11.11.2011 - As autoridades de Kiribati, arquipélago do Oceano Pacífico formado por 33 atóis e uma ilha de coral, estão conscientizado sua população para que aceitem que, nas próximas décadas, terão que fugir do país devido ao aumento do nível do mar.
"A estimativa é que, em um período de 50 anos, as ilhas podem desaparecer, mas já começamos a sentir o fenômeno", afirmou nesta quinta-feira em entrevista à Agência Efe o vice-ministro de Relações Exteriores e Migração kiribatiano, Terieta Mwemwenikeaki, que participa em Montevidéu de um fórum sobre a reforma da ONU.
A principal consequência do aumento do nível do mar é a perda de território físico em seus atóis (pequenas ilhas de coral em forma de anel com uma lagoa de água doce no meio), mas ainda é mais preocupante a salinização e os recursos aquíferos do arquipélago.
Segundo Mwemwenikeaki, "em algumas partes a fonte de água para beber e cozinhar está ficando salgada", um fenômeno "muito duro" porque os cidadãos carecem de tanques de água.
No final do ano passado, a União Europeia (UE) anunciou que fornecerá 3,4 milhões de euros para aumentar o acesso à água potável e sistemas sanitários nos atóis.
A ajuda, no entanto, pode apenas tapar o sol com a peneira, se levamos em conta as perspectivas negativas das autoridades locais e das Nações Unidas.
As últimas estimativas do organismo multilateral apontam que o nível do mar no planeta subirá entre 18 e 59 centímetros antes de 2099, cinco vezes mais que nos últimos 100 anos.
No mês passado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu que o aquecimento global está "lambendo nossos pés", durante um fórum com representantes dos Estados da Oceania, e inclusive visitou pessoalmente Kiribati e as Ilhas Salomão, também ameaçadas pela mudança climática.
Em Kiribati se fala em aumentar de forma artificial o território ou construir um muro de contenção para enfrentar o aumento do nível do mar, duas opções que Mwemwenikeaki quase descarta por seu elevado custo econômico.
Apesar da situação complicada, a maioria dos cerca de 100 mil habitantes do arquipélago seguem dispostos a ficar em sua terra, onde sobrevivem da pesca, do turismo e da exportação de copra (polpa seca do coco) para fins cosméticos.
Por isso, as autoridades iniciaram uma campanha de conscientização entre os cidadãos, que sofre bastante resistência, principalmente pela influência da religião.
Mwemwenikeaki denuncia que "a maioria das igrejas cristãs, por sua interpretação da Bíblia, diz que Deus prometeu que não haverá mais dilúvios desde o dilúvio universal, fazem as pessoas acreditar que isso não vai acontecer".
O Governo convocou em janeiro deste ano os líderes de todas as ilhas para convencê-los da importância de mudar a mentalidade das pessoas, com pleno conhecimento que é uma questão "muito sensível" porque ameaça a própria "identidade" de um país.
Não em vão, as vítimas deste fenômeno já começaram a ser conhecidas internacionalmente como "refugiados climáticos" porque sua única saída parece ser a diáspora.
Kiribati já antecipou convênios com Austrália e Nova Zelândia para enviar seus cidadãos aos países vizinhos, algo que muitos dos moradores do arquipélago não aceitam.
O próprio Mwemwenikeaki admite que essa mudança será um golpe muito duro para ele e sua família. "Não posso imaginar minha vida fora da minha ilha, seria um pesadelo viver em um ambiente totalmente diferente, principalmente se for tratado como um cidadão de segunda categoria", confessou.
O ministro se preocupa ainda mais com a situação de seus filhos, de nove, oito e cinco anos, que espera enviar para estudar na Austrália para que, "embora possam sofrer com o racismo no início, sejam aceitos com o tempo".
Por último, com o rosto sereno que manteve durante toda a entrevista, Mwemwenikeaki aproveitou a ocasião para enviar uma mensagem às grandes potências mundiais.
"Se a situação fosse manejável e reversível, se pudesse ser evitada agora, igualmente diríamos aos países responsáveis por isto que sejam conscientes que existem outras pessoas que vivem e compartilham o planeta", lamentou.
Conhecido antes como Ilha Gilbert, Kiribati conquistou sua independência do Reino Unido em 1979, ingressou nas Nações Unidas em 1999 e é conhecido por ser o primeiro lugar do planeta a receber o ano novo.
Fonte: Terra noticias
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas". (Lc 21,25)
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