acusados de timidez e irenismo excessivo no aumento das religiões locais. É essa expansão da impetuosidade neo-protestante que algumas vezes foi denominada como um modelo pelos críticos católicos das supostas precauções excessivas usadas pela Igreja nas áreas de missão.
O Papa Bento XVI também, em seu livro Luz do Mundo, reconheceu “o grande fenômeno dos evangélicos, que têm se espalhado com um ímpeto poderoso, alterando a paisagem religiosa dos países do Terceiro Mundo.” O caso do Sri Lanka confirma que a aproximação com o fenômeno pela Igreja de Roma deve necessariamente levar em consideração elementos de uma natureza diferente e única, evitando soluções prontas e driblando aporias insidiosas. No momento em que as organizações católicas como o Sínodo Central de Bispos estão preparando o enfoque de sua atenção na nova evangelização, é urgente ter um reconhecimento preliminar da natureza inerente do Evangelho e da missão cristã. De outra forma, o risco de abstrações e jogo de palavras sendo desbancado por uma linguagem simples e direta do ministro Rohan S. de Ekanayaka, que, em sua resposta, também quis lembrar ao Cardeal católico do Sri Lanka que “a missão de cada cristão é disseminar a Boa Nova”.
Fonte: http://fratresinunum.com - www.rainhamaria.com.br
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
“E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos” (Mt 24,11).
“Porque estes tais não servem a Cristo, Nosso Senhor, mas ao próprio ventre, e com palavras melífluas e lisonjeiras seduzem os corações dos inocentes”. (Rm 16,18).
“Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas com o intuito de arrebatarem após si os discípulos. Vigiai!” (At. 20, 29-ss).
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